CAIO SHERMAN
Quando atendi o telefone ás duas da madrugada, eu sabia que não era algo agradável.
E estava certo, pois quando ouvi a voz da minha mãe falhar um tremor tomou de conta do meu corpo e em seguida veio a notícia. Augusto havia passado mal e estava na UTI.
Havia ficado completamente desnorteado, meu corpo parecia dentro de uma bolha e eu não conseguia enxergar e muito menos ouvir o que Clarissa dizia, só depois de um longo tempo que fui voltando.
Eu precisava saber como ele estava, precisava vê-lo, alguma coisa me obrigava a ir o mais rápido possível para aquele hospital.
Após Clarissa entrar para visita-lo, eu pensei por mais um tempo e decidi que seria o próximo.
– Quero vê-lo também - eu disse á enfermeira.
– Tudo bem senhor, vou pedir para que sua esposa saia e o senhor poderá entrar.
– Ok - eu assenti.
– Me acompanhe para colocar a roupa apropriada - ela fez um sinal para que eu á seguisse.
Concordei balançando a cabeça e á segui. Minha mãe deu um sorriso amarelo e ficou na sala de espera com Henrico, que como sempre estava sendo um grande amigo.
Depois de vestir o que a enfermeira me entregou dentro de um saco plástico, á segui até o elevador, subimos até o andar da UTI.
Passamos por alguns quartos, uma pessoa em um estado pior que a outra. E em fim chegamos ao do Augusto, esperei até que Clarissa saísse.
Percebi que ela havia ficado surpresa ao me ver e que seus olhos estavam vermelhos, apertei sua mão, ela fez o mesmo com a minha e entrei. Pronto ou não.
– Só uns minutinhos, senhor Sherman - á enfermeira disse antes de fechar a porta.
Aquilo era estranho. Um arrepio subiu pela minha espinha, me fazendo tremer todo.
Olhei para a cama onde Augusto estava intacto, seus olhos estava abertos encarando o teto.
Me aproximei devagar, até que ele me notasse e pelo o que vi ele estava sorrindo ou tentando.
– Oi - eu disse baixinho.
– Meu filho - ele disse com um pouco de dificuldade.
– Não precisa se esforçar muito, você não está muito bem.
– Estou... - ele pausou tirando a máscara de oxigênio - o suficiente...para te dizer algumas coisas.
– Oque? - havia ficado confuso.
– Estou orgulhoso de você Caio. Você...se tornou um homem...bem melhor do que...eu sempre quis. Fico muito triste - ele tossiu - por não ter feito parte da sua vida...da forma que você precisava.
– Augusto, não precisa dizer nada.
– Preciso sim, filho. Preciso dizer que você nunca foi odiado por mim...na verdade eu sempre te amei, Caio. Sempre te amei, meu filho. Só...não soube demonstrar. A ganância me subiu á cabeça, Caio...não deixe que isso aconteça com você...dê valor a sua filha, mime e ame muito Ana Júlia.
– Por que está me dizendo isso tudo? - perguntei temendo por sua resposta.
– Caio... - ele tossiu e deu um sorriso - você é inteligente o suficiente pra saber o porquê de tudo isso, meu filho. Já está na minha hora.
– Na sua hora? - arregalei os olhos - Pode parar com isso, Augusto! Vai ficar tudo bem, você vai sair da UTI e vai voltar para sua rotina.
– E é essa rotina que está me matando. Eu não aguento ficar em casa...sem fazer nada...e dependendo dos outros. Sempre odiei isso. Mas só vou conseguir ir em paz, se você me perdoar por tudo. Por favor, me perdoe meu filho.
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A Filha da Empregada 3 - FINALIZADA
Romance"TERCEIRO LIVRO DA SÉRIE AFDE" Cinco anos haviam se passado e novidades eram o que não faltavam. Clarissa e Caio estavam casados á exatos seis anos e acabavam de receber a notícia que mais alguém viria para completar a família. Mas a dúvida era: se...