Capítulo 39

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CLARISSA SHERMAN

Após nos encararmos por um bom tempo, Caio se aproximou mais me dando um abraço com Ana Júlia no meio. Eu queria mais do que tudo um abraço forte, mas aquele acabou apertando o local da facada, o que me fez soltar um gemido de dor e ele se afastar rapidamente.

– Ai meu Deus, o que foi? Te machuquei? - ele perguntava desesperado.

– Não, calma - sorri para que de alguma forma ele se acalmasse - só deu uma apertadinha no local, mas estou bem, não se preocupe.

– E novamente eu repito, meio difícil não se preocupar com você - ele voltou a me encarar com seus lindos olhos azuis.

– Ok - assenti devagar, soltando um suspiro - como você está? Como ela está? Como todos estão?

– Agora bem. Mas foi terrível, você nos deu um baita susto, mocinha.

– Tá parecendo meu pai falando - fiz uma careta, o que resultou em nós dois rindo.

– Você não muda.

– Não - neguei com a cabeça - quero ver minha filha melhor, se aproxime Sherman.

– Claro, palhaça - ele revirou os olhos.

Ele voltou a se aproximar com o cuidado re-dobrado dessa vez, Ana Júlia dormia tranquilamente nos braços fortes do pai. Ela sorria em meio ao sono, provavelmente estava sonhando com anjos.

Desde criança quando Isaac nasceu e eu o via assim, minha mãe costumava dizer que ele estava sonhando com os anjos, e até hoje pra mim isso é real.

– Ela parece bem - falei, tirando um pouco o cobertor de seu rostinho.

– Gabi é uma ótima madrinha - Caio disse sem me encarar.

– Foi ela quem cuidou? - perguntei.

– Sim - ele coçou a nuca - eu não sai do hospital até vir boas noticias sobre você, então Gabi fez esse favor enorme.

Apenas sorri.

Minhas amigas eram as melhores possíveis, todas, sem tirar nem por. Mas eu sabia que o carinho que Gabriela tinha por Ana Júlia, era muito parecido com um carinho materno, já que infelizmente até o momento ela não conseguiu engravidar.

– Caio, você precisar sair. É proibido entrada de crianças, principalmente um bebê tão novo.

Ângelo, o médico, voltou ao quarto sorridente.

– Hãn...tudo bem, vou sair - ele disse forçado.

– Não se preocupe. Até á tarde Clarissa já estará no quarto.

– Certeza?

– Absoluta. Essa menina é forte - ele voltou a sorrir, mostrando seus dentes brancos e certinhos.

– Ok, vou sair - ele virou-se na minha direção - eu volto, daqui á pouco.

– Não se preocupe comigo, já estou bem. Cuide dela, enquanto eu não posso.

Ele assentiu, beijou minha testa e saiu.

Enquanto eu encarava a porta já fechada, me sentindo um lixo, completamente inútil.

Minha filha só tinha um mês de vida e eu não podia segura-lá nos braços, não podia dar banho, trocar a fralda, nem ao menos faze-lá dormir.

As vezes chego a pensar que na minha vida passada fiz inúmeras coisas erradas e nessa vida estou pagando por tudo, mas aos poucos, sendo praticamente torturada.

A Filha da Empregada 3 - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora