A Seleção - O Chamado Para a Realeza

Capítulo 3

Sophie levantou bem cedo naquela manhã. Nada disposta a tomar café com um monte de gente, ela pediu à Jane que trouxesse sua refeição para o quarto. Ainda bastante sonolenta, ela se enfiou dentro do uniforme de selecionada e se surpreendeu ao se sentir bastante confortável dentro dele.

Jane levou o desjejum de Sophie para uma mesinha redonda perto da varanda, e a menina se obrigou a deixar o espelho de lado e caminhar relutante até ela. Quando Sophie estava prestes a morder um pãozinho de queijo, Ambre irrompeu pelo quarto com um amontoado de tecidos de diversas as cores que teimavam em querer escapar de seus braços pequenos.

Jane se apressou em ajudar a amiga, tomando metade de seu peso para si. Elas colocaram as roupas sobre o baú de Sophie, espalhando as peças transversalmente sobre a tampa de madeira.

— Mais vestidos? — Perguntou Sophie, com um longo suspiro.

— Sim, senhorita. Lhe fizemos alguns vestidos para o dia a dia. — Disse Ambre, erguendo uma das peças para Sophie. Era um vestido de mangas vermelho-vinho, com um comprimento rasoavelmente aceitável, Sophie decidiu. — Veja, estes não chegam até os joelhos!

É, Sophie ainda teria de usar vestidos, algo do qual ela nunca gostou. Entretando, aqueles vestidos que suas criadas haviam feito preocupando-se com seu conforto não eram tão desconfortáveis e quentes quanto o primeiro que usou quando chegara ali. Estes ela podia usar, mesmo preferindo seus shorts e regata.

— Obrigado, meninas. Vocês são muito atenciosas. — Sophie sorriu, voltando a atenção para seu café.

Quando terminou de comer, Jane entregou um papel para ela, um tipo de roteiro de suas atividades cotidianas. A menina agradeceu, e se apressou para fora do quarto. Ela praticamente voou para o salão das mulheres, onde deveria estar no primeiro horário do dia, segundo o cronograma descrito no roteiro.

Algumas meninas desfilavam de um lado para o outro, impacientes. Enquanto outras conversavam animadamente, distribuídas pelos vários sofás e poltronas que estavam espalhados por ali. Sophie se sentou em uma cadeira vitoriana, perto de um suporte de mármore para flores, e ficou observando o alvoroço das demais selecionadas.

Em um rompante inesperado, Raul adentrou o salão, saudando as meninas com um educado "bom dia", ao que foi respondido por um coletivo "bom dia, senhor Tudor." As selecionadas se dispuseram em linha reta, enquanto Raul se colocava de frente para elas, os braços cruzados na frente do peito. Sophie sentiu-se estremecer, ela ainda não estava preparada para carregar livros na cabeça e receber um bocado de informação de etiqueta. No entanto, ela não tinha nenhuma escolha quanto àquilo.

— Louis, distribua as agendas entre as meninas, sim? — Falou o instrutor, para um menino franzino de olhos claros que estava ao lado dele tentando equilibrar uma pilha de pequenos cadernos nos braços esguios.

Louis assentiu e saiu passando a pilha de agendas pretas entre as meninas, até ficar sem nenhuma. O menino que tinha mais ou menos quinze anos, voltou para o lado de Raul e colocou os braços atrás das costas.

— Então, meninas... Vocês anotarão tudo o que for dito nas aulas para que não se esqueçam. — Raul pediu para Louis entregar canetas azuis para elas também. — Podemos começar?

As meninas assentiram, de forma um tanto insegura, e inspiravam profundamente antes de manterem suas colunas eretas.

— Hoje, nós veremos alguns dos pontos mais básicos da etiqueta. — Raul começou a andar pelo salão, circulando as selecionadas de maneira intimidadora. — Primeira regra: falar alto e gesticular demais são gafes imperdoáveis. Por tanto, mantenham sempre um tom de voz rasoavelmente baixo, alto o suficiente para serem ouvidas. E não balancem as mãos à cada palavra que forem proferir. É rude e deselegante, um ato também não tolerado.