Sophie se encaixava perfeitamente nos braços de Miguel. Depois de imaginar tantas vezes como seria tomar sua boca, os lábios dela pareciam tão macios quanto ele esperava que fossem, e se moldavam como mágica aos seus. Ele aprofundou o beijo, passeando as mãos por todo o corpo dela, tocando cada pedaço de pele nua que seus dedos descobriam, sugando a língua dela para mais fundo perto da garganta. Era o beijo perfeito, a química perfeita. Ele desejou que aquele momento durasse para sempre.
Mas Sophie se afastou cedo demais. Havia incompreensão em seus olhos, culpa. Ela se esquivou de Miguel, que não foi capaz de dizer uma palavra, e voltou para a areia. Miguel ficou hibernando, estático no mesmo lugar. A compreensão do que havia acabado de acontecer ainda não havia descido sobre ele, mas estava lá, cutucando sua consciência, aranhando a mancha de prazer que ainda formigava sobre os seus lábios.
Os dois voltaram para o palácio em um silêncio taciturno, tão desconfortáveis que mal conseguiam olhar na cara do outro. Tomaram caminhos diferentes nos corredores, Sophie foi para o quarto dela, Miguel para o dele. Tirou as roupas molhadas e entrou embaixo do chuveiro. O que ele tinha feito? Luke nunca o perdoaria por ter beijado sua noiva, e muito pior: por ter gostado.
Ficou remoendo o que diria, como explicaria ao irmão o que tinha acontecido durante todo o resto da manhã. O rosto de Sophie ficava revisitando suas memórias, a suavidade da boca dela e o quão feminino era o seu perfume. Ele tentava expulsá-la da mente, mas sentia sua presença tão palpável como se ela ainda estivesse embalada em seus braços.
Não podia negar para si mesmo que estava atraído por ela. Lucy piraria quando descobrisse. Ele teria coragem de contar que além de ter beijado a amiga dela, ainda a desejava como mulher? Como uma amizade tão inocente e despretensiosa havia se transformado naquilo? Será que Sophie também se sentia dessa maneira sobre ele? Ele desejou que sim, e se amaldiçoou baixinho por isso. Nunca poderia tê-la sem magoar duas pessoas que amava, porque ele amava Lucy, talvez não de um jeito desesperado, mas a amava. E tinha Luke, seu irmão, seu parceiro. Havia prometido ficar longe de sua escolhida, jurou a si mesmo que não furaria o olho dele. E foi exatamente o que ele fez.
Quando todos se reuniram para o almoço, Miguel enviou alguns olhares em direção a Sophie. A culpa estava impregnada em cada milímetro do pequeno rosto dela, mal tocou na comida e pediu licença para se retirar com a desculpa de um mal-estar. Miguel ficou tentado em segui-la, eles teriam de conversar sobre isso em algum momento. Mas antes que fosse capaz de dizer alguma palavra, seu pai chamou a atenção dele:
- Miguel, Lucy, quando pretendem dar uma festa de noivado? - Questionou Caleb.
Miguel se ajeitou na cadeira, engolindo em seco o nó que havia se formado em sua garganta.
- Não conversamos sobre isso ainda. - Respondeu ele, forçando um sorriso sem graça.
- Eu pensei. - Disse Lucy, toda animada. A culpa atacou Miguel no esterno. - Talvez pudéssemos fazer a festa depois do aniversário de Clarissa.
- Princesa, para você. - Repreendeu Clary. - Ainda não se casou com meu irmão.
Todos estavam em volta da mesa, seus pais, seus tios, as remanescentes, Robbie... Todos concentrados em coisas diferentes. Lucy baixou o olhar, o sorriso em seus lábios desaparecendo.
- Não seja chata, Clary. - Intrometeu-se Robbie. - Estamos jantando. Essa deveria ser uma ocasião informal, onde todos somos iguais, independente do título acompanhando nossos nomes.
- Caladinha, Robbie. Quando conversa chegar no galinheiro, eu te aviso. - Clary piscou.
- Parem, meninas! - Disse Bella, com uma severa carranca de repreensão. Ela raramente ficava brava, mas bastava um olhar e todos se encolhiam. - Lucy, querida. Se quiser minha ajuda para organizar os preparativos, estou disponível. A festa de Clary já está quase toda pronta. Acho preferível que espere dois ou três dias, as pessoas ficam alvoroçadas com festas frequentes no castelo.
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A Seleção - O Chamado Para a Realeza
FanfictionPara trinta e cinco garotas a "seleção" é uma grande chance de vida. Para Clarissa Collins, uma piada cruel. A linda princesa de Nápoles é jovem, inteligente, sagaz, e sempre tem tudo o que deseja, exceto a total atenção de sua família. Toda sua con...