Clary acordou sobre a mesma cama de pedra, na câmera fétida e austera da prisão subterrânea. Se perguntou como havia ido parar lá outra vez, e em que momento apagou da consciência. A última coisa da qual se lembrava era de estar correndo com sua mãe em direção à saída do salão de baile. O resto era tudo uma névoa densa e escura.
- Hmm... - Gemidos chegaram aos ouvidos de Clary, e ela se levantou abruptamente e olhou ao redor. - Clary.
Maya estava deitada sobre o chão sujo da cela, as mãos cobertas de sangue apertavam firmemente uma grande ferida em volta do abdômen. O cheiro de ferrugem era tão forte quanto o resto do fedor de ratos mortos impregnado em todo o ambiente. Haviam olheiras profundas e roxas ao redor de seus olhos, seus lábios pareciam secos, e suor escorregava de sua testa. Ela estava horrível. Realmente muito mal. Clary levou a mão à boca em seu horror, seus olhos se arregalaram.
- Você veio, bonequinha. - A voz inconfundível de Cassius tirou Clary de seu transe entorpecente de choque. - Finalmente posso te entregar seu presente.
Clary desviou seu olhar de Maya, e focou seus olhos no homem intimidante parado diante de si.
- Eu não "vim" exatamente. - Disse ela, um tanto amarga. - Você mandou alguém me pegar, não foi? Usou a Maya de cobaia.
- Pegá-la, sim, obrigá-la a vir, não. Alguém foi rude com você? Pode dizer, eu cuido disso.
Eu cuido disso. Cassius soava como um chefe de tráfico internacional. Seu tio inofensivo realmente havia ficado para trás. O que o impulsionou a isso? Ah, sim. A coroação de Caleb. Clary estava cada vez mais convicta de que seu pai não havia feito nada daquilo que o tio alegava. Tudo isso tratava-se de ciúme e inveja por não ter sido o escolhido para governar o país. Mas em que parte dessa versão se encaixava sua prisão naquela mesma cela durante tanto tempo?
- Eu não sei. - Respondeu Clary, passando a mão no vestido tragicamente amassado. Ela estava uma bagunça. - A droga com que me doparam dessa vez aparentemente apagou minha mente de qualquer mísera lembrança. Só me lembro de estar fugindo de uma cena de filme de terror com a minha mãe. Onde está ela, falando nisso?
- Sempre tão exagerada. Adoro isso em você. - Cassius riu, estava encostado sobre as grades da cela. - Sua mãe está segura em um dos luxuosos quartos do pânico, construídos especialmente para a proteção da família real. Pessoas comuns não teriam tais privilégios.
- Vem cá, qual é o seu problema? Atacou o palácio justo no dia da minha festa de aniversário. Não poderia ter deixado para nunca? Achei que me amasse, tio Cass.
- E eu amo. Incondicionalmente.
- Que maneira estranha de demonstrar.
- Desculpe se a decepcionei. Sou um líder, querida. Não posso favorecer seus interesses às custas daqueles que me seguem.
Aqueles que me seguem. Que tipo de pessoas eram aquelas? Ladrões, mendigos, homens com propósitos deturpados e mentes perversas? O que Cassius havia oferecido a eles? Pessoas que causam tal destruição e matam seus semelhantes a sangue frio não poderiam, teoricamente, entrar na fila à favor da democracia como idealistas progressistas. Eles eram monstros e tinham de pagar.
- Fala dos trogloditas que invadiram minha festa atirando nas pessoas feito um bando de selvagens? Haviam crianças e idosos naquele salão de baile.
- Haviam importantes personalidades representantes da monarquia.
Clary quase cuspiu de desgosto. Que mentalidade corrompida seu tio havia adquirido?
- O que aconteceu? - Ela apontou para Maya, realmente preocupada com o estado da garota. Seus lábios agora estavam azuis, seu corpo encolhido em posição fetal. A dor que estava sentindo parecia sugar suas forças gradativamente. Mais um pouco e ela perderia os sentidos.
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A Seleção - O Chamado Para a Realeza
FanfictionPara trinta e cinco garotas a "seleção" é uma grande chance de vida. Para Clarissa Collins, uma piada cruel. A linda princesa de Nápoles é jovem, inteligente, sagaz, e sempre tem tudo o que deseja, exceto a total atenção de sua família. Toda sua con...