Capítulo 18

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Sophie estava a caminho do salão das mulheres quando uma parede de musculos colidiu com seu corpo pequeno. Ela recuou alguns passos para trás, cambaleando e revezando com o peso do corpo entre um pé e outro.

- Desculpe, você está bem? - Uma voz masculina perguntou, familiar e ao tempo desconhecida.

Quando Sophie finalmente tomou consciência do espaço chamado terra, ela tentou sorrir dramaticamente e se inclinou de forma desajeitada para o príncipe Miguel.

- Eu que devo pedir desculpas, alteza. Estava um pouco distraída e... - Sophie corou. Estava surpresa e envergonhada. Sua voz meio que falhou, era a primeira vez que a usava com Miguel.

- Não se preocupe, Sophie. Isso acontece comigo o tempo todo. Às vezes me distraio e acabo esquecendo de colocar as calças, o que resultou outro dia na minha linda bundinha pelada no grande salão. Foi humilhante, acredite. - Miguel parecia superbem humorado.

O azul de seus olhos era incrível, salpicados de um verde sútil no centro das pupilas que os faziam parecer exóticos e estupidamente bonitos, embora houvessem olheiras profundas embaixo deles. Seu cabelo ainda estava molhado, devido ao curto comprimento, despontado para todas as direções. Ele parecia jovem e ressacado, e Sophie se perguntou como ele sabia seu nome antes de se lembrar do broche dourado de identificação abotoado ao pano do "uniforme" bem em cima de seu peito.

- Apesar de não acreditar em você, creio que se isso fosse de fato verdade nem de longe poderia se comparar a minha falta de jeito e coordenação motora. Eu não sou só distraída, sou o desastre vestido de saia, a rainha da Semjeitolândia. Ninguém jamais será pário para mim.

Miguel gargalhou, passando os dedos finos entre os cabelos molhados. Sua risada era tão musical quanto a de Luke ou qualquer outro membro da família real. Será que eles recebiam aulas para isso também?

- Então tenho uma rainha diante de mim? Como eu não sabia disso? Que tipo de súdito eu sou? Me sinto péssimo, um desgraçado. - Miguel fez uma mesura profunda, inclinando todo seu tronco pata frente e tomando a mão de Sophie para beijar. - Você não respondeu minha pergunta, majestade. Como se sente?

Sophie soltou uma risadinha mediana, tentando puxar sua mão de volta para o lado do corpo. Agora ela conseguia entender a fascinação de Lucy por esse cara. Ele sabia como fazer uma garota sorrir.

- Estou bem, obrigada. Não é como se você fosse o Incrível Hulk.

- Está me chamando de magrelo? - Miguel franziu suas adoráveis sobrancelhas, pulando de volta para sua postura ereta anterior com o humor ainda presente em cada partícula de sua voz.

- Eu não disse isso.

- Mas pensou em dizer.

Sophie desceu seu olhar pelo corpo de Miguel, parando por um momento para estudar sua estatura. Ele tinha bíceps volumosos e aparentemente duros e definidos. A maior parte da pele estava coberta pelo pano do paletó, mas a linha de seus músculos rijos ondulava-se e sobresaia-se através do tecido preto e reto. Suas panturrilhas também pareciam volumosas, embora estivessem escondidas pela calça social. Sophie não pôde ver embaixo da camisa dele, mas olhou para sua barriga e no ângulo em que ela estava a ideia de existir qualquer resquício de gorgura grudada àquele magnífico abdômen parecia inimaginável.

- Você não é magrelo, tá legal? É até bem fortinho, mas também não tão forte a ponto de me quebrar uma costela com um simples encontrão.

- Até o Dunga conseguiria derrubar você, majestade. E ele nem precisaria de muito esforço. Não me admira que quase tenha caído ainda agora. - Mais risos, dessa vez um pouco mais altos. - Estou preocupado com você andando sozinha por aí. Pode ser sequestrada por Smurfs. Não, muito pior: por formigas.

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