Capítulo 7

750 36 5
                                    

Primeiro Clarissa sentiu vontade de gritar, depois de bater no garçom com a bandeja de prata, ai quis socar a cara de Miguel por tê-lo empurrado em cima dela, então desejou estripar a selecionada que, para início de conversa, havia começado com a série de acontecimentos que deixaram-na pingando champanhe pelos poros. Porém, ela não o fez. A princesa respirou fundo, contou mentalmente até três, e caminhou para fora do estúdio a passos largos.

- Clarissa... - Chamou o rei, mas Clary não se virou.

Ela seguiu seu caminho pelos corredores, tomada pela raiva, bufando de irritação a cada dois segundos.

O guarda com quem ela costumava se atracar de vez em quando se pôs diante dela, obstruindo sua passagem para qualquer lugar longe dali. Clarissa tentou desviar dele, mas lhe pareceu impossível.

- Agora não, Will. Preciso de um banho. - A voz da menina saiu mais rude do que ela esperava.

Will sorriu para ela.

- Posso levá-la até o quarto, alteza? - Perguntou ele, com uma polida reverência.

- Eu posso andar. Agora dá licença, por favor. - A princesa tentou passar mais uma vez, mas os braços fortes do guarda a impossibilitaram, prendendo-a em um muro de músculos rijos.

- Creio que vossa alteza entendeu o que eu quis dizer.

Clarissa entendia o porquê de um tratamento tão formal da parte de Will naquele momento. Eles estavam em um corredor, onde pessoas poderiam passar e ver e ouvir o que eles diziam. No quarto dela não haviam câmeras, foi uma das exigências cujo o rei teve de satisfazer. Ali era um lugar seguro, onde ela podia fazer o que desse na telha com seus ficantes sem nenhum monitoramento. E era exatamente por isso que naquele aposento, para Will ela não era a princesa de Nápoles, era só mais uma garota comum.

- Saia da minha frente agora, seu soldado idiota! - Esbravejou Clarissa, debatendo-se nos braços dele.

- Nós temos algo pendente, não acha? - Sussurrou Will no ouvido dela.

Seu álito doce fazia cócegas irritantes em sua bochecha.

- Você ouviu a princesa, Will. Solte-a!

Clarissa girou a cabeça, dando com Maya sorrindo para ela. Will pareceu hesitante, mas a soltou. A menina saltou para longe dele, enviando-lhe o mais ameaçador dos olhares.

- Espero que esse tipo de comportamento não se repita. Não queremos espetinho de soldado para o almoço. - Disse Maya, com um sorriso venenoso esticando os cantos de seus lábios para cima. - Venha, Clary, vou te ajudar a se limpar.

Os dedos finos de Maya se fecharam ao redor da cintura de Clarissa, empurrando-a para frente. Elas caminharam até o quarto da princesa, onde esta se sentou em um pufe dourado, enquanto a outra menina escolhia uma roupa para ela.

- Você tem tanta roupa. Dá pra vestir o reino todo com esse closet. - Comentou Maya, distraídamente.
Clary riu.

- Não seja exagerada. Às vezes, quando a Whitney vem arrumar minhas coisas, ela separa as roupas que eu não uso mais e envia para a caridade.

Maya entregou uma saia azul com pequenas contas de pérola na barra, e uma blusa branca trançada nas costas para Clarissa.

- Por que não organiza um bazar chique? Você poderia arrecadar fundos para alguma coisa importante. Existem tantas instituições precisando de ajuda por ai. Crianças órfãs, animais abandonados, jovens dependentes químicos... a lista é infinita.

Clarissa olhou com curiosidade para Maya, refletindo sobre o assunto.

- Está sugerindo que eu venda as roupas que não uso mais e use o dinheiro de forma beneficiente? - Clary soltou uma risadinha. - Maya, você tem ideia de quanto custa cada uma dessas peças? Além de terem um valor comercial extraordinário, elas têm também um valor histórico. Ninguém teria dinheiro suficiente para comprá-las.

A Seleção - O Chamado Para a RealezaOnde histórias criam vida. Descubra agora