Capítulo 29

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Sophie acordou bem cedo, determinada a malhar e correr um pouco pelos jardins, que mais pareciam um grande parque em exposição. Escolheu uma roupa de ginástica confortável entre as peças que Ambre e Jane haviam costurado a pedido dela: calças de moletom cinza e regata preta feita com fibra de bambu. Calçou tênis brancos, depois de uma árdua indecisão entre os vários pares que havia ganhado, e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo apertado, de modo que nenhum fio ficasse solto.

Ela cumprimentou um par de jardineiros em seu caminho, tão logo começou a se alongar. Jogou o corpo para frente, os dedos das mãos para os dedos dos pés, esticou um braço de cada vez, forçando sua mão esquerda a passar por baixo da axila direita para que pudesse puxar o outro braço na direção oposta. Sophie não era muito flexível, então fazer todos esses movimentos deixava seus músculos doloridos. No entanto, ela continuou. Estava cheia de energia e pretendia usá-la em vários exercícios.

Em pé, com os pés separados em uma distância equivalente à largura dos ombros, ela dobrou ligeiramente os joelhos, mantendo seus dedos dos pés apontando para a frente. Seus braços foram erguidos na altura dos ombros, mantendo-os no mesmo nível. Girou os pulsos até que as palmas das mãos estivessem para atrás de seu corpo. Doeu, e ela sentiu vontade de desistir. Seu corpo parecia uma máquina de costura aposentada, repleta de engrenagens enferrujadas e teias de arranha.

Enquanto insistia teimosamente nos exercícios de alongamento, Sophie pensou em Luke, e em como tinha ficado difícil se comunicar com ele. Havia ligado antes de sair do quarto, e a mesma moça que havia atendido o telefone dele na primeira vez que ela ligou lhe deu a mesma resposta: o príncipe está ocupado. Engolindo frustação e saudade na mesma quantidade proporcional, Sophie decidiu deixar de lado esses pensamentos. Em alguma hora teria de falar com ele, e talvez ela só estivesse se preocupando à toa.

Deitando-se de costas com os braços ao lado do corpo, as palmas das mãos voltadas para o chão e alinhadas aos ombros, ela levantou as pernas, deixando-as perpendiculares ao tronco. Suas pernas se inclinaram de um lado para o outro, depois o movimento oposto e assim sucessivamente. Findando sua lista de exercícios, ela se colocou de pé e saiu correndo pelo jardim, amaldiçoando-se baixinho por ter esquecido a bombinha no quarto pois, como bem sabia, mais cedo ou mais tarde acabaria precisando dela.

- Tentando ganhar uma maratona, majestade? - Uma voz não tão familiar, mas de nem todo desconhecida chamou a atenção de Sophie e fez sua cabeça se virar. - Vai acabar desidratada bem rápido nesse ritmo.

O príncipe Miguel também estava usando roupa de ginástica: calça de poliéster preta e regata azul. Fones estavam plugados em seus ouvidos, o cabelo curto e escuro levemente aerado. Ele parecia um príncipe em beleza, como era de se esperar. Mas não do tipo encantado, do tipo tentadoramente perigoso, pensou Sophie.

- Quem me dera. - Ela dobrou-se, colocando as mãos nos joelhos na tentativa de sugar o ar. - Com pernas tão curtas eu ficaria feliz em vencer uma tartaruga. - Disse ela, entre dentes.

- Nossa, que crítica. - O príncipe havia cruzado seus braços musculosos na frente do peito, sua postura em posição brincalhona. - Vamos lá, dê outra chance a si mesma.

- Essa eu passo. Só estava tentando gastar energia.

- Assim como eu. Acordei incrivelmente agitado.

- Também pudera. Ontem foi tecnicamente o seu noivado. É normal que fique agitado, excitado com os próximos acontecimentos.

- Não estou exatamente excitado. - Ele desviou o olhar para o lado. Parecia nostálgico. - Entrevistas, festa de noivado, trâmites para o casamento. Nunca passei por isso, mas só de pensar já me sinto cansado.

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