Never Give Up

Capítulo Cinquenta e Um

- O que você está fazendo? - pergunto para a monstrinha encostada na cama enquanto olhava para o livro em suas mãos. Os seus olhos se desviam do livro por um momento e se erguem para mim.

- Analisando o livro que você me deu, você escreveu muitas coisas aqui em caneta.

Caminho até a mesma na cama e sento no colchão de lado para poder lhe olhar.

- Eu era uma jovem que gostava de analisar a história. Mas, e ai?

- Eu não entendo nada, mama. – solto uma baixa risada ao ver o seu bico.

- O que você não entendeu?

- Eu não entendo muitas coisas, mas eu sei ler um pouquinho. Aqui tem palavras que não dá pra entender. - ela abre uma página aleatória do livro. – Eu levei para a escola e perguntei algumas coisas para a professora Eliza. – Vejo os seus olhos arregalados procurarem algo no livro. - "Os olhos são cegos, é preciso ver com o coração". O que isso quer dizer? Você escreveu algumas coisas aqui.

- Eu não sei explicar de uma forma exata, monstrinha. - ela franze a testa e volta a olhar para o livro toda confusa. – Mas eu posso tentar aos poucos, até você ter a idade certa.

- Você pode ficar lendo aos pouco pra mim? Quando ficar mais velha, eu leio sozinha.

- Claro que posso. - pego o livro de suas mãos. - Agora?

- Não. É melhor mais tarde.

- "Os olhos são cegos, é preciso ver com o coração". – viro o rosto olhando para Camila encostada na porta com um sorriso enorme e a estrela em seus braços lambendo toda a sua mão. – O pequeno príncipe?

- Kaki! É o livro que a mama me deu de aniversário!

Volto a olhar para a minha filha e sorrio ao ver o seu entusiasmo. Não demoro a sentir uma presença atrás de mim e braços envolverem os meus ombros fazendo minha cabeça encostar-se a sua barriga.

- É um bom livro, Sunshine.

- Você sabe o significado dessa frase? – os seus olhos azuis encaram a latina com um brilho intenso enquanto a estrela que estava na cama tenta se aconchegar ao pequeno corpo.

- Para mim, quer dizer que você precisa às vezes seguir o seu coração ao invés de seguir o que a sua cabecinha manda. – ao terminar de falar se curva para deixar um beijo na cabeça da mais nova. Esse seu gesto faz o meu coração dá um salto. – Consegue entender?

- Eu acho que entendi. A mama escreveu algo parecido em volta do livro. – ela fecha o livro e coloca na mesinha ao lado da cama onde estava o seu abajur. – Kaki, a Sofi já saiu do castigo? Eu estou com saudades dela.

- Monstrinha, você a ver todo dia na escola.

- Mas é diferente!

Reviro os olhos.

- Quer que eu te leve lá? Está cedo ainda e eu ia passar lá mesmo. – olho para cima franzindo as sobrancelhas para Camila.

- Sim! Vou tomar banho!

Ela de um jeito atrapalhado tira a estrela do seu colo e corre para o banheiro sem deixar tempo de alguma negação sair da minha boca.

- O que foi?!

Viro de frente para a latina que senta na cama ficando de frente para mim.

- Como foi à faculdade? – pergunto.

- Normal, em pleno sábado. O professor realmente me odeia. – ela olha para a porta do banheiro, dava para ouvir o barulho do chuveiro ligado, quando o seu rosto vira novamente eu consigo identificar o seu sorriso malicioso. – Cadê o meu beijo?