Capítulo Cinquenta e Sete

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A cada passo que eu dava em torno do hospital, o desespero ia crescendo e começando a fazer-me quase chorar de tanto que era o medo que crescia dentro de mim. Os meus olhos constantemente arregalados para cada pessoa que aparecia na minha frente. Imagino que a minha aparência esteja assustadora, devido às expressões que as pessoas faziam ao encarar-me.

Eu dava a milionésima volta pelo quarteirão, quando olho atentamente para o hospital e vejo algo que me passou despercebido, xingo-me mentalmente por ter deixado isso passar. Ando apressadamente até a entrada do estacionamento do subsolo, vou direto para a cabine onde fica o vigia, esperando com todas as minhas forças que eu a encontrasse.

- Oi, você pode me fazer um grande favor? – a minha voz sai bastante ofegante, apoio os meus braços no mármore, fico na ponta dos pés tentando enxergar e isso dá um leve susto no vigia. O garoto possivelmente jovem à minha frente me olha desconfiado.

- O que a senhorita deseja?

- É que eu estava com uma criança aqui, só que ela sumiu e eu tenho quase certeza que ela foi sequestrada. Você, poderia, por favor, mostrar-me às câmeras do estacionamento? – os meus olhos e o tom da minha voz era uma clareza de súplica humilhante, eu não precisava forçar desespero já que era bem notável.

A sua expressão desconfiada ainda continuava em seu rosto, mas era possível perceber que ele relaxou um pouco ao saber o meu motivo de vir até aqui. A sua expressão pensativa demonstra a batalha interna que ele enfrentava.

- Eu não sou autorizado a mostrar os conteúdos...

- Eu estou te implorando!

Encaro os seus olhos pelo vidro que nos separava, tentando fazê-lo enxergar o quão verdadeira estava sendo. Ele respira fundo antes de assentir e balançar a cabeça na direção da porta. Solto um suspiro de alívio e corro porta adentro da pequena cabine. Ao fechar a porta e olhar ao redor, percebo que tinha algumas televisões médias ao redor da cabine que a cada minuto mudavam. Olho atentamente para cada uma tentando enxergar a pequena Isa.

- Vamos olhar cada câmera... Como ela é? – desvio os olhos para o vigia e suspiro.

- Ela tem seis anos, cabelos escuros, tem olhos azuis, mas acho que você não vai conseguir enxergar pela câmera. Ela está usando uma saia rodada amarela. – paro para pensar em algo que possa ter esquecido, mas nada surgia na cabeça. – Oh! Ela também está usando uma blusa daquele desenho... A hora da Aventura!

- Se aproxima e vamos procurar!

Ele volta a sua atenção para o computador a sua frente, me aproximo olhando atentamente para as imagens que surgiam e procurando em cada canto e entre os carros tentando achá-la.

- Eu vou mudando as imagens aos poucos e você analisa junto comigo, ok?

Concordo mexendo a cabeça, ele muda a imagem e aparecem vários carros a vista, algumas pessoas apareciam andando, poucas por ser um estacionamento. Ele algumas vezes me perguntava se era a Isa, mas todas que apareceram não eram.

- Nada.

Ele rapidamente muda de imagem, minuciosamente analiso novamente, o desespero já crescia ao não encontrar nada. As posições da câmera vão mudando, a cada criança que via o meu coração pulava achando que era ela. Olho atentamente para a tela.

- Ali! – dou um berro no ouvido do vigia.

- Cadê?!

- Volta à porra da câmera! – tento diminuir a minha respiração acelerada.

- Aquela ali? – ele pergunta, olho para a tela e encontro a Isa, a imagem não era muito boa, um pouco distorcida e sem muita qualidade, mas eu tinha certeza que era ela. Ao seu lado como estava imaginando, o Keaton se encontrava falando ao celular, olho novamente para a Isa que olhava o tempo todo ao redor, parecia à procura de algo.

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