Camila's POV
Minutos foram passando e a minha angústia aumentando. A demora das meninas estava me deixando inquieta. Eu dava várias voltas e não conseguia ficar sentada por muito tempo. A dona da floricultura já veio aqui fora e me perguntou diversas vezes se eu me sentia bem. E em todas às vezes eu disse que sim, pelo menos no momento que foi perguntado, eu me sentia bem.Na última vez que ela veio novamente ter a certeza de que eu não teria um ataque cardíaco, me perguntou se eu não queria entrar e olhar as flores, talvez isso me ajudasse a se acalmar. De uma forma estranha realmente estava ajudando. Olhar todas aquelas flores em formato e cores diferentes, cada uma com o seu significado, o seu cheiro, tentando transmitir os seus próprios sentimentos. Isso me fez esquecer um pouco com quem as meninas estavam dentro do hospital.
- Essa flor é muito bonita, qual o nome dela? - pergunto para a dona Heloísa, também dona da floricultura que me olhava da parte interna do balcão. – O cheiro é gostoso, me lembra... Não sei explicar.
Abaixo o rosto para poder cheirar mais de perto e sentir a fragrância que saía. Era um cheiro maravilhoso. Praticamente busco em minha mente algo semelhante aquele cheiro, mas parece que quanto mais me forço, menos consigo pensar.
- É um cravo vermelho. Sabe o significado?
- Eu não entendo muito de flores, eu sempre fui mais a criança que destruía os jardins dos vizinhos. Eu me sinto tão mal agora por ter destruído tantas flores quando criança. - digo baixo, mas alto o suficiente para a mais velha ouvir, já que éramos as únicas no estabelecimento.
- É Camila, certo? – pergunta após soltar uma risada, deixando-me envergonhada por não entender nada de flores.
- Sim. – analiso as flores com a testa franzida e piscando os olhos várias vezes para ter certeza de que estava enxergando bem. Era um vermelho tão vivo que às vezes os meus olhos se desfocavam de tão intenso que era a cor dos cravos.
Eu tiro os olhos dos cravos e fico olhando um lindo conjunto com algumas flores diferentes ao lado. Olho para Dona Heloísa a confortando com um sorriso para continuar, mesmo ainda sentindo um pouco de vergonha. Tiro só um cravo do amontoado e aproximo-me devagar até ficar próxima, mas não tanto do balcão.
- Os cravos não são só aqueles da cor vermelha, existem várias cores. – diz apontando para o outro canto do ambiente onde tinha outras flores com a mesma fisionomia que as que eu via, mas de cores diferente. – Cada um tem um significado diferente, o vermelho em especial quer dizer um "eu admiro você" ou "meu coração clama por você". Quando você entrega para alguém está a proclamar um amor puro, vivo e acima de tudo um grande respeito para a pessoa a quem der o cravo. – ela vai listando cada uma das palavras e apontando para os seus dedos ao numerá-las.
Olho intensamente para o cravo em minha mão e numa briga interna eu confirmo comigo mesma que era essa flor mesmo, ergo o rosto e pergunto a dona Heloísa o valor do cravo e lhe dou o dinheiro certo em seguida. Eu falo rapidamente com ela e ouço as suas dicas do que dizer para a Lauren ao entregar o único cravo antes de me despedir e sair da floricultura. Resolvo voltar para o mesmo lugar e esperar pelas meninas. Volto a me sentar no banco em frente à floricultura, encarando o cravo entre meus dedos, pensando no que a Dona Heloísa disse e calculando as minhas próprias palavras para dizer ao entregar a única flor para a minha namorada. Levanto a cabeça pela milésima vez para olhar a entrada do hospital, dou um grande sorriso sem nem perceber ao enxergar a morena de olhos claros saindo da entrada com os seus cabelos voando para frente e cobrindo todo o seu rosto enquanto caminhava até a faixa de pedestre. Uma risada escapa por entre meus lábios ao vê-la numa inútil tentativa de jogar os cabelos para trás em luta contra o forte vento. Poucas pessoas ao seu redor assistiam a cena, as que assistiam seguravam a risada para não gargalharem da cara de frustração da de olhos claros. Só quando o vento diminui que a morena consegue jogar o cabelo todo para trás e olhar ao redor, mesmo de longe eu sabia que as suas bochechas deveriam estar completamente vermelhas. Eu não conseguia deixar de sorrir para a cena, era adorável.
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Never Give Up
Fanfiction- Não... - me ajeito na cadeira e olho dentro daquelas íris verdes, levanto a sobrancelha sugestivamente - O que falam Jauregui? - Falam que são pessoas indecisas. - os olhos dela vão ficando um verde escuro e ela fala com aquela voz rouca e cheia...