Cap 23- Doente

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—Desculpa. Acho que foi por causa do clima do momento. Foi mal —ele respondeu.
"Você é idiota? Já que é pra mentir, que fosse uma mentira melhor. Mas... Eu acho que agora o Pey tem razão para mentir" pensei, sem me dar conta de que havia começado a correr para longe dele. "Toda a distância que estava se fechando entre nós... Está aberta novamente. E eu não sei mais como posso fechá-la."

****
Espero que não tenha ressentimentos, Brina —Corey dizia enquanto lanchávamos juntos no primeiro intervalo.
—Eu acho que sei o motivo de eles estarem juntos... Os dois meio que compartilham a dor, sabe? O Pey perdeu a mãe e a Bella perdeu o pai recentemente. Eles se aproximaram por causa disso, e você sabe como é...
—Eles começaram a se gostar —suspirei.
—Vocês nunca mais vão conversar? —Corey perguntou.
—Eu não falo com ele desde aquele dia mas... O jeito dele, agir como se nada tivesse acontecido, é irritante.

****
A aula estava quase no fim quando comecei a escutar burburinhos do meu lado, onde Pey e um outro rapaz sentavam.
—Agora é oficial, Peyton?
Risadas.
—Eu já tinha visto vocês antes, então quer dizer que...
Não... Eu não quero ouvir isso.
—HORA DO ALMOÇO!! —gritei, aliviada com o sinal —VEM ROW!
Saímos correndo juntas em direção ao refeitório.
Que raiva... Ele quer mesmo bancar o esperto? Ele não muda. Ele...
Oi Sabrina.
Me virei: —Ah. Oi, Kevin.
—Posso sentar com vocês?
—Claro —sorri.
Ele e um amigo sentaram no mesmo banco que eu e Row estávamos.
Rowan me puxou mais pro lado dela e o amigo do Kevin o empurrou para meu lado. O que estava acontecendo?
Ficamos conversando por um tempo enorme, até termos de voltar para a sala.

****
—Alunos! Hoje temos reunião do comitê organizador do festival. Iremos preparar o próximo evento. Os que participaram, por favor permaneçam na escola —Ben falou, antes do final das aulas.
A sala já estava esvaziando. Restaram apenas dois alunos: eu e Meyer, que cochilava em sua mesa.
"Vocês nunca mais vão conversar?", ecoava em minha cabeça.
—Ahn... Ei, Peyton —tentei acordá-lo —Hoje tem reunião do comitê...
Ele levantou sua cabeça e esfregou os olhos, sem falar nada além de alguns tossidos.
—Hm... Ok, eu vou na frente... —era como se eu estivesse falando com a parede.

****
Sentei numa bancada, esperando Ben começar.
Senti meu telefone vibrar.
| mensagem de: Peyton M |
Foi mal, estou indo para casa.
—Mas o quê?? Ugh.
Passei a reunião inteira olhando pra cara de sono do Ben, aguentando ele falar sobre seus próximos planos.

****
No dia seguinte, Peyton não apareceu nas aulas.
Circularam boatos de que ele e Bella haviam realmente saído e faltaram na escola por terem feito coisas... erradas.
Isso é vergonhoso, mas não me surpreende.
Estava caminhando de volta para casa quando encontrei Uriah.
—Oi senhorita AnnLynn! Você tem um minuto? Meu carro parou, acho que está sem gasolina. Eu comprei umas coisas para meu irmão no mercado já que ele estava doente e não quero que estraguem debaixo desse sol. Eu vou chamar alguém pra me ajudar, poderia ir até minha casa? —ele estendeu a chave.
—Claro... Tem certeza de que não vai ser um problema se eu entrar lá de repente?
—Óbvio que não. É só colocar as compras na geladeira. Muito obrigado pela ajuda!

****
Abri a porta com a sacola na mão.
—Licença? Olá? —perguntei, entrando.
Guardei as coisas e encontrei flores na sacola.
"Devem ser para o altar que eles têm no antigo quarto da mãe...  O Uriah falou algo sobre isso uma vez. Acho que não seria um problema se eu as arrumasse".
Caminhei silenciosamente até lá, me deparando com Peyton deitado no chão, em frente a estante com fotografias de sua mãe.
"Ele não deveria estar dormindo num lugar desses se está doente."
Pey... —sussurrei, ajoelhando no chão.
Recuei um pouco ao ver que seus olhos estavam molhados.
Ele se virou lentamente para o lado em que eu estava, ainda dormindo.
Era insuportável vê-lo assim. É uma dor que -com certeza- nunca vai passar.
Peyton tossiu um pouco e abriu os olhos lentamente, se assustando ao me ver.
—Desculpe a surpresa. O Uriah me pediu pra vir... Parece que o carro dele parou. Eu trouxe algumas coisas que ele comprou pra você.
Silêncio.
—Por que você não diz nada? Você não quer mais falar comigo? Bom, eu me sinto assim também. Sabe, é difícil de conversar...
—Eu vou te passar meu resfriado —ele disse, meio rouco.
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(O capitulo vai ficar muito grande, então dividi em duas partes. Ele está gigante pra compensar o tempo que fiquei em hiatus)

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