Arms of a woman

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7º Nos braços de uma mulher


— Quando pretendem voltar dessa viagem louca? — Indagou Cora pela quinta vez, de acordo com a contagem de Zelena. Fazia alguns minutos que estavam conversando pelo celular de Regina, que ainda dormia.

— Eu não sei, mamãe. — Respondeu num tom cansado. — Já é a quinta vez só nessa ligação, que a senhora me pergunta isso e eu dou a mesma resposta. — Ouviu sua mãe bufar do outro lado da linha. — Eu vou desligar agora, tá bom? Vou acordar Regina para darmos uma volta pela praia. — Olhou para a irmã que dormia serenamente ao seu lado, na cama.

OK! Só não demorem nessa viagem. Regina precisa começar logo o tratamento, e eu não quero vocês longe de mim. — Ao fundo Zelena ouviu seu pai pedindo para que a mãe mandasse um beijo. — Seu pai mandou um beijo. — Repassou o recado.

— Outro... Agora, tchau! — E encerrou a ligação sem esperar resposta da mãe. Olhou por alguns segundos para o celular e balançou a cabeça negativamente. Deixou-o em cima da mesa de cabeceira ao lado da cama e se virou para a irmã, para acordá-la. — Regina? — Tocou suavemente em seu braço direito e o balançou. A irmã resmungou, mas nem se quer abriu os olhos. — Vamos, Rê! — Sussurrou. — Para de manha. — Balançou-a mais um pouco, fazendo-a se mexer e virar para o lado oposto ao seu.

— Eu ainda estou com sono. — Seu tom era baixo e rouco, devido ao sono.

— Eu sei, eu também estou, mas também quero aproveitar esse lindo dia para passear um pouco. — Argumentou rapidamente. — O que acha? Hum?

— Hm... — Deu um suspiro. — OK! — Virou-se para a irmã e abriu os olhos lentamente. — Você venceu. — Zelena abriu um largo sorriso e saiu da cama correndo indo direto para o banheiro.

•§•

— Mamãe ligou para nós. — Regina encarou-a confusa, fazendo-a rir. — Quando você estava dormindo ainda, ela ligou para o seu celular e eu atendi. — Explicou.

— E o que ela queria? — Indagou sem encarar a irmã. Estava com a visão perdida por entre os casais que andavam do lado oposto ao que estava. Ou melhor, no calçadão da praia onde estiveram noite passada.

— Saber como estávamos... — Colocou um punhado de pipoca doce na boa. — Pedir para que voltássemos hoje... — Continuou a falar, de boca cheia, fazendo a mais nova lhe repreender com o olhar. — Ou melhor... — Deu um gole no refrigerante que comprou junto com a pipoca. — Agora... — Balançou a cabeça negativamente. — Rê, você sabia que não vai engordar se comer um pouco dessa batatinha aqui... — Apontou para um pratinho plástico cheio de batatas fritas, que estava em cima da mesa. — Nem se comer essa pipoca? — Levantou o pequeno pacote de pipoca, que segurava.

— Um pouquinho... — Fez o gesto com os dedos. — Realmente não, mas você sabe... De pouquinho em pouquinho, isso nos aumenta... — Fez movimentos com os braços, indicando o que queria dizer. — Alémdo mais importante, é ruim para o colesterol. — Concluiu, arqueando sua perfeita sobrancelha.

— Você não tem problema de colesterol. — Rebateu. — Na verdade não tem problema nenhum... É toda saudavelzinha. — Regina encarou-a, e depois olhou para suas pernas, voltando em seguida, para a sua irmã. Zelena entendeu o que ela quis dizer. — Qualquer dia desses, eu dou nessa sua cara linda por ficar se diminuindo por causa disso. — Apontou para a cadeira de rodas.

— Não vamos falar desse assunto. — Virou o rosto para o lado oposto ao da irmã. — Sei qual o seu discurso. Eu mesma já dei, algumas vezes, e sei que tem razão... — Suspirou pesadamente. — Só não consigo aceitar ainda.

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