A merengue night

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22º Uma noite de merengue 


[Regina]

Acordo no susto, olhando ao meu redor, com dificuldade por causa da claridade da luz no teto, tendo a certeza de que tudo acontecera novamente. Eu havia chorado até dormir, e ao acordar agora, estou passando por tudo de novo, acordando em outra realidade, que supostamente é a real.

Fecho os olhos, incomodada com a claridade, e torno a lembrar das últimas horas vividas. Parecia tão real. Não conseguia acreditar que era falso. Não era a minha realidade preferida, se fosse para escolher, ficaria naquela em que meus pais e minha irmã estão vivos e bem, eu me dou bem com todos eles, não estou presa em uma cadeira de rodas e nem mesmo sofri um acidente, não estou com problemas em minha fala, e conheço e estou bem, com Emma Swan. Mas infelizmente, querer não é poder, e justamente por isso, eu já estava acostumada com a minha suposta realidade verdadeira.

Não queria ter que começar tudo de novo. Já estava cansada de ir dormir e sonhar com continuações de outras realidades, ou de acordar em uma nova, ou até mesmo antiga, e então, começar o processo tudo de novo.

Eu estava precisando de um psicólogo para desabafar minhas frustrações e ouvir bons conselhos. Mas um que não fosse a Emma dando-me a entender que namoramos ou fomos bem mais que amantes, e por algum motivo, estávamos separadas e nossa relação se restringia apenas a médico-paciente, e dizendo-me nas sessões, que tudo que eu lembrava, não passava de gatilhos para fugir da minha realidade, após a perda de dois dos meus amores, em um acidente que havia me deixado sem os movimentos inferiores.

Quando volto a abrir os olhos, acreditando que minha vista já estaria acostumada, encontro Dr. Victor e Zelena conversando próximos a cama. Pigarreio alto o suficiente para chamar a atenção de ambos, que não haviam percebido o meu despertar, e vejo minha irmã se virar rapidamente, abandonando a conversa com o homem.

— Regina... — Minha irmã se aproxima rapidamente, tocando em minha mão. — Finalmente você acordou... — Franzo o cenho. O que ela queria dizer com... — Você passou dois dias dormindo... — Explica-me, interrompendo meus pensamentos, como se tivesse os lidos.

Dois dias? Como assim, dois dias?

— Dois dias? — Explano minha confusão.

— Sim... — Também franze o cenho em confusão. — Não se lembra do que aconteceu?

Bem...

Lembrar, eu me lembro. O que eu não sei, é se o que eu lembro, foi real, ou não.

— Não... — Prefiro responder, para evitar confusão. Agora não seria o melhor momento para voltar a explicar, o que eu havia começado no que eu me lembro, ter sido a noite anterior.

— Eu não sei o que aconteceu, mas quando eu cheguei em seu quarto, depois de ter te avisado sobre papai, você estava chorando muito e acabou desmaiando em meus braços. — Explica-me, dando-me a certeza, e também me deixando aliviada, ao constatar que não havia acontecido tudo de novo. Volto a olhar ao redor e encontro minha cadeira de rodas encostada à parede. Mais um sinal de que não tinha acontecido novamente. — Você me deixou bastante preocupada, mana. — A forma como ela me chama, faz-me ficar triste de novo, por se lembrar de como a própria me chamava na primeira realidade, quando tudo começou a acontecer. Aquela era a melhor versão da minha irmã, que de acordo com todos ao meu redor, minha mente criou. — O que foi? — Aproxima-se com expressão preocupada. Talvez tenha percebido minha súbita mudança.

— Não é nada... — Balanço a cabeça de forma negativa, para dar ênfase em minha resposta. — Podemos ir ver nosso pai?

— Antes, eu gostaria só de te explicar o motivo do seu desmaio, Regina... — Victor, que se mantinha calado desde que eu abri os olhos, pronunciou. — Você estava muito desidratada e por isso sua pressão baixou. — Explicou-me, aproximando-se da cama, tocando em um suporte de soro, que até então, eu não havia percebido. — Mas já resolvemos o seu problema e você estará liberada em alguns minutos. — Assinto, observando de forma curiosa, minha irmã lhe olhar de cima a baixo.

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