12º Efeito borboleta
[Regina]
Abro meus olhos e olho ao redor. Estou em uma sala bastante parecida com um consultório médico, sentada numa poltrona, e em minha frente há outra poltrona, exatamente como a que estou sentada. Ao meu redor tem várias prateleiras de livros e enfeites, nas paredes, lindos quadros decorativos, há também uma cama de solteiro e alguns vasos de plantas, e mais afastado de onde estou, há uma mesa, cheia de papéis, um computador, alguns porta-retratos, virados para a direção oposta a mim, impedindo-me de ver as fotos, e uma cadeira giratória elegante.
Onde eu estou?
Como vim parar aqui?
Olho ao redor, procurando minha cadeira para sair dali e encontrar respostas, mas tudo que encontro é uma muleta jogada ao chão, perto de meus pés.
Abaixo-me para pegá-la e posiciono-a em meu braço direito.
Se ela estava ali, perto de mim, significa que é para mim, certo?
Então eu posso andar?
Quando me preparo para me levantar e tirar minha dúvida, a porta se abre e...
Emma?
— Desculpe-me a demora. — Dá um sorrisinho e se senta na poltrona que há em minha frente. Está vestida como uma... Médica?
O que está acontecendo?
O que eu perdi?
— Emma...? — Indago confusa e encaro-a, esperando por uma explicação.
— Aconteceu de novo, não é? — Dá um suspiro e abaixa a cabeça, olhando para o chão, mas logo voltando sua atenção para mim. — Sua mente andou criando ilusões novamente...
— Como assim? — Ela suspirou novamente e se levantou, vindo até mim e ficando de joelhos.
— É sempre a mesma coisa... — Pegou em minha mão esquerda, pois a direita ainda estava na muleta, e apertou-a de leve. — Esses seus sonhos, que são um dentro do outro e você sempre acorda assustada, perdida, achando por um momento que tudo foi real, você estar indo com sua irmã para Miami atrás de mim e me encontrando diferente do que você lembrava na vida que sua mente criou durante um coma, devido a um acidente que você teve três anos atrás, você estar numa cadeira de rodas, dependendo de uma fisioterapia para andar... — Fez uma pausa e me encarou profundamente. — Todas essas coisas... — Seu tom era um pouco receoso. — Foi você mesma, ou melhor, sua mente, que criou como uma espécie de gatilho, para fugir da realidade.
— O que? — Minha voz saiu sussurrada. — E qual é a realidade, então? — Senti-a ficar tensa. Sua mão que segurava a minha, de repente ficou fria. — O que? — Indaguei nervosa.
— Sua irmã e sua mãe... — Pigarreou, desviando o olhar do meu. — Vocês estavam em uma viagem para Tallahassee, para passarem as férias do seu pai por lá, e no caminho de volta houve um acidente... — Meus olhos se encheram de lágrimas, já imaginando qual era o desfecho da história. — Apenas você e seu pai, se saíram bem dessa...
— Isso... Isso não pode ser verdade... — Sem conseguir mais segurar, as lágrimas começaram a descer pelos meus olhos.
— Eu sinto muito. — Seu tom era choroso. — Desde então você vem criando toda essa história em sua mente e quando volta a si, acontece tudo isso que acabou de acontecer... Tudo sempre se repete. — De forma delicada, começa a enxugar as lágrimas que descem por meu rosto.
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Memories
Hayran KurguUm acidente. Um coma. Uma vida criada por sua mente durante o coma e uma realidade diferente ao acordar. Regina Mills se vê perdida quando abre os olhos em um hospital e descobre que passou três anos de sua vida em coma, e que tudo que acreditou se...