The girl in the black scarf

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29º A garota da echarpe preta


Era uma manhã pouco ensolarada, mas com o céu limpo de nuvens e bem azul, e com ar fresco e agradável.

Ao som de pássaros cantando e folhas sendo chacoalhadas ao vento, as irmãs Mills estavam deitadas na grama bem verdinha e bem cuidado pelo pai, da parte de trás do jardim da casa, em silêncio, cada uma em seu mundo particular. Era um daqueles momentos que você se permite apreciar a beleza da natureza e deixa que a brisa leve por alguns minutos, seus estresses e lhe tragam paz. Ao menos era para Regina. De acordo com Zelena, fazia anos, sem exageros, que elas não faziam aquilo. A ruiva sentia falta desses momentos com a irmã, mesmo que não falassem nada uma com a outra e só estivessem ali de corpo presente. Regina nem se lembrava a última vez que fizera algo do tipo. Em nenhuma das realidades.

— Você está ocupada? — Regina pergunta à irmã, cortando o silêncio. Zelena estava bastante concentrada mexendo em seu celular.

— Que pergunta é essa? — Olha de lado para a irmã, de cenho franzido.

— Como assim? — Questiona confusa e Zelena franze ainda mais o cenho. A morena balança a cabeça negativamente. — O que você está fazendo aí? — Aponta para o celular.

— Eu estou jogando. — E levanta o aparelho, mostrando a tela para a irmã. Estava jogando seu novo vício, Ludo King online.

— Ótimo! Eu estava aqui, lembrando de umas coisas e queria te fazer algumas perguntas.

— Mesmo se eu estivesse fazendo algo do trabalho, que aliás, já faz alguns meses que eu não boto os pés lá, eu daria a minha atenção para você. — Diz séria, deixando o celular de lado e se arrastando na grama até ficar bastante próxima da mais nova.

— Me senti muito importante agora. — Coloca a mão no peito, fazendo charme.

— Você é! — A ruiva rebate rapidamente. Regina sorri verdadeiramente para a irmã e as duas se abraçam. — Então, o que você quer perguntar? — Zel se afasta um pouco e pega as almofadas que estava usando como apoio para a cabeça.

— São algumas curiosidades. Talvez até me ajude a lembrar de alguma coisa. — Vira-se de lado e se apoia em um braço. — Como eu era antes do acidente?

— Chata! — Solta, sem pensar duas vezes e leva uma tapa. — Não estou brincando. — Freneticamente, passa a mão no local que foi atingida e Regina revira os olhos, sussurrando um "drama". — Não foi à toa que eu disse que fazia mais de anos que fizemos algo desse tipo. — E apontou para as duas deitadas na grama.

— Em que sentido eu era chata?

— Do tipo que só pensava em trabalhar e negava até um pedido para assistir um filme, ou simplesmente, fazer uma caminhada. — Regina faz uma expressão de incrédula e a ruiva balança a cabeça positivamente, como quem diz "pois é, pode acreditar!" — Tirando assuntos de trabalho, você considerava tudo uma perda de tempo e dizia que não valia a pena.

— Eu era louca por dinheiro? — Faz uma careta, torcendo para que a resposta fosse não.

— Não! ­­­— A mais nova levantou a mão livre para o céu, agradecendo, e Zel riu, achando graça. — Só gostava demais de trabalhar e só queria viver para isso. Uma viciada! — Arregala os olhos. — No começo até tinha um motivo. Você queria dar uma boa vida para o papai e para a mamãe. Mas depois que esse objetivo foi alcançado... — Balançou a cabeça negativamente.

— Se eu só queria trabalhar, como foi que eu tirei férias e fui para Miami?

— Duas coisas. — Levantou dois dedos. — Você estava perdendo seu lindo cabelinho. — Esticou-se um pouco e tocou nas mechas morenas. — Chegou uma época que você estava trabalhando demais, comendo de menos e tomando muito café. Seu cabelo começou a cair bastante por causa do estresse no trabalho e suas dores de cabeça aumentaram. — Suspira pesadamente. Lembranças da difícil e preocupante época vindo à sua mente. — Você não queria seguir as ordens do médico que te disse para tirar férias, pois, trabalhar demais estava te fazendo mal. — Abaixou, propositalmente o dedo indicador e deixou apenas o médio em pé. Rapidamente, Regina rebateu, mostrando seu dedo do meio também. — A outra coisa foi uma aposta de jogo. Você perdeu, e bem, nós fomos para Miami.

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