Memories

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36º Lembranças


[Regina]

― Regina? ― Escuto uma voz sussurrada me chamar e me chacoalhar devagar. ― Meu amor, já passa do meio dia. Você dormiu demais. ― Abro os olhos e dou de cara com o meu pai, sorrindo para mim. Olho ao redor, vendo que estou em meu quarto e me pergunto quando e como eu cheguei aqui, pois eu não me lembro.

― Onde está a Zelena? ― Reviro-me na cama e me sento com facilidade. A fisioterapia estava mesmo fazendo efeito. Vejo meu pai com um olhar preocupado sobre mim e franzo o cenho, sem entender. ― O que foi?

― Você quer que eu chame a Dra. Swan? ― Seu tom é hesitante. Ele se senta pertinho de mim na cama e toca em minha mão. ― É domingo, mas ela não se importa de vir.

― Dra. Swan? ― Pergunto confusa e meu pai assente, me fazendo ter uma ideia do que possa estar acontecendo. Olho ao redor rapidamente, percebendo que o quarto em que estou, embora conhecido para mim, está diferente de como eu me lembro, e que em vez de ter uma cadeira de rodas ao lado da minha cama, há duas muletas, e tenho a certeza do que está acontecendo. ― Zelena e minha mãe... ― Interrompi-me, incapaz de continuar aquela pergunta e meu pai assentiu, dando-me o que faltava para eu ter a completa certeza de que tinha acontecido de novo. Eu havia mudado de realidade. Depois de tantos dias sem acontecer, tantos dias de progresso, tantos dias de lembranças resgatadas, a confusão voltou a acontecer. ― Isso não pode ser verdade... ― Balancei a cabeça negativamente e tapei o meu rosto, totalmente desacreditada que estava acontecendo de verdade. Não podia ser real! ― Essa não é a minha realidade verdadeira, pai. ― Murmurei já com a voz embargada e meus olhos estavam marejados, querendo transbordar a minha dor. ― A Zelena e a mamãe não estão mortas de verdade. ― Se essa era a minha verdade, eu não queria aceitar.

― Regina...

― Não! ― Gritei, sentindo a raiva percorrer o meu corpo. Levantei minha cabeça rapidamente e vi meu pai encolhido e assustado. Droga! ― Desculpa, pai! ― Estiquei-me um pouco e agarrei o seu braço, puxando-o para mais perto, e beijei a sua bochecha. Meu pai não tinha culpa do que estava me acontecendo. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando me acalmar, e uma ideia passou pela minha mente. ― Já sei... ― Soltei animada. Meu pai me olhou curioso. Enxuguei as lágrimas e deitei-me na cama novamente. ― É só eu voltar a dormir que volto para a outra realidade. ― Expliquei e fechei os olhos com força. ― Pai, o senhor pode apagar a luz, por favor?

Ao não obter uma resposta positiva do meu pai, abri os olhos e o vi com os seus fechados e cabeça abaixada. Parecia triste.

― Pai? ― Ele abre os olhos e, relutante, apaga o abajur da mesa de cabeceira. ― Obrigada! ― Volto a fechar os olhos e tento pegar no sono.

Os minutos vão se passando e eu não consigo desligar a minha mente. Não consigo me concentrar em ficar sem pensar nada e deixar que o sono me leve. Sinto quando meu pai se levanta da cama e abre a porta, fechando-a logo em seguida. Viro-me de um lado para o outro, mas qualquer barulho que escuto no quarto, chama a minha atenção. Então eu desisto de tentar. Enfio a minha cabeça no travesseiro e dou um grito, extravasando toda a raiva que estou sentindo. Agradeço por estar sozinha nesse momento, senão meu pai me acharia mais louca do que ele deve achar que sou.

•§•

― A Emma está aqui... ― Escutei a voz de Zelena falar bem pertinho do meu ouvido. Meu coração saltou no peito por ouvir a sua voz e eu abri os olhos rapidamente, vendo-a sentada na ponta da cama. O quarto estava um pouco escuro, mas eu podia ver bem o seu rosto. Ela sorria para mim. Não tive dúvidas em me levantar, o que fiz com dificuldade, e lhe abraçar apertado.

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