2º Quem é Emma?
[Regina]
Desde que minha irmã havia saído do quarto e eu tinha finalmente ficado sozinha, que eu vinha tentando entender tudo o que estava acontecendo comigo desde que acordei do coma, dois meses atrás.
Em um momento eu estava em minha cama, tentando pegar no sono, depois de um dia cansativo de trabalho, e em outro eu estava acordando em uma cama de hospital, com um homem que eu não me lembro de já ter visto algum dia, me contando que eu havia sofrido um acidente quando voltava do trabalho, e que tinha ficado em coma por três anos.
Deus! Como assim, eu passei três anos da minha vida, dormindo profundamente, não dormindo mesmo, já que o doutor explicou que ficar em coma não é o mesmo que dormir, apenas o despertar que se assemelha, quando a minha última lembrança era de que eu tinha uma importante viagem até a Alemanha, para fazer no final de semana, e que tinha pegado no sono, tentando pensar em tudo que eu tinha que levar nessa tal viagem?
Eu realmente não tenho respostas para isso. Estou perdida!
Como ter certeza de que tudo isso aqui, agora, eu em um hospital, acordando depois de um coma de três anos, sem conseguir falar direito, não passa de um pesadelo?
Mas como posso ter certeza também de que as lembranças que tenho, também não passaram de sonhos, e que essa é a realidade agora? Eu realmente sofri um acidente e dormi por três anos, e só acordei agora?
Droga! Preciso de um sinal para saber qual é a realidade.
— Regina? — Ouço uma voz já conhecida me chamar. Era o médico que havia me contado tudo que aconteceu, quando acordei, e que cuidava de mim desde então. Encarei-o sem respondê-lo. — Podemos conversar um pouco? — Levantei brevemente minha mão direita, fazendo um sinal positivo. Eu já estava conseguindo movimentar algumas partes. Tudo em meu corpo doía, exceto mover meu braço direito e piscar meus olhos.
Quando eu recebia visitas, meus pais e minha irmã, e até alguns enfermeiros e enfermeiras, eu conseguia compreender o que dizia, mas não conseguia interagir. As pessoas conversavam comigo sem saber se eu estava ouvindo mesmo ou não, se estava entendendo ou não. Isso era horrível. Não poder falar, não poder se mover. Era horrível.
— Dr. Victor, posso trazer o medicamento? — Uma senhora perguntou para o homem que agora eu sabia que se chamava Victor, cujo nome não me era estranho.
— Traga em... — Olhou em seu relógio de pulso por breves segundos. — Trinta minutos. — A mulher assentiu e se retirou. — Então, Regina... — Virou-se para mim sorridente e se sentou em uma cadeira que tinha próxima a cama. — Como você deve ter ouvido, meu nome é Victor. — Forcei minha cabeça para acenar positivamente. — Oh não! Não force tanto a cabeça. — Pediu. — Bem, sua irmã Zelena, ao sair daqui, me contou que você falou um nome. É verdade? — Pisquei algumas vezes, como afirmação. — Sua irmã me disse que não conhecia tal pessoa, e seus pais também confirmaram a versão dela. — Fez uma pausa. Alcançou um copo descartável, o qual eu não havia percebido que estava ali, que continha água, e tomou um bom gole. — Você conseguiria me dizer de onde conhece essa tal de Emma? — Franzi o cenho. Como assim ninguém saiba quem era Emma? Primeiro minha irmã, depois meus pais, e agora nem o médico? Eu que sofro o acidente, de acordo com eles, pois não acredito ainda, e eles que se esquecem das pessoas? — Então?
— No... — Tentei, mas não consegui. Respirei fundo para tentar mais uma vez. — Noiva.
— Sua noiva? — Assenti. — Como ela é? — Ele indagou de forma delicada, eu podia sentir isso, só não sabia o motivo.
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Memories
Hayran KurguUm acidente. Um coma. Uma vida criada por sua mente durante o coma e uma realidade diferente ao acordar. Regina Mills se vê perdida quando abre os olhos em um hospital e descobre que passou três anos de sua vida em coma, e que tudo que acreditou se...