I love you

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38º Eu amo você


[Regina]

Após ficarmos sozinhas na sala, nossos olhares se encontram e eu sinto um arrepio percorrer meu corpo e uma vergonha inexplicável tomar conta de mim, por isso, logo trato de quebrar o contato e direcionar minha atenção para os seus pés com dedos inquietos. É certo que está nervosa. Mas apesar de, provavelmente, ser por motivos diferentes, eu não a julgo, eu também estou nervosa. Agora que eu me lembro de tudo que nos aconteceu três anos atrás e tenho certeza de que tudo foi verdade e o resto foi coisa da minha cabeça, mesmo que ela ainda não saiba disso, não só estou nervosa com essa conversa, que ao fim pode melhorar ou piorar a nossa relação, eu também estou envergonhada de encara-la. Estou com vergonha de ter que confessar o motivo de tudo, estou com vergonha de ter que dizer que eu podia sim, ficar com ela naquela época, mas preferi fugir dos meus sentimentos, como a covarde que sou, estou com vergonha de dizer os motivos do acidente, estou com vergonha de confessar o quanto eu me apaixonei naquela época e o quanto a amo hoje.

― Podemos...? ― Sua voz soa sem jeito, quebrando o silêncio e interrompendo meus devaneios. Direciono minha atenção para o seu rosto novamente e ela tem um sorriso sem graça nos lábios e sua mão aponta para a sala.

Entendendo a sua pergunta, balanço a cabeça positivamente.

― Claro! ― Seguro nos pneus finos da minha cadeira e giro para frente, mas Emma se posiciona atrás de mim e me empurra.

Meus planos para passar a tarde, após o almoço, era basicamente me deitar na cama e processar toda a explicação que Martin tinha me dado sobre o que tinha acontecido comigo. Mas conversar com Emma e processar a sua vinda até aqui e tudo que será dito, é um plano bem melhor.

Ao chegarmos perto do sofá, encosto minha cadeira no estofado e me apoio nos braços para trocar de lugar. Emma se aproxima, tentando me ajudar, mas eu recuso. Eu estava tendo uma melhora na fisioterapia, já conseguia fazer algumas coisas sozinhas, não tinha mais motivos para ser totalmente dependente dos outros.

Ao me acomodar no sofá, vejo que Emma ainda está em pé, provavelmente esperando um convite para se sentar, e eu me pergunto quando foi que ela se tornou tão tímida assim. Com certeza foi no pequeno espaço de tempo desde a última vez que nos vimos.

― Você pode se sentar... ― Aponto para a poltrona do meu pai, que está logo atrás, e ela se senta, cruza as pernas e crava seus lindos olhos apaixonantes nos meus. ― Estou surpresa de ter ver aqui depois da nossa última conversa mal compreendida. ― Emma se remexe no lugar e desvia seu olhar do meu. Algo me diz que a sua vinda até aqui tem a ver exatamente com isso.

― É por causa disso que estou aqui. ― Diz baixinho e meu coração, involuntariamente, já começa com a palhaçada de se acelerar, mesmo que eu já suspeitasse que fosse isso. Talvez, até terminarmos essa conversa, eu tenha um infarto. ― Não só por causa disso, na verdade, mas é importante começar por esse assunto. ― Corrige, agora deixando-me curiosa. ― Bem, eu queria te pedir perdão por ter me levantado daquele jeito e ido embora sem ter deixado você falar. ― Seu olhar e tom de voz deixam claro a sua sinceridade e eu não tenho dúvidas de que está mesmo arrependida. ― Também não era a minha intenção, fazer isso para me aproveitar que você não podia ir atrás de mim. ― Acrescenta em um tom preocupado e eu franzo o cenho, confusa e também incrédula com o que acaba de dizer. ― Eu só estava chateada e agi sem pensar.

O que? Embora eu tenha xingado o fato de não poder ir atrás, em nenhum momento passou pela minha cabeça que ela tenha agido de má fé e se aproveitado disso. Aliás, ainda bem que eu não pensei nisso, ou ficaria ainda pior.

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