7 - Eu sabia

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Era segunda-feira. Meu final de semana foi basicamente: dormir em minha casa e passar o resto de meu dia na casa de Luigi e Peach.

Agora eu estava com uma alça da minha mochila pendurada em meu braço, quase caindo enquanto eu andava em direção a classe.

E a primeira aula era a de anatomia. Ou seja, eu teria que entregar meu trabalho sobre TT para o professor. Eu passei à noite de domingo rabiscando coisas aleatórias em meu caderno, tentando achar a melhor resposta com justificava para o professor. Ele não aceitaria que Tate era atraído por mulheres e fim. Eu precisaria justificar que tipo físico de mulher ou talvez de personalidade.

Eu já conhecia aquele professor, tinha conhecimento do quanto ele poderia ser chato com detalhes. Obviamente, por ser palavras minhas, eu não escreveria duas ou três páginas, talvez apenas uma, mas uma bem escrita. E assim eu fiz.

Era praticamente uma redação e ao escrever eu percebi que o professor colocou-me como dupla com Tate de caso pensado. Porque, escrever algumas linhas sobre Tate foi mais complicado do que eu achava que seria. Não era apenas algumas linhas sobre ele, mas o que eu achava que ele se interessaria em outra pessoa.

Em alguns momentos durante a escrita eu percebi o quanto queria ditar o que eu mesmo escrevia. Queria escrever algo ali, que fosse de meu agrado e fosse, ainda assim, a verdade. Mas não era. Nada que fosse de meu agrado poderia ser a verdade.

Rabisquei por muito tempo até escrever o básico, mas enrolando em articulação, pondo em minha "redação" que ele se interessava por garotas extrovertidas, carismáticas e inteligentes. O que possivelmente era uma meia verdade, afinal, eu imaginava que TT se interessa por garotas quaisquer, toda via, como eu teria que entregar ao professor tentei dizer o melhor possível. Quem era o louco que teria interesse por pessoas chatas? Talvez houvesse, mas não parecia ser muito o estilo de Tate.

Entrando na sala, felizmente sem o professor nela, fui direto para a penúltima cadeira. Tate estava, como eu imaginava, sentado na última. Ele vestia um casaco com capuz e estava com a cabeça baixa, escondida com o capuz.

Não o toquei, mas falei enquanto me sentava, sabendo que ele estava ouvindo os ruídos que a minha cadeira da frente fazia:

– Tudo bem?

Ele não respondeu e eu não insisti, apenas franzi o cenho e sentei-me como se nada tivesse acontecido.

Não demorou muito para o professor entrar na sala, dando a todos seu bom dia convencional e sentando-se atrás de sua mesa. Ele arrumou alguns papeis aleatórios na mesa e nos perguntou se tínhamos feito nosso trabalho. Em resmungos alguns alunos disseram que sim e uma pouca parcela que não.

Tate continuou calado.

Com uma mão, puxei mais a manga da minha camisa do outro braço, escondendo minha mão nela. Eu não sabia o porquê de estar fazendo aquilo, mas algo estava me incomodando ao ponto de eu querer sumir e, sendo assim, ao menos minhas mãos foram escondidas pela camisa que eu puxei, deixando-a, possivelmente, muito marcada depois.

– Para os que não fizeram: como não fizeram algo tão simples? Era somente conversar com seu colega. – reclamou o professor, concluindo também – E eu saberei quem fez por fazer, sem nem se dar ao trabalho de perguntar ao outro.

Com certeza ele estava querendo colocar medo sobre nós. Porque não teria como ele saber que escrevemos qualquer coisa... Ou teria? Professor, às vezes, era algo sobrenatural.

Me remexi incerto na cadeira e virei minha cabeça para trás, apenas o suficiente para ver que Tate continuava com a cabeça baixa. Eu estava começando a ficar preocupado, tentei cutucá-lo, mas antes de minha mão tocá-lo o professor chamou nossa atenção, mandando que Tate lesse o que escreveu de mim.

Este é o porquê da minha morteOnde histórias criam vida. Descubra agora