27 - Reticências

17.9K 2.8K 648
                                    


Sobre a próxima história depois desta e de A Indomada: me surpreendi por ver que algumas pessoas queriam a história dos adolescentes no hospital, mas, por enquanto, a da protagonista meio youtuber tá na frente.

Antes do fim desta história já publico a sinopse de uma ou duas das ideias que coloquei para "votação" no capítulo anterior.

***


Eu ri quando Tate caiu dentro de meu quarto, depois de ter entrado pela janela. Ele rolou no chão, para sua queda não ser pior. Sua queda não foi horrível ou exatamente engraçada, mas quando seu corpo bateu no chão, fez um alto estrondo.

– Você acha mesmo que minha mãe não sabe que você está aqui? – estendi minha mão para ele.

Tate aceitou minha mão, mas em vez de levantar, me puxou para o chão. Caí ao seu lado e ele virou seu corpo para mim, deixando a mão que segurava a minha apoiando seu rosto.

Eu estava estático, com minhas mãos em minha barriga e encarando Tate de baixo. Ele não estava distante de mim, provavelmente estávamos mais perto do que nunca estivemos.

– Eu posso ser silencioso. – ele sussurrou em minha orelha para nos deixar ainda mais perto do que já estávamos.


– Greg! Greg! Eu estou falando com você! – Mila chamou minha atenção estalando seus dedos em frente ao meu rosto – Onde você está com a cabeça?

Eu já estava na clínica, tinha trocado minha roupa pelo uniforme comum, calça e camisa polo da clínica e deixado minha mochila e celular também guardados. O clima não estava tão frio, mas, não deixei de usar uma camisa de mangas compridas por baixo da polo, escondendo meus braços.

Balancei minha cabeça, tentando me desligar de minhas memórias onde Tate estava próximo e presente, em comparação agora que ele parecia não se importar com nada.

Enrolei o pano úmido que segurava em uma mão e passei nas extremidades do balcão. Mila estava em frente a ele, como uma cliente e eu atrás. Como estávamos em horário de almoço poderíamos conversar tranquilamente.

Na clínica, eu era o faz-tudo, mas preferia me considerar assistente de Mila. Às vezes de maior fluxo de clientes e animais, a dona da clínica mandava sua filha para o balcão, me deixando ajudar Mila com os animais.

O balcão não estava sujo, eu o limpava quase todos os dias, mas, para não precisar manter contato visual com Mila e continuar em movimento, eu passava o pano por mais tempo que o necessário no mesmo canto do balcão, como se, de ontem para hoje, uma sujeira abominável houvesse impregnado ali.

– Aconteceu alguma coisa? – ela continuou depois de perceber que eu não falarei sobre o que eu estava pensando.

– Nada. Não aconteceu nada. – falei rapidamente, talvez rápido demais.

– Greg! – ela segurou minha mão que esfregava o pano cada vez mais grosseiramente no balcão e eu senti sua pele morna na minha.

Era confortável um toque amigo, às vezes.

– Você está bem? – levantei meus olhos para os dela vendo seu cabelo crespo preso em um elástico frágil, deixando assim fios rebeldes caindo em sua testa e bochecha.

– Estou, Mila.

Ela puxou meu outro braço sobre o balcão e virou minhas mãos, deixando as costas de delas encostadas no frio do balcão enquanto as suas batiam nas minhas, brincando de um jeito meio hiperativo.

Este é o porquê da minha morteOnde histórias criam vida. Descubra agora