10 - Naquele momento

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Não esqueçam do voto e comentário <3

Vamos tentar subir nesse ranking aí!

P.S.: tentarei publicar um capítulo por semana.

***

Coloquei o prato e os garfos no chão e fiquei de pernas cruzadas sobre a cama. Não tinha certeza se poderia tocá-lo ou se deveria, sendo assim, fiquei olhando suas costas e seus olhos por poucos segundos até Tate deitar-se de bruços na cama e afundar sua cabeça em meu único travesseiro, deixando sua camisa na beirada da mesma.

Continuei sentado e calado. Estava tão perdido e com receio de que qualquer coisa que eu falasse deixasse Tate ainda pior. Eu preferia que ele começasse a falar sozinho sobre o que aconteceu, não queria perguntar sobre, porque, não queria que ninguém indagasse sobre minhas marcas.

Às vezes era melhor dar espaço para o outro falar e era exatamente isso que eu estava fazendo – ou tentando fazer –, porém uma parte muito grande de mim queria, desesperadamente, começar a falar sem parar.

As marcas em TT estavam ainda mais nítidas para mim e eu supunha que era de sapatos. Sim, Tate tinha marcas vermelhas e roxas de sapatos em suas costas. Não estava horrível ao ponto de eu desviar os olhos de angustia, mas também não eram marcas simples que passariam em um ou dois dias.

Eram marcas que demoraria um pouco mais que meros dias para sararem de uma vez. Não pareciam que deixariam cicatrizes, mas algumas demorariam mais do que outras para sumirem por completo.

– Foi meu pai. – a voz de Tate soou abafada pelo travesseiro.

Eu já imaginava que havia sido seu pai o causador daquele ato infame.

– Isso é ilegal... Você deveria denunciá-lo! – minha voz soou hesitante, mas audível o suficiente para Tate virar-se na cama e sentasse.

– Esqueceu que eu já sou de maior? – Tate sussurrou – Não é ilegal.

Balancei minha cabeça, discordando.

– Tanto faz se você é de maior! Mas ele é quem te cria e não pode te bater desse jeito.

Ele riu sem humor e eu encolhi meus ombros quando seus olhos negros cravaram-se no meu.

– Greg, tanto faz que 'ele não pode'. Ele simplesmente faz! Não adianta merda nenhum, eu tenho que aguentar.

– Mas... – comecei.

– Você vai ao psicólogo? – Tate me cortou – Você se cuida?

Engoli em seco. Não, eu não com raiva de Tate naquele momento e ele, por sua vez, não estava jogando na minha cara as marcas em meus braços. Ele estava sendo sincero e demonstrando que eu não me cuidava, deixando as coisas por isso mesmo, como ele e seu pai.

Eu não cuidava de mim. Não sabia nem sequer por onde começar.

Psicólogo? Com que dinheiro? Remédios? Com que dinheiro? Tratamento? Faltava-me dinheiro e disposição.

Se eu pudesse não iria para o colégio, mas, às vezes, era mais fácil ir ao colégio e sair de casa do que aguentar o medo oprimido que eu sentia por meu próprio pai.

Meu quarto era meu santuário, mas, somente era quando não tinha ninguém em casa. Quando meus pais chegavam, principalmente meu pai, eu conseguia ouvi-lo zinguezagueando pela casa.

Este é o porquê da minha morteOnde histórias criam vida. Descubra agora