Capítulo 2

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Pamella:

Então eu me vi mais uma vez certa.

Conforme o verão acabava, eu via minhas amizades seguindo o mesmo caminho. Nada que eu não esperasse, mas também não era algo que eu quisesse, por mais superficiais que elas fossem.

Por mais que existisse o a gente vai manter o contato, o nossa amizade vai continuar forte e todos os clássicos desse gênero, eu conseguia notar que não era verdade.

Isso não tornava nada nem um pouco mais fácil.

Estar acostumada com isso também não.

Mas eu estava indo pra faculdade agora, começar uma nova vida. Eu queria morar sozinha, mas minhas alternativas eram: 1- achar alguém para morar comigo, 2- procurar uma faculdade mais perto de casa ou 3- ter meus pais mudando de cidade para morarem mais próximos de mim. Não foi difícil escolher.

Não sou uma daquelas garotas rebeldes que odeia os pais; meus pais não são pessoas más, eles só têm o gênio forte. E eu também. E meu irmão também. Mas ele não mora mais com a gente faz alguns anos, desde quando se alistou para o exército.

Meu irmão sempre foi melhor do que eu em praticamente tudo: esportes, amizades, beleza (ele é loiro de olhos claros e não tem sardas, ao contrário da ruiva de olhos castanhos aqui) e acho que tudo que não fosse relacionado a estudos. As pessoas sempre gostavam mais dele e muitas das minhas "amigas" se aproximaram de mim por causa dele. E todas as vezes em que eu tentei me "desconectar" dele de alguma forma, levei bronca dos meus pais, porque isso não é coisa que se deve fazer com membros da sua família.

Como se meu irmão realmente gostasse de mim.

Eu sou uma ponte (não uma daquelas onde passam carros, nem nada. Uma daquelas bem estreitas e em lugares com pouco movimento). Nada mais que isso. Minha função é fazer as pessoas atravessarem; ligar uma coisa a outra.

Mais nada.

Não é como se alguém em sã consciência ficasse parado em uma ponte. A menos que queira se jogar dela - o que acontece bem frequentemente.

Se jogar da ponte é uma forma bem rápida de sair dela.

                                                                                                   ***


- Oi. Meu nome é Samantha. – diz, assim que eu pergunto quem está batendo na porta – Hm... Eu tinha certeza de que esse era o apartamento onde eu vou morar, mas parece que minha chave não funciona, então eu já não tô mais tão certa assim.

Olho para a maçaneta. Minha chave ficou ali. Ops.

Abro a porta antes dela falar alguma outra coisa.

- Foi mal, não sabia que minha chave aqui atrapalhava.

Sorrio para ela e ofereço ajuda.

- Espertona.

É estranho saber que vou morar com alguém que só vi antes uma vez. Mas, pelas horas de conversas majoritariamente sobre filmes e coisas do tipo esporte favorito e hobbies, acho que vai ser bom. Espero que sim.

Uma parte de mim começa a acreditar que vai ser maravilhoso, porque a Samantha é super "saída", como diria minha mãe e nossas conversas têm fluído bem. Mas eu sou eu, então mantenho meu pé atrás.

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