Capítulo 4

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  • Dedicado a Gabriela
                                        


Pamella

É fofo ver como a Samantha fala do Ryan. Eles não param de se falar, então ele acaba sendo nosso principal assunto de antes de dormir.

Ela tem uma foto com ele e a Lauren na carteira. Tem gente que acha isso muito coisa de avó, mas eu acho fofo.

- Na segunda série, o Ryan era o único menino que falava com as garotas. E eu a Lauren éramos duas das poucas meninas que falávamos com garotos. A Lauren cresceu brincando com os primos e vizinhos, a maioria meninos, antes de ir para Holmes Chapel, e eu era unha e carne com o menino que morava na casa ao lado da minha, mas tinha se mudado naquele ano. Acho que nós duas gostávamos de ter um grupo misto. Depois os outros meninos começaram a falar com a gente pra tirar onda, sabe?

- Aham.

Ela ri.

- Mas era muito engraçado, porque o Ryan não gostava muito. Aí eles pararam de tentar tirar onda e meio que não ligavam muito pra serem ou não nossos amigos por um tempo. Na sétima série, ele me fez espirrar suco de cranberry pelo nariz na hora do almoço, contando que alguém tinha caído de bunda em cima de um prego, acho, na aula de marcenaria. E ele me ajudava com todos os deveres de História. E passava cola pra Lauren nas provas.

- pra ela, né?

- Eu colava dela, que sentava mais perto. – e fez uma careta.

- Garota, você não presta.

Na noite seguinte, explica algumas implicâncias que eles têm, assim como os dois tinham feito no caminho até aqui. Ele mora meio longe, mas não foi a primeira vez que fez questão de vir deixar a gente em casa.

- Por que vocês terminaram?

- Ah... – parece uma lembrança desagradável, mas isso é até meio óbvio – Ele começou a gostar de outra garota. No início, foi esquisito manter a amizade. Eles começaram a sair depois de, tipo, umas duas semanas. A Lauren tentou deixar as coisas menos constrangedoras, falando bobagens do tipo "Pelo menos agora eu não preciso mais ficar deixando vocês sozinhos pelos cantos", mas eu não gostava muito, sei lá. Um dia, eu chamei ele pra ir lá em casa e a gente conversou muito sobre isso. Depois desse dia, as coisas melhoraram mais rápido.

- Mas você ainda tem uma "quedinha" por ele. – Falo, mesmo sabendo que é bem mais que uma quedinha, tentando deixar as coisas mais leves.

Ela fica em silêncio e eu me pergunto se está lembrando de alguma coisa, cogitando mentir ou só pensando sobre.

- Mais pra um abismo, mesmo.

- Eles terminaram?

- Eles namoraram acho que só por dois meses. Algo assim. Ela nem saía direito com a gente; não devia gostar muito de mim, talvez. Mas acho que foi melhor, porque eu também não gostava muito dela.

Penso em perguntar o motivo – se é algo além da situação –, mas acho que isso não importa tanto mais.

- Cara, mas isso foi há uns dois anos, certo?

- Aham.

- E vocês não tiveram nada depois?

- Ah... – outra demora – Nada sério.

Faço a minha melhor cara de sobrancelha arqueada, que não é muito boa, porque não consigo arquear uma sobrancelha só. A Samantha fica envergonhada, mas não se esconde – literal ou metaforicamente – da pergunta.

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