Pamella
Ryan vem fazer uma visita.
Finjo que vou fazer um "teste de melhor amiga" com ele, mas a Sam implora para eu não fazer isso.
- Não, Pamella, pelo amor de Deus. Já bastou a Lauren, da primeira vez.
- Como foi o teste da Lauren? – pergunto.
- "Promete fazer a Sam feliz?", "Sim"; "Promete que vocês dois não vão ser um casal meloso que deixa a amiga aqui de vela barra com ânsia de vômito?", "Sim"; "Promete esse último de novo", "Prometo"; "Promete que se você não cumprir alguma dessas promessas eu vou poder te encher de porrada?", "Prometo".
Ia perguntar "Ainda é válido?", mas, sei lá, acho que me sentiria meio ridícula. A Samantha claramente não quer que eu faça nada, então fico mais na minha, mesmo. Só faço cara de "parece bom", porque achei que ficaria meio sem nexo eu não ter nenhuma reação.
- Enfim, se precisarem de mim, estarei no quarto, estudando.
- Ué, - ela diz – mas você queria ver esse filme.
O Mágico de Oz. Tenho quase dezenove e nunca assisti – em parte por preguiça, em parte porque minha família não curte muito esse tipo de filme, então nunca rolou de eu ouvir falar muito sobre.
Embora estivesse mesmo com vontade de assistir, não seria no mesmo sofá onde a Samantha e o namorado estavam já abraçados. Não, eu – realmente – não estava com ciúmes ou coisa do tipo - agora -, mas, fala sério, tenho um pouco de noção.
- A gente não morde, fica tranquila. – o Ryan diz.
- Não, não, eu sei. Eu tenho prova semana que vem. – e realmente tenho, mas eu ensino essa matéria a algumas pessoas da minha turma, então não é como se estivesse desesperada para estudar. – Vou lá. Juízo; essas paredes são finas.
- Você é nojenta! – a Samantha diz, enquanto o Ryan ri.
- A maldade está na mente de quem ouve, gafanhoto.
Ela solta um "Ah, claro" e revira os olhos antes de eu me virar para sair. Quando estou no meio do caminho, joga uma almofada em mim.
- Abusada! – é a última coisa que digo antes de entrar no quarto.
Todas as vezes em que saio dele, os dois estão ou fazendo cafuné um no outro, ou abraçados e trocando carinhos, ou conversando baixinho. Eu fico certa de que fiz a coisa certa indo para o quarto, mesmo que isso me faça sentir voltando para a bolha.
***
Alexia:
Eu fecho os olhos e me lembro do meu quarto na casa dos meus pais. Minha única fortaleza, que acabou se tornando palco de alguns dos meus piores pesadelos – e o lugar onde eu ficava pensando sobre todos os outros. É como se ele, do nada, tivesse passado e exalar coisas ruins.
Lembro de tirar todas as fotos de quando eu era pequena de cima da cômoda branca que fica ao lado da cama, anos atrás. Lembro das paredes – marfim não é uma cor legal para muita gente, mas eu gosto. Antes era roxo -, do espelho enorme que agora vive coberto e fica entre a cômoda e a porta do banheiro, das luzes de Natal – apagadas há anos – contornando porta-retratos vazios e presos nas paredes há anos. Lembro de estar deitada na minha cama, ouvindo música e encarando o nada através da porta do guarda roupa, do teto ou da parede da porta, quando aquele lugar ainda era meu canto seguro. Quando as paredes eram roxas.
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Palavras e "Riscos"
Storie d'amoreDe diferentes cantos da Inglaterra, vêm duas garotas. Pamella é sempre feliz. Alexia é sempre o que se espera que uma adolescente seja. Ambas camuflando todo o resto de todo mundo, cada uma com sua forma de lidar com seus sentimentos. As duas...