Capítulo 11

93 3 0
                                    

Scott:

Três semanas. É o tempo que eu levo desde quando conversei com a Sam até o momento em que o Matt praticamente me obrigou a ser homem e criar coragem, porra!

- Alô?! – não acho que essa palavra já tenha carregado tanta ansiedade e tanto nervosismo antes.

- Oi. É o Scott. Pamella?

- Sim.

Gases.

Eu tenho esse problema: fico com gases quando fico muito ansioso e nervoso ao mesmo tempo. Nada atraente, infelizmente. Mas já faz tempo desde quando decidi parar de me convencer de que essa coisa na barriga é só gases.

- Bom dia. Te acordei?

- Bom dia, Scott. – a voz dela ficou tão fofa que queria que a ligação estivesse sendo gravada e eu pudesse ouvir essa frase todas as manhãs – Sinto te informar, mas você se atrasou em dois minutos pra cumprir esse objetivo.

- Ainda bem. – ela ri – Escuta, eu e o Leo vamos à praia daqui a pouco, topam ir com a gente?

- Sorvete, praia... Você sabe que a gente está no inverno, certo? Deve estar uns 5 graus lá fora. Vocês não querem, sei lá, jogar poker ou coisa do tipo?

- A gente não vai entrar na água, pastel, só ir à praia. Costuma ser bom. A gente deve sair em mais ou menos uma hora. Vocês vão?

Por favor, aceita.

***

Quando a Sam e o Leo estão carregando juntos o cooler com as bebidas, cutuco o ombro da Pamella. Assim que ela vira para olhar para mim, lhe dou um selinho. Ela sorri.

Nós quatro arrumamos as coisas na areia. Sentamos em uma meia-lua meio torta. Ela senta entre mim e a Sam, só que mais perto da Sam, cujo braço ela abraçou e em cujo o ombro ela deitou a cabeça.

Eu tento não ficar descaradamente encarando-a, apesar de saber que a Sam e o Leo sabem de tudo. Mas sair só com ela é diferente de sair com ela e mais gente.

Por que ela fica fugindo de mim quando nossos amigos estão por perto?

Eu prometi a mim mesmo – e ao Matt – abrir o jogo de vez com ela hoje e deixar de enrolar, mas, ao contrário do que eu pensava, não torna as coisas mais fáceis. Aliás, acho até que está me deixando mais paranoico.

- Tá tudo bem? – pergunto.

Minha resposta é um "Uhum" murmurado e um aceno de cabeça.

- A Pamella tá mal humorada porque dormiu tarde ontem e acordou cedo hoje. – a Sam, por algum motivo que só elas entendem, lança um olhar vingativo pra Pamella e depois se volta pra gente – Às vezes ela fica assim quando está com sono. Daqui a pouco passa.

A Pamella se solta do braço da Sam e esfrega o olho. Fofa.

- Não tô – bocejo – mal humorada. Passou há, tipo, uma hora. – outro bocejo no "uma hora" – Agora eu tô um amor, tá bom? – Ela nem faz ideia... – Só que um amor com sono. E meu mal humor matinal nos fins de semana estão sendo causados por aquela aposta idiota.

- Que aposta? - o Leo pergunta.

- Apostei cinco pratas que ela não conseguiria ficar um mês sem tomar café nos fins de semana.

Palavras e "Riscos"Onde histórias criam vida. Descubra agora