Alexia:
- BÚ!
- Ai, caralho!
- Ei, - o Matt tem um jeito estranho de dizer "Ei", é quase como se fragmentasse a palavra em "E-re-rei" às vezes – olhe o palavreado, mocinha.
O que ele está fazendo aqui, justamente no ponto de encontro com as meninas e onde eu não me lembro de já tê-lo visto? Ele não está me seguindo, está?
- Virou stalker? – pergunto, tentando soar engraçada ao invés de psicótica.
- Só nas horas vagas. – ele diz, acompanhado de um sorriso, mas sua expressão logo fica um pouco mais séria. Isso não pode ser bom, pode? – Posso sentar aqui? – diz, apontando para o espaço ao meu lado no banco.
- Ahm, pode.
Chego para o lado e ele se senta. Por um pequeno tempo, o silêncio. Talvez ele também esteja esperando alguém. Pode ter sido só uma coincidência.
Não. Não foi.
Não tem como afirmar isso.
Esses segundos me deixam aflita, de forma que só quero que as meninas cheguem logo.
- Sabe, - o Matt começa a falar. Isso provavelmente vai dar merda – eu deveria pedir desculpas por, mais uma vez, quase te fazer enfartar ao começar uma conversa. – nós dois rimos um pouco para aliviar a tensão – Eu só não pensei em uma outra forma de te abordar.
- Tudo bem.
- Calma, eu ensaiei esse monólogo.
- Ah, sim. – ISSO VAI DAR MUITA MERDA!!!! – Prossiga.
- Como eu mencionei, não sou muito bom com abordagens, então vou recorrer ao meu clássico discurso não tão delicado e sutil para situações como essa e eu realmente espero que você não fique com muita raiva de mim, por causa da nossa falta de intimidade.
Fodeu.
Chego um centímetro para o outro lado, pensando em quando vai ser a hora perfeita para sair correndo e para onde eu devo ir.
- Enfim, eu vi um filete de sangue no seu vestido na festa e algumas cicatrizes naquela noite no bar... Você não devia fazer isso, sabe?
Não sei se fico aliviada ou muito mais nervosa por ser isso o que ele queria me falar. Tudo o que sei é que não quero ouvir Você tem amigos que te adoram e que te querem bem ou Você ainda é jovem. Existem outras saídas ou nenhum outro clichê que, por algum motivo, as pessoas acham que vai ajudar.
- Eu sei que é um saco quando as pessoas ficam insistindo e falando aqueles clichês sem sentido, mas eles não são tão falsos assim, sabe? E, mesmo que você ache que seus amigos não se importam e que você merece dor e coisas ruins, e, mesmo que seus ditos amigos não se importem mesmo, sabe? Mesmo com tudo isso, você deveria parar.
- Você tem razão sobre a gente não ter intimidade pra isso.
- Olha, eu não quero invadir seu espaço, tá bom? Eu sei que, se eu te disser que você é forte e merece o melhor, você vai mentalmente explodir uma bomba na minha cabeça e me chamar de todos os insultos já conhecidos. – eu riria se não quisesse tanto ficar sozinha agora – Mas, mesmo não tendo intimidade, eu já me considero seu... quase amigo, pelo menos. A gente já saiu em grupo quantas vezes? Umas sete? Teve a festa, o bar com Dylan, Josh e companhia, o boliche com a Sam, a Pamella e os caras, o outro bar com o Scott, a Sam e a Pamella, aquela outra festa, ...
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Palavras e "Riscos"
RomanceDe diferentes cantos da Inglaterra, vêm duas garotas. Pamella é sempre feliz. Alexia é sempre o que se espera que uma adolescente seja. Ambas camuflando todo o resto de todo mundo, cada uma com sua forma de lidar com seus sentimentos. As duas...