Capítulo 28

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Matt

Antes que eu perceba, o Edwin não está mais em cima da Alexia, mas sim entre mim e uma pilastra.

Ela corre pela escada, chorando.

Levo o Edwin até o quintal, torcendo seus braços nas suas costas durante o caminho.

Antes que eu perca a cabeça – e como eu quero perder a cabeça! –, amarro-o na mangueira.

- Se eu ouvir dizer, em qualquer lugar, que você fez isso com qualquer garota ou mulher de novo, eu juro que não vou ser tão gentil assim.

Seu nariz sangra – infelizmente, pouco – e ele vai ficar com uns hematomas. Mas o que eu queria mesmo era que ele ficasse pálido, gelado e inerte.

- Você não tem nada a ver com isso, seu filho da puta.

Uso todo o meu autocontrole para não o chutar até que ele perca a consciência.

- Eu acho que você não me entendeu. – quase rosno, tão perto do seu rosto que ele tenta me morder. Em resposta, aperto seu nariz e torço só um pouquinho. Ele geme. Música para os meus ouvidos. – Mas eu estou falando sério.

Volto para a cozinha. Respiro fundo alguma vezes e tento processar a coisa toda enquanto encho uma jarra com água e pego dois energéticos.

Por mais que eu queira, não tenho como deixá-lo do lado de fora, amarrado, a noite toda. Seria bem fácil ele me denunciar e, além de sair impune, ainda me ferrar, se eu não conseguisse alguma prova. E eu não tenho como deixar a Alexia sozinha.

Coloco o celular para gravar e o escondo no bolso. Tomo coragem e volto ao quintal.

- Olha só quem voltou. – fala, expondo um sorriso tão doentio que faz ter vontade de arrancar cada um dos seus dentes com minhas mãos e mais nada – Veio pedir desculpas ou vai me bater de novo?

- Não se pede desculpas por defender uma pessoa encurralada; se chama decência.

- Então você veio pra quê? Quer resolver isso de homem pra homem?

- Eu precisaria ter um outro homem com quem resolver qualquer coisa, pra início de conversa. – respondo. Antes que eu perca o foco, tento encaminhar a conversa para uma confissão da parte dele – Por que você encurralou a Alexia, Edwin?

Ele solta uma risada e sorri de lado. Quero quebrar seus ossos.

- Eu sou homem. Ela é fácil.

- Ela estava com medo. E chorando. E você continuou – tenho que me forçar a dizer o resto da frase – a se esfregar nela, apalpar e encurralar.

- Ela é dramática e já foi mais gostosa, mas dá pro gasto.

Chuto um vaso para não lhe quebrar a cara.

- O quê? Você achou que fosse o único comendo ela?

Eu praticamente não tenho unhas, mas aperto minhas mãos com tanta força que a pressão delas contra a minha pele me faz ter certeza de que minhas palmas vão ficar todas marcadas.

- Quantas vezes você já tentou...

- Tentei? – interrompe. O Edwin solta mais uma risada seca. Mais um sorriso doentio – Tentar é pra maricas. Hoje foi a única vez que eu não consegui. Tudo o que você já experimentou passou por mim antes. De nada.

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