Pamella:
"Vejo que não estás tão longe; eu poderia facilmente alcançar-te.
Poderia.
Poderia, se cada passo que dou em direção a ti não causasse um terremoto que ameaça destruir tudo ao nosso redor. Poderia, se este terremoto não me obrigasse a construir paredes para te servirem de abrigo. Poderia, se estas paredes não me impossibilitassem de te alcançar.
Eu poderia facilmente percorrer a distância entre nós em um piscar de olhos; poderia correr. Poderia, se isto não fosse trazer a destruição de forma mais rápida e intensa. Poderia, se isto não fosse despertar a ira que vem do coração da Terra, só para me dizer que devo observar-te de longe.
Eu poderia facilmente arriscar tudo e fingir que posso lutar contra as forças do mundo. Poderia, se isto não fosse te machucar de forma talvez irreparável. "
O barulho das chaves me deixa em estado de alerta, como se eu pudesse ser pega roubando ou fazendo algo igualmente errado ou talvez até pior.
A verdade é que estou apenas escrevendo, mas a escrita é tão secreta para mim quanto um assalto deve ser para um ladrão; a escrita é uma coisa tão intimamente minha quanto meus próprios pensamentos mais secretos.
Aperto o "x" tantas vezes que o botão do computador poderia ter quebrado, mas o programa não fecha, porque essas coisas tecnológicas adoram adicionar uma dose extra e desnecessária de adrenalina, travando quando precisamos que nos obedeçam rapidamente.
Fecha logo, fecha logo.
Tento sair pelo menos da tela na qual o programa está aberto, mas o computador decidiu seguir seu exemplo e travar. Eu realmente preciso leva-lo para o conserto.
Arranco o pendrive com mais força do que deveria e o escondo em meu bolso, tentando memorizar cada palavra que escrevi, para o caso de não ter conseguido salvar o novo texto no arquivo.
Quanto ao computador, tudo o que posso fazer é fechá-lo rapidamente, um segundo antes da Samantha trancar a porta novamente.
***
Alexia:
Mesmo bar de sempre com as mesmas pessoas de sempre.
Tenho uma prova amanhã, para a qual terei de estudar durante a madrugada.
Cem milhões de coisas passam pela minha cabeça, e sei que não deveria ter ido para a casa dos meus pais no último fim de semana. Eu não deveria voltar lá nunca mais.
Preciso de álcool, o santo remédio que nos faz rir até mesmo de bater a cabeça na parede, que nos faz sentir tão leves e livres como se estivéssemos flutuando, como se tivéssemos o direito de fazer nossas próprias escolhas, e como se o mundo seguisse um fluxo perfeito.
Ah, então você foi rejeitado? Aposto que vai rir disso e começar a dizer como tem um valor enorme, se estiver bêbado ou drogado. É claro, tem gente idiota que se dopa ao ponto de deixar as coisas os colocarem ainda mais para baixo, mas não é exatamente o meu caso. Afinal, como ser pior do que já sou? Não tem como ficar pior do que uma falha total.
Bebo até a cortina de gás do riso me rodear. Não sei o que tem no comprimido que Dylan me dá, mas ele me deixa feliz.
Não entendo o que Josh fala, mas soa engraçado. Todos riem. Acho que todos achamos engraçado. Acho que às vezes coisas que não entendemos são engraçadas. É engraçado ser idiota, porque não ser idiota é uma ilusão, e as pessoas devem rir mais da própria idiotice.
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Palavras e "Riscos"
RomanceDe diferentes cantos da Inglaterra, vêm duas garotas. Pamella é sempre feliz. Alexia é sempre o que se espera que uma adolescente seja. Ambas camuflando todo o resto de todo mundo, cada uma com sua forma de lidar com seus sentimentos. As duas...