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Fernanda Gentile

Chego rapidamente à pensão onde Alyssa e eu ficamos há um ano.

- Tem certeza de que vai ficar aqui? - Rachel pergunta, saindo do carro.

- Sim, vou ficar bem aqui - respondo, pegando minha mala.

- Se cuida, amiga. Assim que puder, venho te visitar - ela diz, me envolvendo num abraço caloroso.

- Venha sim. E, por favor, não conte nada à Alyssa.

- Não vou falar, tem minha palavra - ela diz, entrando no carro e partindo pela estrada.

Observo a pensão e relembro tudo o que aconteceu neste último ano. Passar pela descoberta da gravidez sozinha, lidar com o Tyler, que jamais me amou de verdade... É muita coisa para absorver, mas preciso seguir em frente, de cabeça erguida. Entro na pensão e fico surpresa com as mudanças. O lugar ficou mais moderno, mas ainda tem um toque aconchegante. Vejo Bruna conversando com um homem alto, cabelos castanhos e olhos penetrantes. Quando ela me olha, ele também lança o olhar em minha direção, e fico um pouco envergonhada. Ela termina a conversa rapidamente e vem falar comigo.

- Vocês me abandonaram. E onde está a sua amiga? - Bruna pergunta, olhando ao redor.

- Ela se casou e está muito feliz. Me desculpe, Bruna. Você poderia me hospedar aqui por um tempo? Não tenho para onde ir.

- Claro, minha filha, venha. Vou levá-la para o quarto onde ficaram antes - subimos as escadas, e quando ela abre a porta, fico encantada com as mudanças. As paredes estão pintadas num tom suave de cinza, o piso branco brilha, e a cama de casal deixa o ambiente ainda mais acolhedor.

- A pensão mudou bastante. Como tenho recebido mais hóspedes, dei uma geral no lugar - Bruna explica enquanto coloco minha mala sobre a cama.

- Bruna, estou sem trabalho agora. Você me daria uma semana para procurar um emprego? - pergunto, sentando na cama para descansar.

- Claro que sim. E vejo que está grávida - Bruna comenta, observando-me.

- É uma longa história, mas te conto depois. Só preciso de um tempo para colocar minha vida em ordem - falo, acariciando a barriga.

- Sem problemas. Vou estar lá embaixo. Qualquer coisa, é só me chamar - ela diz, saindo do quarto e me deixando sozinha.

Tenho que encontrar um emprego rápido. Jamais permitiria que meu bebê passasse necessidade. Já perdi minha felicidade ao descobrir que o amor da minha vida nunca me amou, mas farei tudo para que você, meu filho, seja feliz. Você é minha luz em meio a tanta escuridão. Preciso ser forte, aguentar tudo o que vier pela frente. Eu te amo, meu bebê - penso, acariciando minha barriga. De repente, sinto um chute do lado direito. Sorrio emocionada. - Por você, faço tudo, meu filho.

Levanto, tiro a roupa e pego minhas peças íntimas na mala antes de ir ao banheiro. Entro no box, ligo o chuveiro, e deixo a água quente levar embora um pouco da preocupação que me pesa. Termino o banho, me enxugo e visto um vestido soltinho. Depois de secar o cabelo com a toalha, faço uma trança embutida. Ouço uma batida na porta e vou atender. Quando abro, é o homem que vi na recepção.

- Desculpe incomodar. Meu nome é Gael - ele diz, com um sorriso gentil.

- Eu sou Fernanda. Me desculpe, Gael, mas preciso sair para procurar trabalho - digo, fechando a porta.

- Meu tio tem uma lanchonete aqui perto, e ele está precisando de garçonete - Gael fala, tirando um papel do bolso e me entregando. Quando olho, vejo que é o endereço.

- Sério?

- Sim, o salário não é grande coisa, mas dá para sobreviver - ele responde, levantando as sobrancelhas.

- Pelo menos é um começo.

- Quer que eu te leve? Só se não for incômodo - ele pergunta, meio envergonhado. Apesar da gentileza, o que menos quero agora é qualquer tipo de complicação.

- Gael, agradeço muito sua ajuda, mas prefiro ir sozinha - respondo, sorrindo para amenizar a resposta.

- Tudo bem, então. Qualquer coisa, é só me chamar - ele diz, virando-se para entrar no quarto ao lado.

Desço as escadas e vejo Bruna conversando com seis homens vestidos de terno e gravata, iguais aos que eu via na mansão. Assim que saio da pensão, percebo que três deles começam a me seguir.

- Podem parar! Por que estão me seguindo? - pergunto, colocando as mãos na cintura.

- Temos ordens de acompanhá-la, senhora - um deles responde, e sinto a raiva crescendo. Claro que foi o maldito do Tyler.

- Então mandem o seu chefe engolir essa ordem. Não preciso de seguranças - falo, virando-me para continuar andando, mas eles me seguem de novo.

- Eles só vão fazer isso se eu mandar - escuto aquela voz que um dia amei, mas que agora só me causa ódio.

- O que está fazendo aqui? - pergunto, virando-me e encarando Tyler, todo imponente em suas roupas caras. Meu ódio aumenta só de pensar que acreditei nas mentiras dele.

- Eu é que pergunto. Pelo que eu saiba, não te dei permissão para sair de casa - ele responde, autoritário.

- Pelo que eu saiba, você não é meu dono - retruco, firme.

- Desde o momento em que carrega meu filho, sim, vocês dois são minha prioridade - ele afirma, e algo dentro de mim explode. Dou-lhe um tapa no rosto. Os seguranças tentam intervir, mas Tyler ordena que fiquem parados.

- Nunca! Ele é meu, só meu! Desde o momento em que você o renegou, ele se tornou só meu - grito, enquanto ele segura minhas mãos para impedir que eu o atinja de novo.

- Ele é nosso. Amanhã, vou te buscar. Faça as malas. E não tente fugir, você está sendo vigiada - Tyler diz, virando-se e entrando na limousine com José, que já o aguardava de porta aberta.

- Estúpido! Idiota! - grito, correndo de volta para a pensão. Subo para o quarto, tranco a porta e desabo no chão, chorando com as palavras que ele disse.

Como ele ousa dizer que meu filho é dele? Ele o renegou, e agora aparece dizendo para eu fazer as malas? Se ele pensa que vou facilitar as coisas, está muito enganado. Talvez eu vá, mas serei um verdadeiro tormento para ele. Me aguarde, Tyler.

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Nota da Autora:

Oi, minhas lindas! O que acharam do Tyler aparecendo na pensão? Será que ele merece ser perdoado ou deveria sofrer um pouquinho? Quero muito saber a opinião de vocês! Comentem, votem e compartilhem! Beijos 😘

Destinado Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora