Trinta

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Acordei uma hora mais cedo do que costumo acordar. Tomei um banho demorado, coloquei uma lingerie preta e fiquei desfilando no meu closet em busca de uma roupa pra matar. Iria mesmo almoçar com Lucas e eu queria estar linda. Quero que ele veja a mulher que eu sou agora.

Coloquei uma saia preta justa até metade das coxas, uma blusa de seda branca e blazer preto, com saltos 15 também pretos. A blusa tinha um pequeno decote, então coloquei um cordão simples de ouro. Fiz uma boa maquiagem mas nada pesado, um olho gatinho, bastante rímel e um batom rosa para dar cor. Dormi com bobs no cabelo, então hoje ele está perfeitamente cacheado. Me olho no espelho totalmente satisfeita com o que vejo. Minhas curvas marcadas e bumbum sem tanta chamar atenção. Ele vai babar.

*********

Trabalhei a manhã toda concentrada, estava tudo indo muito bem. Quando deu 11h00min decidi sair para o restaurante.

- Cléo, não volto hoje. Até amanhã.

- Até amanhã, Mel.

Espero o elevador pacientemente e quando ele chega está praticamente vazio, apenas com Marlon nele. Marlon é acionista da empresa, tem apenas 15℅ mas se acha o dono. É tão egocêntrico que me dá nojo e não perde a oportunidade de dar em cima de mim.

A empresa em si é composta por 4 acionistas. Marlon tem 15% das ações. Seu pai ajudou o meu quando ele estava ainda no início, por isso meu pai o presenteou com uma porcentagem.

Desde pequenos, eu e Enzo temos 10% das ações da empresa, cada. Meu pai queria garantir nosso futuro, e os outros 75℅ eram totalmente dele. Mas quando eu resolvi assumir a presidência e estava apta para isso, ele me passou 50% das suas ações, ficando apenas com 25% e eu com 60%. Confesso que me incomodou no início mas ele disse já ter conseguido tudo o que almejava e estava satisfeito com isso.

- Bom dia, Mel. Já indo almoçar? E com a sua bolsa? Por acaso está indo embora?

Eu odeio esse cara. Aperto o botão do térreo para disfarçar meu ódio.

- Bom dia, Marlon. Acho que não é da sua conta. O que está fazendo aqui? Não marquei nenhuma reunião hoje.

- Sim, mas como sou o segundo maior acionista gosto de vir aqui saber como estão as coisas. Já estou indo embora.

- Tudo bem.

Estávamos no sexto andar quando o elevador parou e a luz começou a piscar.

- Puta que pariu, tá de brincadeira!

Marlon se divertia com o meu aborrecimento mas tudo que eu menos queria era ficar presa com ele aqui.

- Calma, princesa. Podemos aproveitar esse tempinho juntos.

Ele tenta se aproximar de mim mas eu o empurro.

- Sai de perto de mim! Antes que eu processe você por assédio. Isso não podia acontecer. Socorro! Meu Deus, isso tinha que acontecer justo hoje?- Reclamo querendo chorar. Eu iria me atrasar para o almoço com Lucas.

- Relaxa, amorzinho. Vamos conversar um pouco.

Rosno para ele e isso o faz calar a boca. Ele não me conhece quando estou com raiva. Depois de exatos 47 minutos o elevador se normaliza e eu saio às pressas em direção ao meu carro.

Eu sei que não dá tempo mas se ele me esperar a gente consegue conversar ainda. Quando foi que eu fiquei com tanta vontade de me encontrar com Lucas? E para piorar pego um trânsito da porra.

Nunca tem trânsito essa hora!

Nunca, nunca, nunca!

Já são 12h34min, estava quase na metade do caminho e meu carro simplesmente parou. Parou de funcionar.

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