Vinte e oito

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Mais uma semana se iniciou. Tomei um banho rápido e vesti um dos meus habituais vestidos de empresária. Era até a altura dos joelhos, de alças grossas, tinha um discreto decote, na cor rosa. Combinei com saltos marrons e peguei minhas coisas. Já estava atrasada e não tomei café da manhã, sabendo que daqui a algumas horas sentiria dor de cabeça.

Chego a empresa e muitos funcionários já estão trabalhando. Eu adoro vê-los assim, na correria mas felizes. Tento sempre fazer com que aqui seja um lugar agradável para todos. Assim que chego no meu andar, Cléo, minha secretária vem até mim.

- Bom dia, Cléo !

- Bom dia, Melanie.- Cléo é minha secretária desde que assumi a presidência e dou à ela a liberdade de me chamar pelo nome.

- Qual é a agenda de hoje?- Pergunto chegando a minha sala e me sentando na enorme cadeira de couro.

- Hoje o dia está bastante cheio. Uma reunião às 9 com os acionistas da empresa, parece que eles não estão satisfeitos com os relatórios mensais. Há também um almoço com aquela agência de modelos para os comerciais de perfume, eles querem mostrar as mudanças que foram feitas e no fim do dia mais uma reunião.

- Achei que fossem apenas duas.

- Eram mas os sócios da empresa MCC querem uma reunião com você. Parece que estão passando por problemas e querem fazer um acordo.

- Meu Deus, mas eu já disse que vou comprar a empresa falida deles e ainda querem mais uma reunião?

- Sim. Exigiram que fosse hoje então eu marquei para às 16h.

- Tudo bem, Cléo. Obrigada.- Ela pede licença e se vira para sair mas sem querer olho para o sofá da minha sala e vejo um simples buquê de rosas amarelas.- O que é isso, Cléo?- Pergunto antes que ela feche a porta.

- Ah, sim. Um entregador deixou aqui pouco antes de você chegar.

- Tudo bem, obrigada.

Quando ela sai corro até as flores, ansiosa para saber quem me deu. Procuro o cartão e depois de muito custo o acho.

Quis variar nas flores. Sei que aconteceram muitas coisas no passado e que magoei muito você mas vi no seu olhar que ainda temos coisas que precisam ser resolvidas. Não quero te cobrar nada, mas os meus sentimentos por você continuam claros e vivos em mim. Amanhã estarei no mesmo restaurante de sábado às 12h00min. Se você também acha que precisamos conversar, estarei lá te esperando.

Atenciosamente, L.

Me jogo no sofá totalmente desnorteada. Não sei o que pensar, ou o que fazer.

Como isso aconteceu tão de repente?

Depois de sete anos! Não foram sete meses. Ele é tão cara de pau, como teve coragem de se aproximar assim? Mandando flores como se fôssemos íntimos?

Isso não pode estar acontecendo!

Ando até a minha mesa e peço que Cléo traga um copo de água com açúcar pra mim. É capaz de eu ter um treco com a raiva que estou sentindo.

Respira, inspira. Respira, inspira.

- Mel, está tudo bem?- Não tinha percebido a presença de Cléo. Quando vejo o copo na sua mão o pego e tomo o líquido de uma só vez.- Você está pálida. Quer que eu chame um médico? Não acha melhor ir pra casa?

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