Um Recomeço

Epílogo

Lucas

Chegou o dia em que, finalmente, ela será minha. Eu estava nervoso, não podia negar. Vestia um terno cinza e os cabelos estavam penteados para trás. Bem mauricinho, mas estava bonito.

O lugar que será realizado nosso casamento já está todo arrumado. Mel quis fazer o casamento no instituto, por ser um lugar significativo. No início eu fiquei receoso mas depois vi que era o local perfeito. Será realizado na parte da frente, já que não estamos na primavera e o jardim dos fundos já não está tão florido.

As cadeiras eram brancas e tudo estava enfeitado com flores. Havia um altar improvisado onde ficaria o pastor, nós e os padrinhos. Os padrinhos da Mel são Enzo e Carol, e os meus são Mateus e Eduarda. Eles não estão aqui, estou totalmente sozinho.

Fico em uma parte um pouco afastada, revisando meus votos de casamento quando vejo um carro importado estacionando. Me surpreendo quando saem minha mãe e Clara do banco de trás, e segundos depois, meu pai sai do bando de motorista. Eu mandei o convite para eles, embora não tivéssemos tanto contato. Meu pai está bem diferente, mais magro e com cabelos bem grisalhos. Minha mãe continua linda, com um vestido amarelo longo e os cabelos, também grisalhos, presos em um coque. Clara está com um vestido rosa rodado.

Assim que me vê, Clara corre até mim.

- Que saudade, maninho.

- Saudades também, pirralha. Como você está?

- Bem. Eu vou deixar você conversar com nossos pais.

Ela sai e logo me vejo dentro de um abraço apertado com a minha mãe. Ela sussurra inúmeras coisas no meu ouvido e logo depois sai. Fica somente eu e meu pai. Depois de 7 anos sem sequer trocarmos um "oi". Ele já não tem aquela postura intocável de antes e eu não sinto nenhuma mágoa dele.

- Recebi seu convite de casamento.- Ele diz depois de um longo tempo.

- Que bom que vieram.- Não sei exatamente o que dizer. Ainda me sinto pisando em ovos.

- Pode não ser o momento ideal mas eu sinto muito, Lucas. Fui um péssimo pai pra você. Não soube valorizar seus sentimentos e nem respeitar suas vontades. Estava totalmente cego, mas com esses anos longes eu abri os meus olhos. Quero muito que me perdoe, filho. Eu não tenho condições de pedir nada à você mas eu preciso do seu perdão.- Sua voz está embargada e ele chora. Nunca vi meu pai chorar.- Você é o meu filho. Meu único filho. Preciso que me perdoe.

Ele se aproxima de mim, diminuindo a distância entre nós.

- Eu já te perdoei pai.

Puxo-o para um abraço e ficamos um longo tempo assim. Pai e filho fazendo as pazes, apenas isso.

- Eu fico muito feliz.- Ele se afasta sorrindo.- Você se tornou um homem bom e de caráter. Tenho muito orgulho de você.

- Obrigado.

- Estou voltando para o Brasil com a sua mãe e irmã. Espero ir no seu restaurante um dia desses.

- Será bem-vindo. Agora precisamos ir.- Confiro no relógio.- Já está quase na hora. E pai?- O chamo.- Mel está grávida.

- Que ótimo filho. Você será um pai melhor do que eu jamais fui.

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