Pov LucasVer o quanto a magoei acabou comigo. Eu já sabia que isso iria acontecer mas não queria que fosse dessa forma. Queria contar com calma, e dizer que me apaixonei mesmo tendo começado de uma maneira torta. Eu fui o culpado. No início eu achava que ela não passava de uma garota mimada, assim como Bianca. Mas eu me enganei e quando eu percebi já estava completamente apaixonado por ela. Eu queria que tivesse começado de uma maneira melhor, eu não queria mentir pra ela mas quem eu quero enganar? Por muito tempo deixei que meu pai ditasse a minha vida. Deixei todas as minhas vontades de lado e fiz tudo o que ele queria, mas ouvir ele chamando minha Mel de vadia foi o fim .
Aconteceu quando ele soube que não teria negócio entre nossas empresas. Ele ficou revoltado mas Henry fez o certo e eu estava torcendo para que isso acontecesse. Meu pai nunca foi um exemplo pra mim, principalmente depois que traiu minha mãe e arrumou uma filha fora do casamento. Eu amo a Clara, ela é uma menina delicada que precisa de carinho e atenção, mas também é a prova viva de que não posso ser como ele.
Mas eu a perdi. Eu a perdi pois não sou merecedor. Eu não quero desistir dela mas sei que não a mereço. Eu sou um covarde e ela é tão corajosa.
Mateus me avisou. Desde o início ele me dizia que Mel não era esse tipo de garota mas eu não acreditei. Eu preferi ouvir meu pai ao fazer o certo. Ela não é como Bianca. Essa cadela armou pra mim. Mel chegou e do jeito que estávamos era como se estivéssemos transado, mas não. Ela entrou no meu apartamento enquanto eu dormia e simplesmente deitou ao meu lado, como se eu fosse burro à esse ponto e acreditar que houve alguma coisa.
Já estava louco no meu apartamento, mal conseguia respirar e meu coração batia forte. Mas fico apreensivo quando escuto sirenes na rua. Por instinto olho na janela e vejo uma ambulância. Não sei bem o que houve mas minha consciência diz o que aconteceu e penso logo na minha Mel. Coloco uma calça de moletom que já estava ao meu alcance e desço as pressas.
O elevador parece demorar uma eternidade mas assim que chego na rua vejo 2 paramédicos colocando-a dentro da ambulância. A sensação é terrível. Corro até eles mas me afastam.
- Por favor, é minha namorada!- Digo mesmo não sendo mais verdade.
- Você não pode ir na ambulância, o estado dela é grave. É melhor você ir atrás de nós, vamos levá- la para o hospital mais próximo daqui.
Um deles fala e já fecha a porta da ambulância. Me desespero. Não sei o que faço primeiro, colocar uma roupa mais adequada, avisar sua família ou ir de uma vez para o hospital.
Mas não posso ir pra lá apenas de calça moletom, então me viro para ir colocar uma roupa mais apropriada.
Nunca fiquei tão desesperado. Em tempo recorde coloco uma regata preta e chinelos de dedo. Minha Mel precisa ficar bem, se não nunca vou me perdoar.
*****
Ela teria que fazer uma cirurgia de emergência mas ninguém veio falar algo até agora. Eu liguei para Enzo. Não disse o que tinha acontecido, não queria deixar preocupado com milhares de quilômetros de distância, apenas pedi o telefone de sua mãe e inventei uma desculpa qualquer.
Seus pais logo chegaram, estavam desolados. Laura não parava de chorar um segundo se quer e eu só pensava que a culpa era exclusivamente minha.
Eu não queria nem pensar nisso, estava a beira do descontrole. Eu só queria que essa cirurgia acabasse logo e ouvir de sua própria boca que ela estava bem, mesmo se ela não quisesse nem olhar na minha cara.
A cirurgia acabou depois de 2 horas e tivemos que esperar mais 5 para ela acordar. Seus pais foram os primeiros a entrar. Eu queria muito olhar nos seus olhos mais uma vez, nem que fosse a última vez. Mas ela não me permitiria.
E assim aconteceu. Seus pais saíram do quarto e Henry logo falou:
- Não sei e prefiro nem saber o que você fez, mas ela não quer te ver e mandou você ir embora.
Eu apenas acenei. Eu não iria embora, de jeito nenhum. Já passava das 9 da noite e eu estava escondido do lado de fora. Isso parece ridículo mas estou desesperado para vê-la. Fui até uma floricultura que fica bem próximo ao hospital e comprei um pequeno buquê de rosas brancas, a mesma que eu dei no aeroporto, antes disso tudo vir à tona. Logo seus pais foram embora e eu entrei no hospital. Disse na recepção que era um entregador e que mandaram entregar pessoalmente à ela. No início ela não quis liberar minha entrada, mas joguei um charme e como a maioria das mulheres, ela cedeu.
Seu quarto era o número 324, no terceiro andar. O hospital é particular, os corredores são largos e bem decorados. Por ser noite está bem vazio.
Empurro a porta bem lentamente. A televisão está ligada em um noticiário e Mel está deitada dormindo. Me aproximo, sentindo seu cheiro suave de morango misturado com o cheiro de hospital. Seus braços e rosto tem diversos arranhões. Ela recebe algum tipo de medicação no pulso esquerdo, está pálida e com grandes olheiras. Mas não deixa de estar linda. Vejo que ao lado da cama já tem um vaso com outro buquê de flores. Tiro e coloco as que eu trouxe. Não precisa de cartão, eu sei que ela vai saber que fui eu.
Delicadamente pego sua mão direita, pálida e fria. Dou um beijo em cada dedo, sabendo que será o último toque. Suas unhas estão pintadas de rosa claro, ela não gosta de cores escuras nas unhas. A roupa de hospital a deixa engraçada, me imagino brincando com ela sobre isso.
Tomo um susto quando alguém entra no quarto mas respiro aliviado quando vejo que é uma enfermeira.
- Quem é você? Não deveria estar aqui.
- Desculpe. Vim apenas deixar aquelas flores pra ela, você pode colocar água depois?
- Sim. Eu vim apenas trocar a medicação dela.
- Ela está bem?- Tento não mostrar tanta ansiedade.
- Eu iniciei meu plantão agora mas pelo que li no seu prontuário só saberemos melhor quando ela acordar. Passou por uma cirurgia delicada mas está consciente. Infelizmente perdeu...- Ela para de falar e me olha assustada.
- Perdeu o quê?
- Nada. Eu acho melhor você ir embora, não está em horário de visita.
- Tudo bem.
Me dou por vencido, não quero que ela saiba quem sou de verdade. Dou mais um beijo em sua mão e outro em sua testa. Saio do hospital sabendo que estou deixando para trás uma parte de mim.
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Um Recomeço
Genç Kız EdebiyatıMelanie sempre foi uma menina doce e determinada. Prestes seguir os passos de seu pai Henry, ela se vê perdidamente apaixonada por Lucas. Mentiras, decepções e mágoas os afastam. Depois de anos, quando tudo parece estar dando certo um drama atinge t...