" Sonhava todos os dias que era de novo uma sereia, e que falando por notas musicais atraía o visitante para o seu jardim de sons imaginários...
Mas sempre acordava muda e se sentindo diferente de todas as outras querendo descobrir a origem das estrelas..."🐳🐳🐳🐳🐳
- O que faz aqui? Vá para cima do palco! - diz minha chefe bastante furiosa.
Quando disse a vocês que eu consegui um emprego em um restaurante chique não disse exatamente o que eu faço. Esse ambiente de trabalho é um lugar bem legal, e além do mais... Fiz muitas amizades aqui.
- Cante as melhores músicas - disse minha chefe - Hoje virá alguém importante então... Não me decepcione!
Assenti e subo encima do palco que fica no fundo do restaurante num canto pouco iluminado. Canto uma música da Birdy. A música tem um pouco em comum comigo, por ela ser uma sereia no clip. Enquanto canto suavemente ao ritmo do piano, vejo as pessoas virarem sua atenção para mim o que é raro de acontecer. Pode ter certeza que eu não canto bem só porque eu sou, digo... Era uma sereia. Eu tinha uma amiga em Undya que vai por mim, ela cantava muito mal!
Depois de cantar várias músicas a hora que eu tanto esperei chega. Finalmente!
- Maena - disse minha chefe enquanto estamos dentro da cozinha - veja as coisas que estão fora do lugar e organize, você fechará o restaurante hoje.
Assenti e vou verificar se alguma coisa está fora do lugar e vejo que não. Assim que saio da cozinha percebo que os peixes do aquário estão agitados e caminho ate lá.
- O que foi meu amores? - digo para eles baixinho. Coloco o dedo no aquário e todos eles se aproximam da minha mão, amo fazer isso, eles sabem me reconhecer de algum modo, sabem que eu sou uma sereia.
- Conversa sempre com animais quando está solo? - pergunta a voz de um garoto.
Me viro assustada e o vejo finalmente um homem ou garoto com um terno azul de linho sentado em uma das mesas fazendo algumas anotações
- Quem é você? - pergunto sem me aproximar. O que ele faz aqui as onze da noite? E o pior... Na hora exata de fechar o restaurante o restaurante esta fechado!
- Perdón senhorita - disse com um sotaque diferente, se não me engano espanhol - mas a porta estava aberta, e estoy aqui desde quando o restaurante se abriu!
Verifico a porta e vejo que ele está certo, como sou distraída!
- Devo ter esquecido de fechar. - digo me aproximando - mas ainda assim estou fechando o...
- Só um minuto. - disse ainda fazendo as anotações sem tirar os olhos dos papeis.
Reviro os olhos. Odeio chegar atrasada em casa, e além do mais... Moro longe daqui, com certeza perderei meu segundo ônibus
- Olha, se eu não for indelicada.
- Acabado! - disse ainda com o sotaque diferente.
Ele tira os olhos dos papeis e
me encara. Fico paralisada. Seus olhos são azuis como a água do mar, suas bochechas coradas e seu sorriso encantador, seu cabelo meio atrapalhado como se ele estivesse acabado de ter um sono profundo.... Eu nunca vi um ser tão maravilhoso!Tusso algumas vezes para disfarçar o meu olhar...
- Poderia se levantar da mesa - digo educada - tenho que arrumar essa bagunça.
- Vejo que é bastante distraída senhorita! - ele diz e começa a rir com a cabeça abaixada.
- O que? - franzo o cenho confusa. O que eu deixei passar dessa vez?
- No é tan simples eu me levantar sozinho, vou precisar de ajuda. - disse sarcástico.
Presto mais atenção nele e quando abaixo o olhar meu sangue gela!
- Pelas Algas Undyanas! - digo com a mão na boca enquanto me aproximo ainda mais e sem querer esbarro em sua pasta preta deixando cair todos os seus papeis dentro - Oh! Me perdoe! Eu não... Eu não tinha visto.
O som da sua gargalhada alta e sincera soa como eco no restaurante vazio. Abaixo no chão para recolher papéis.
- Yo... - disse ele tentando falar em meio aos risos - yo no sei se estoy rindo por ser tão distraída ou... Pelas algas Undyanas? - ele movimenta sua cadeira de rodas saindo um pouco de perto da mesa.
- Ah... É que - ainda bem que estou abaixada e ele não esta vendo meu rosto. Já falei que sou péssima em mentir? Sempre quando minto fico totalmente pálida, minha pele negra fica igual ao de um chinês no pólo norte - Minha irmã, ela... Gosta de peixes!
- O que? - Ele pergunta confuso - Perdón no entendi!
- Esquece. - digo colocando os papéis na mesa, como esse tanto de papel pode caber dentro da quela mini maleta? - esta ficando tarde... Moro longe daqui, você precisa ir.
- Ah no no no, - disse em espanhol - deixe-me te levar você até a sua casa senhorita!
- Não precisa - digo sem graça - eu vou sozinha, chamo um táxi.
- No, de jeito nenhum! Qual é mesmo o su nome?
- Meu nome é... - Ah meu Deus eu não quero entrar num carro de um desconhecido.
- Nicolas, podemos ir? - disse um homem que acaba de entrar no restaurante, ele usa um terno preto e é bastante velho.
- Vamos? - ele diz sorrindo.
- já disse que eu chamo um táxi. - dou um sorriso sem mostrar os dentes.
Ele assente um pouco insatisfeito e sai do restaurante dirigindo sua cadeira de rodas elétrica. E só então quando ele sai percebo que deveria aceitar a carona, esta quase dando meia noite e ainda não sai daqui.
Nicolas... Penso com um sorriso no rosto mais o desfaço assim que percebo. Já conheci alguns garotos daqui, mas nenhum tão gentil quanto ele, o que me faz ficar curiosa quanto ao que acabou de acontecer, mas não é da minha conta e nunca vai ser, não que eu gostaria que fosse, quero dizer, ninguém além de Duda se importa comigo de verdade.
Enquanto arrumo a mesa de Nicolas vejo um papel velho debaixo da mesa provavelmente de quando eu deixei cair quando esbarrei em sua mesa e me surpreendo. No papel ha um desenho! Um desenho de uma sereia, que tem o rosto assustado, e seus longos cabelos azuis estão atrapalhados... E é claro que a reconheci, porque essa sereia, sou eu... Mas como?
Arrumou a mesa de Nicolas correndo e vou para meu ponto de ônibus preocupada enquanto encaro a folha, e somente quando tiro os olhos do papel percebo que a rua esta deserta. Olho para os dois lados mas nenhum sinal do meu primeiro ônibus. "Droga, deveria ter aceitado a carona de Nicolas!" penso. Enquanto procuro o meu dinheiro dentro da minha bolsa desvio a atenção para um homem do outro lado da rua usando uma capa de napa preta, ele usa uma mascara verde escuro e tem alguma coisa afiada em suas mãos. Congelo, e parece que tudo ao meu redor se congela também. Ele vem andando ate a mim lentamente e eu vou me afastando conforme ele se aproxima de mim. Minha morte, na frente dos meus olhos!
Penso em gritar, em correr mas talvez pode ser pior, apesar da mascara que parece pesada em seu rosto ele me encara como se quisesse me devorar, como se quisesse fazer algum mal.
- Você... - ele diz enquanto termina de atravessar a rua, e só então percebo que estou encolhida e tremula. Aperto os olhos sentindo meus olhos mudarem de cor para o Roxo que significa medo e coloco minha bolsa no chão caso ele queira a minha bolsa.
- Garota? Esta bem? - pergunta o motorista do ônibus que esta bem parado em minha frente e só então o barulho ao meu redor volta e o meu ar também.
Oh Luscos Megalodon, o que foi isso?
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Maena [Concluído √]
FantasyEpílogo A pior parte de deixar de ser sereia, foi abandonar todo o meu mundo. Mas tenho outra vida agora, preciso olhar para frente, aprender a me habitar, mas as lembranças e as consequências do que eu fiz sempre voltam a tona. Meu nome é Maena, e...