Pietro
- pronta ? – paro na entrada do restaurante que marquei com meu pai.
- sim, vamos logo. – Chyarah me puxa até a mesa onde meu pai está. Me sento de frente a ele, e ela ao meu lado.
- fiquei feliz com o convite. – ele acena pra mim e olha ela. Não solto a mão dela, imagino como deve ser esta encarrando o homem responsável de sua mãe a ter abandonado.
- vamos ser diretos nisso, ainda tenho coisas pra resolver na editora. E depois pega o voo pro Rio. – digo.
- ela tá viva ?- meu peito se aperta com a dor na voz dela em fazer essa pergunta.
- sim. – meu pai se remexe na cadeira. – mora em Copacabana com o atual marido.
Rah suspira alto... meu pai prossegue.
- ficamos só uns meses juntos depois de ... irmos embora, ela o conheceu e se apaixonou. Me abandonou para ficar com ele e desde de então pelo que sei, ainda esta com ele. – Rah aperta minha mão.
- e nunca me procurou. – ela abaixa a cabeça, funga baixinho, vejo algumas lagrimas cair em seu colo. Se eu pudesse, sentiria essa dor por ela.
- eu pedi para que ela não procurasse. – encarro meu pai, sem acreditar no que falou.
- como assim ? por que faria isso ? – controlo minha voz, pra não ser grosso demais.
- o cara tem várias denuncias em suas costas por abuso sexual... sei que estraguei sua vida, levando sua mãe embora, eu sinto muito por isso. Mas não permitiria deixar ela se aproximar de você com esse homem por perto. Sei que não sou ninguém pra fazer isso, mas dane-se. – Rah o encarra surpresa, assim como eu. Nunca vi meu pai nervoso assim, ele briga comigo, mas agora é diferente.
Me pegou com essa atitude.
- agradeço. – ela sussurra.
- vamos comer, assim você me conta como é trabalhar com esse teimoso aí. – ela concorda.
Fazemos nossos pedidos e a conversa flui normalmente e animadamente. Depois de anos discutindo, esse é o primeiro almoço que estou na mesa com meu pai sem alterar a voz em nenhum momento.
Ele distrai ela, perguntando sobre tudo... confesso que me deu um pouco de inveja, mas acima de tudo, fico feliz em vê que ela não esta mais triste como antes.
- obrigada pela companhia Paulo.- ela o abraça rapidamente, o pegando desprevenido. Estamos na calçada em frente ao restaurante.
- eu que agradeço, pequena. – ele a beija na testa. – te vejo em alguns dias, Pietro. – me estende a mão, a aperto.
- sim pai, até. – Chyarah me dá a mão, e seguimos de volta pra editora, no caminho oposto do meu pai.
A pego sorrindo sozinha em alguns minutos no decorrer da tarde. Me dava selinhos do nada, ou apertava minha bunda quando eu passava ao lado dela.
Essa é minha Chyarah.
***
- Jorge. – Rah dá uma piscadela com um sorriso travesso para nosso segurança/motorista.
Fiquei feliz quando ele me falou que tinha feito amizade com ela. Imaginei que ela gostaria dele mesmo, o conheço a 5 anos.
- Chyarah. – ele a ajuda a entrar no banco do passageiro do carro.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amigo Virtual
ChickLitVenha conhecer a história de Chyarah e Pietro... e se apaixonar por ambos. "Algumas quedas servem para que levantemos mais felizes. - William Shakespeare"