Capítulo 19 - Parentes do Davi Medrado

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  Eu já não sabia mais quanto tempo estávamos sendo feitos de refém naquele banco, tudo o que eu sentia era pavor. As pessoas ao meu redor choravam e pediam a Deus guardar suas vidas em seu repentino ato de fé.

- Ei você. - o mesmo homem que me abordou do lado de fora aponta a arma para mim.

- Eu? - faço uma pergunta óbvia e engulo em seco.

- Vem aqui. - sem nenhuma cerimônia ele segura meu braço com força e me faz levantar.

- Me leva no lugar dela. - Davi se levanta e tudo o que eu escuto é um tiro.

  Levo as mãos ao ouvido pelo barulho ensurdecedor.

- Mas que merda você fez?! - o homem que até então me segurava empurra seu comparsa.

- Eu achei que ele iria fazer algo! - ele responde empurrando de volta.

- Parado, polícia!- exclama um homem fardado e  vários outros policiais surgem atrás dele aproveitando o descuido dos assaltantes - Agora abaixa a arma e a coloque no chão.

  Os assaltantes faz o que ele pediu e são algemados logo em seguida. Procuro pelo meu irmão e o vejo escorado na parede com as duas mãos na barriga.

- Davi!- corro até ele e rasgo sua camisa no mesmo instante para ver o ferimento - Ei, olha para mim não me deixa. - o balanço seu rosto mas ele estava fraco e quase fechando os olhos - ALGUÉM CHAME A AMBULÂNCIA!- grito e algumas pessoas vem até mim.

- Por favor se afaste dele. - uma policial pede segurando meu ombro mas me solto com rigidez.

- Eu não vou sair daqui. - falo com determinação - Preciso de panos limpos agora! - exclamo para qualquer um que estivesse ao meu redor.

  Quando a ambulância chegou eu só conseguia olhar para minhas mãos cheias de sangue do meu próprio irmão.

- Vamos moça, você precisa entrar na ambulância. - o dos responsáveis pelos primeiros socorros diz enquanto me ajuda a levantar.

- Eu preciso dele... - murmuro vaga enquanto ele me conduz.

- Seu irmão vai ficar bem, a bala não acertou nenhum órgão mas a perda de sangue é grande. - diz fechando as portas da ambulância.

(... )

   Três horas depois hospital particular de São Paulo...

- Alana! - escuto a voz do Luan e me viro rapidamente, ele corre até mim pelo corredor do hospital.

- Eu preciso dele Luan. - o abraço forte enquanto choro.

- Ele vai ficar bem. - ele me aperta em seu abraço e beija o topo da minha cabeça.

- Parentes do Davi Medrado. - um médico chama.

- Sou eu. - me solto do Luan e fico frente a frente com o homem de jaleco - Como ele está?

- A perda de sangue foi grande e ele tem o tipo mais difícil de encontrar doadores... - o médico diz.

- Eu posso doar, sou irmã dele, somos gêmeos. - me desespero em explicar.

- Se acalme Alana. - coloca as mãos em meus ombros.

  O médico faz todo o procedimento junto aa enfermeiras para a retirada do meu sangue. Luan estava ao meu lado a todo momento segurando a minha outra mão e fazendo careta para a agulha no meu braço.

- Não está doendo. - falei calma para tentar passar para ele tranquilidade.

- É só que é... grande. - ele sorri sem graça.

- Você tem medo de agulhas Luan? - encaro bem meu namorado que nega rapidamente com a cabeça.

- Não, é só que não me dou muito bem em ver o sofrimento humano. - explica envergonhado.

  Sorrio com sua bondade e deslizo minha mão para o seu rosto e acaricio.

- Você é um anjo. - minha voz sai mais arrastada e fraca.

- Você está bem? - pergunta preocupado pois minha mão amoleceu assim que a enfermeira retira a agulha.

- Só um pouco fraca. - murmuro me sentindo sem forças.

- O que fizeram com ela? - ele se desespera perguntando a enfermeira.

- Ela dôo os 10% de seu volume sanguíneo esse é o limite. Então pode acontecer fraquesa ou queda de pressão se a dela for baixa. - ela explica vagamente.

- Está tudo bem Luan, só preciso de alguma coisa para comer. - tento me levantar me escorando na poltrona.

- Vem eu te ajudo. - Luan me segura pela cintura e me ajuda a caminhar - Senta aí que vou ver se acho alguma coisa para você comer. - ele diz assim que encontra outro banco.

Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos enquanto o espero. Outra pessoa se senta ao meu lado e pelo perfume doce sei que é Bruna, ela edtava soluçando. Apenas viro minha cabeça para o lado e sorrio franco para ela e seguro sua mão.

- Ele vai ficar bem, não vai? - seus olhos estão vermelhos e ela ainda segura para não chorar.

- Vai sim. - uso o resto de otimismo que tinha sobrado em mim.

- Assim que Luan me avisou eu vim e também há notícias em todos os sites e jornais. - ela diz sem ânimo e assinto - O que houve com você? - pergunta pondo a mão na minha testa.

- Tive que doar sangue para ele. - explico sem dar muitos detalhes, não queria preocupa-la.

- Pronto aqui estou. - Luan chega com um suco de caixinha e uma empada - Foi a melhor coisa que achei. - diz me emtregando - Conversei com o médico agora a pouco e ele recomendou que te levasse para casa, que você tomasse um banho e esfriasse a cabeça.

- Eu não vou sair daqui. - digo enquanto desembrulho a empada.

- Vai sim, você precisa descansar. O Davi já está bem, ele só precisa descansar também e os remédios estão fazendo que ele durma por um bom tempo. Agora come que vou te levar para casa. - aponta para o lanche em minhas mãos, olho para Bruna para me salvar e ela levanta as mãos se rendendo.

- Ele tem razão, não vai adiantar muita coisa você ficar aqui. - ela diz com cuidado e eu reviro os olhos.

   A contra gosto Luan me levou para sua casa e de lá avisei para Divina que ficou muito abalada. Estava eu no quarto do Luan com Bruna comigo já que Luan teve que sair.

- Fala alguma coisa Lana. - Bruna diz incomodada e me abraça de lado.

- Por que tem que ser assim?- olho para ela e depois para a janela que mostrava a chuva fina que caía lá fora.

- Ele vai ficar bem.- ela mostrava que estava tão preocupado quanto eu.

- O que voce sente por ele? - pergunto olhando em seus olhos esperando a resposta mais sincera que ela poderia me dar.

- Não sei te dizer por que eu e ele apenas ficamos, coisa boba, mas também não foi algo que se esquece assim do nada. Sinto uma coisa diferente com ele mas não posso falar se é amor ao certo. - diz tímida.

Cartas Para AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora