Eu já não sabia mais quanto tempo estávamos sendo feitos de refém naquele banco, tudo o que eu sentia era pavor. As pessoas ao meu redor choravam e pediam a Deus guardar suas vidas em seu repentino ato de fé.
- Ei você. - o mesmo homem que me abordou do lado de fora aponta a arma para mim.
- Eu? - faço uma pergunta óbvia e engulo em seco.
- Vem aqui. - sem nenhuma cerimônia ele segura meu braço com força e me faz levantar.
- Me leva no lugar dela. - Davi se levanta e tudo o que eu escuto é um tiro.
Levo as mãos ao ouvido pelo barulho ensurdecedor.
- Mas que merda você fez?! - o homem que até então me segurava empurra seu comparsa.
- Eu achei que ele iria fazer algo! - ele responde empurrando de volta.
- Parado, polícia!- exclama um homem fardado e vários outros policiais surgem atrás dele aproveitando o descuido dos assaltantes - Agora abaixa a arma e a coloque no chão.
Os assaltantes faz o que ele pediu e são algemados logo em seguida. Procuro pelo meu irmão e o vejo escorado na parede com as duas mãos na barriga.
- Davi!- corro até ele e rasgo sua camisa no mesmo instante para ver o ferimento - Ei, olha para mim não me deixa. - o balanço seu rosto mas ele estava fraco e quase fechando os olhos - ALGUÉM CHAME A AMBULÂNCIA!- grito e algumas pessoas vem até mim.
- Por favor se afaste dele. - uma policial pede segurando meu ombro mas me solto com rigidez.
- Eu não vou sair daqui. - falo com determinação - Preciso de panos limpos agora! - exclamo para qualquer um que estivesse ao meu redor.
Quando a ambulância chegou eu só conseguia olhar para minhas mãos cheias de sangue do meu próprio irmão.
- Vamos moça, você precisa entrar na ambulância. - o dos responsáveis pelos primeiros socorros diz enquanto me ajuda a levantar.
- Eu preciso dele... - murmuro vaga enquanto ele me conduz.
- Seu irmão vai ficar bem, a bala não acertou nenhum órgão mas a perda de sangue é grande. - diz fechando as portas da ambulância.
(... )
Três horas depois hospital particular de São Paulo...
- Alana! - escuto a voz do Luan e me viro rapidamente, ele corre até mim pelo corredor do hospital.
- Eu preciso dele Luan. - o abraço forte enquanto choro.
- Ele vai ficar bem. - ele me aperta em seu abraço e beija o topo da minha cabeça.
- Parentes do Davi Medrado. - um médico chama.
- Sou eu. - me solto do Luan e fico frente a frente com o homem de jaleco - Como ele está?
- A perda de sangue foi grande e ele tem o tipo mais difícil de encontrar doadores... - o médico diz.
- Eu posso doar, sou irmã dele, somos gêmeos. - me desespero em explicar.
- Se acalme Alana. - coloca as mãos em meus ombros.
O médico faz todo o procedimento junto aa enfermeiras para a retirada do meu sangue. Luan estava ao meu lado a todo momento segurando a minha outra mão e fazendo careta para a agulha no meu braço.
- Não está doendo. - falei calma para tentar passar para ele tranquilidade.
- É só que é... grande. - ele sorri sem graça.
- Você tem medo de agulhas Luan? - encaro bem meu namorado que nega rapidamente com a cabeça.
- Não, é só que não me dou muito bem em ver o sofrimento humano. - explica envergonhado.
Sorrio com sua bondade e deslizo minha mão para o seu rosto e acaricio.
- Você é um anjo. - minha voz sai mais arrastada e fraca.
- Você está bem? - pergunta preocupado pois minha mão amoleceu assim que a enfermeira retira a agulha.
- Só um pouco fraca. - murmuro me sentindo sem forças.
- O que fizeram com ela? - ele se desespera perguntando a enfermeira.
- Ela dôo os 10% de seu volume sanguíneo esse é o limite. Então pode acontecer fraquesa ou queda de pressão se a dela for baixa. - ela explica vagamente.
- Está tudo bem Luan, só preciso de alguma coisa para comer. - tento me levantar me escorando na poltrona.
- Vem eu te ajudo. - Luan me segura pela cintura e me ajuda a caminhar - Senta aí que vou ver se acho alguma coisa para você comer. - ele diz assim que encontra outro banco.
Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos enquanto o espero. Outra pessoa se senta ao meu lado e pelo perfume doce sei que é Bruna, ela edtava soluçando. Apenas viro minha cabeça para o lado e sorrio franco para ela e seguro sua mão.
- Ele vai ficar bem, não vai? - seus olhos estão vermelhos e ela ainda segura para não chorar.
- Vai sim. - uso o resto de otimismo que tinha sobrado em mim.
- Assim que Luan me avisou eu vim e também há notícias em todos os sites e jornais. - ela diz sem ânimo e assinto - O que houve com você? - pergunta pondo a mão na minha testa.
- Tive que doar sangue para ele. - explico sem dar muitos detalhes, não queria preocupa-la.
- Pronto aqui estou. - Luan chega com um suco de caixinha e uma empada - Foi a melhor coisa que achei. - diz me emtregando - Conversei com o médico agora a pouco e ele recomendou que te levasse para casa, que você tomasse um banho e esfriasse a cabeça.
- Eu não vou sair daqui. - digo enquanto desembrulho a empada.
- Vai sim, você precisa descansar. O Davi já está bem, ele só precisa descansar também e os remédios estão fazendo que ele durma por um bom tempo. Agora come que vou te levar para casa. - aponta para o lanche em minhas mãos, olho para Bruna para me salvar e ela levanta as mãos se rendendo.
- Ele tem razão, não vai adiantar muita coisa você ficar aqui. - ela diz com cuidado e eu reviro os olhos.
A contra gosto Luan me levou para sua casa e de lá avisei para Divina que ficou muito abalada. Estava eu no quarto do Luan com Bruna comigo já que Luan teve que sair.
- Fala alguma coisa Lana. - Bruna diz incomodada e me abraça de lado.
- Por que tem que ser assim?- olho para ela e depois para a janela que mostrava a chuva fina que caía lá fora.
- Ele vai ficar bem.- ela mostrava que estava tão preocupado quanto eu.
- O que voce sente por ele? - pergunto olhando em seus olhos esperando a resposta mais sincera que ela poderia me dar.
- Não sei te dizer por que eu e ele apenas ficamos, coisa boba, mas também não foi algo que se esquece assim do nada. Sinto uma coisa diferente com ele mas não posso falar se é amor ao certo. - diz tímida.
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Cartas Para Alana
FanfictionNão bastava ser uma veterinária renomada mesmo sendo jovem, eu precisava de um admirador secreto que me mandava cartas anônimas. Não precisei muito para descobrir, na verdade ele mesmo veio até mim. E como numa típica história de romance tudo mudou...