Capítulo 33 - Agora estou aqui

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Alguns dias depois...
ALANA

   Eu poderia citar milhões de motivos para continuar no meu quarto vendo filmes mas Davi continuaria me atormentando.

- Vamos Alana, você tem que ir. - tenta tirar a coberta de cima de mim mas eu a seguro.

- Não Davi, me deixa! - exclamo revoltada com a sua insistência.

- Já faz dias que você não sai desse quarto, você está com depressão, tem pesadelos todas as noites. Luan me fez prometer te levar na psicóloga. - Davi se senta cansado ao meu lado.

- Eu não quero sair daqui. - me viro para o outro lado.

- Eu ouvi um "eu não quero"? Pois bem mocinha, você não tem nada que querer. - Daniela entra em meu quarto junto com o namorado.

- Agora não é hora pra se fechar para o mundo Alana. - Thiago cruza os braços.

- Eu não tô nem aí se é hora ou não, só quero ficar sozinha. Será que é tão difícil de vocês entenderem?! - exaspero farta de suas reclamações.

  Os três se entreolham como se eu fosse um caso perdido mas suspiram. Dani senta junto com Davi e segura minhas mãos.

- Amiga, eu não vou desistir de você. Não adianta o quanto você reclame e queira que a gente vá embora nós vamos ficar. Nós te amamos de mais para deixar você sofrendo sozinha, eu sei que tudo aquilo aconteceu recentemente mas você precisa tomar a iniciativa de deixar tudo no passado e seguir em frente. - ela diz me olhando com os olhos marejados.

- Você não atende as ligações do Luan, não recebeu a visita dos seus sogros, Bruna mal consegue conversar com você. Eu sei que está doendo aí dentro, é tudo confuso mas nos dói também em te ver assim tão perdida. - Davi afasta meu cabelo do rosto.

- Sem contar que eu não aguento mais te ver com essas roupas desleixadas, você não está em um filme americano pra andar de moletom para cima e para baixo e continuar estilosa. - Thiago finge uma voz mais afeminada e consegue me tirar um sorriso e uma revirada de olhos.

- Vamos, eu te ajudo a se arrumar. - Dani se levanta e estende a mão para mim - E vocês meninos, circulando. - ela espanta os dois com a mão desocupada.

   Dani me ajudou a me arrumar, ela me contou como estava indo os últimos dias na faculdade e como estava empolgada para a formatura. Divina apareceu mais tarde com um lanche para nós três e comemos enquanto ela contava como era sua infância. Davi foi dirigindo o trajeto todo e eu estava começando a me arrepender de ter saído de casa.

- Vai demorar para chegar? Quero ir embora. - falo olhando pela janela do carro.

- A gente mal chegou no consultório Lana.

Dois dias depois...

   Davi continuava ena insistência de me levar as consultas todos os dias.

- Essa mulher não resolve meus problemas Davi, não quero ir mais. - falo me jogando contra o sofá agindo como uma criança de cinco anos.

- Você vai sim, o Thiago vai te levar já que estou ocupado com as coisas pra resolver com as duas clinicas. - ele me deu as costas deixando claro que não tinha escolha.

  Entro no carro do Thiago já de cara fechada.

- Bom dia também. - beija minha buchecha e lhe dou apenas um sorriso sem mostrar os dentes.

  Quando entramos na cidade percebo que o percurso estava diferente.

- Não acha que está errando o caminho não? - pergunto olhando ao redor. 

- Claro que não. - ele se faz de desentendido - Davi pediu para que eu deixasse uma coisa na casa dos Santanas, não vamos demorar.

Não falo nada em questão sobre isso, apenas continuo olhando a paisagem. Quando entramos no condomínio franzo as sombrancelhas quando ele passa direto na casa da Bruna.

- A casa é aquela. - aponto para a manção branca que ficava para trás.

  Thiago me ignora e continua dirigindo parando somente em frente a praça que Luan me trouxe uma vez. Isso significava que...

- Obrigado Thiago. - abraço ele e saio do carro.

   Olho ao redor a procura dele e o vejo na mesma árvore que ficamos naquele dia e vou correndo, sou recebida com um abraço que me fez sentir tão emocionada que comecei a chorar. Com ele por perto eu sabia que minha vida ainda tinha alguma chance de dar certo.

- Me desculpa. - Luan pede com a voz abafada por estar com o rosto escondido no meu pescoço.

- Só se você não me deixar mais. - falo entre o choro.

- Nunca mais meu amor, não queria ficar tanto tempo longe de você agora que precisava de mim. Mas eu te liguei tentei falar com você e você recusou todas as ligações. - ele segura meu rosto.

- Eu não queria ouvir sua voz apenas por um telefone, eu precisava disso e não a distância. - argumento.

- Escuta, eu sei que você não anda bem Davi me conta tudo. Eu queria estar do seu lado a todo momento mas só consegui essa folguinha pra vir te ver porque não aguentava mais ficar sem ouvir sua voz. Hoje ainda preciso viajar. - ele diz chateado e me afasto.

- Mas já? - reclamo.

- Você pode ir comigo, vim pra te buscar. Não vai mudar muita coisa, talvez seja até pior por toda a exposição  que terá pela mídia mas foi o único jeito que encontrei de ter por perto. - ele me olha preocupado com a minha resposta.

- Você vai estar lá comigo?

- Sempre. - diz convicto.

- Então eu vou. - digo, pela primeira vez depois de dias, algo com toda certeza.

Ficamos ali por mais um tempo, Luan me contando o que tinha acontecido nos últimos shows e eu apenas ouvindo sua voz que mesmo sem ser cantada era gostosa de ouvir.  Depois criamos coragem de ir embora.

- Graças ao pai você desentocou Alana. - Bruna vem e me abraça.

- Agora estou aqui. - retribuo o abraço com saudade.

Cartas Para AlanaOnde histórias criam vida. Descubra agora