Capítulo 22

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Território Canídeo

Hendrik foi conferir novamente se a febre de Zachary havia abaixado. Quando tocou no rosto do felino, o mesmo se assustou, pois estava com os olhos fechados, e encarou o canídeo. Sustentaram o olhar, Hendrik ainda ficava maravilhado com o quão lindo eram os olhos de Zachary. Ele ficaria lindo com qualquer uma das duas cores, mas ele foi abençoado com as duas de uma única vez, além de raro era de uma beleza totalmente inexplicável e diferente. Zachary, por sua vez, achava os olhos de Hendrik diferentes de todos os olhos verdes que já havia encarado. Eles eram mais vivos, aconchegantes, de certa forma, e transmitiam uma calma que Zach amava sentir.

Hendrik acaba desviando o olhar, pois aquele silêncio todo estava se tornando constrangedor. Limpou a garganta e falou:

- Como esta se sentindo?

- Melhor - responde Zach.

- Sua febre abaixou, acho que da para você ir embora, consegue levantar?

Zachary não responde e se senta. Sente a visão ficar turva, mas aguenta. Fecha os olhos com força e os abre percebendo que Hendrik o observava preocupado.

- Acho que já da para ir embora - diz o felino.

- Tudo bem.

Hendrik levanta e pega a escada para abrir a portinhola. Desce e vai em direção a Zachary, estende a mão e o felino a olha, depois encara o dono da mesma, decide que não teria como se levantar sem a ajuda do canídeo, então segura a mão.

As mãos de ambos estavam suadas, ficaram surpresos ao perceber que ainda estavam nervosos, quando as peles se tocaram os dois sentiram um arrepio desde a nuca até os pés. Zachary havia controlado a transformação, e suas garras tinham desaparecido.

Hendrik ajuda Zach a subir pela escada e a sair do esconderijo. Coloca o braço direito do felino em seu pescoço e ambos começam a caminhar lentamente. Passam pelo rio, que estava um pouco gelado, e poderia piorar o estado de Zachary, sabendo disso, Hendrik apressou o passo para levá-lo embora, mas o felino estava mal o bastante para não conseguir acompanhá-lo.

O canídeo sentia que o leão estava ficando cada vez mais quente, o que estava o preocupado. Depois de alguns minutos agonizantes, eles chegam à margem da floresta. Hendrik agradece mentalmente e coloca o felino sentado no chão.

- Onde está seu celular? - pergunta Hendrik.

Zachary coloca a mão no bolso da calça molhada e retira o celular, que era aprova d'água, coloca a senha do mesmo e entrega para o lobo, sem ao menos encará-lo.

Hendrik fuça no celular procurando pelo número de Isaac. Sem Zach perceber, o lobo salva seu número no celular para que fosse usado em caso de emergência.

Depois de achar o número do puma, liga para o mesmo. O barulho que emitia do celular mostrava que o telefone para quem estava ligando estava tocando. Depois de seis toques a pessoa do outro lado atende.

- Fala Zach! - diz Isaac do outro lado da linha.

- Isaac, aqui é o Hendrik, preciso que você venha buscá-lo!

- O quê? Por quê? - a voz do loiro começou a ficar em tom de preocupação.

- Só vem, depois ele te explica!

- Okay, onde vocês estão?

Hendrik tira o telefone do ouvido e encara Zachary.

- Como posso explicar para ele onde estamos?

- Fala que é no mesmo local que a gente passou para irmos ao território canídeo pela primeira vez - responde Zach.

Hendrik coloca o celular na orelha de novo e Isaac responde:

- Não precisa falar, já ouvi, estou indo! - Isaac não espera o lobo responder e desliga.

Hendrik entrega o celular para o felino e fica o encarando enquanto Zach estava cabisbaixo olhando uma formiga, que conseguia enxergar perfeitamente, como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

- Como está se sentindo? - pergunta Hendrik.

- Mal, muito mal.

O coração de Hendrik gela quando o ouve o felino falar desse jeito. Queria abraçá-lo, mas não tinha mais direito de fazê-lo.

- Acho que foi a planta que você pisou - diz Hendrik olhando Zach assentir lentamente - quando for embora vá direto ao médico - Zach assente novamente - por favor - disse o canídeo em um sussurro.

Zachary ouve, mas finge que não, sentiu seu coração acelerar e se condenou por este feito, pois sabia que o canídeo podia ouvi-lo, achava uma falta de respeito com sua privacidade, porém não podia fazer nada.

Eles ficaram em silêncio, um silêncio perturbador, Hendrik queria conversar com o felino, mas sabia que ele estava chateado. A culpa não foi totalmente de Hendrik, o leão poderia ter o empurrado ao invés de puxá-lo para mais perto, poderia ter bebido a água corretamente ao invés de ficar fazendo birra, a culpa foi de ambos... mas culpa de que?

- Zachary... eu... - uma buzina de carro impede Hendrik de continuar, Isaac havia chegado.

- Zachary? - gritou o puma. Hendrik e Zachary estavam dentro da floresta, não dava para vê-los.

- Zachary, eu te ajudo - o lobo vai em direção ao felino, mas o mesmo se afasta.

- Pode deixar que eu consigo ir sozinho - diz Zach enquanto se levantava. Começa a andar lentamente e sai da floresta indo em direção ao carro onde Isaac estava.

Hendrik olhou para os lados para ver se tinha alguém, havia apenas algumas pessoas caminhando distraidamente, decidiu correr em direção ao carro de Isaac para falar com o mesmo. Zachary já havia entrado no carro e estava com a cabeça apoiada no banco e com os olhos fechados, Isaac o olhava preocupado até desviar sua atenção quando ouve alguém o chamar.

- Isaac - diz Hendrik apoiando na janela aberta e atento a tudo que estava em volta.

- O que aconteceu? - pergunta Isaac.

- Ele pisou em uma planta, e ela é venenosa, ele está com febre, por favor, leve-o diretamente para um hospital.

Isaac o olha com uma cara furiosa, sabia que aquele encontro dos dois não podia continuar, apesar de ter sido um acidente seu amigo tinha se machucado, poderia ter sido muito pior, alguém poderia ter pegado os dois.

- Levarei, agora volte para seu território - o puma não espera o lobo responder e sai cantando pneu indo direto para um hospital.

Hendrik suspira e passa a mão pelos cabelos negros, estava nervoso e preocupado, queria ter ido com o felino para um hospital, mas simplesmente não podia. Saiu correndo e foi direto para seu território.

Entre Presas e Garras: Wild - 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora