Capítulo 26

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Território Felino

Havoc tinha a pele clara, mas não tão clara quanto à de Zach, tinha a orelha furada e um brinco preto pendurado na mesma, possuía cabelos negros, porém não tão lindos como os de Hendrik, segundo Zachary, e os olhos também eram pretos, consequentemente seu leão apresentava essas características, sua juba era preta e os demais pelos de seu corpo era de um castanho escuro, era bonito de se ver, se o dono daquela forma de leão não fosse o desprezível Joshua Havoc. Ambos estavam no mesmo ano da escola, porém em salas diferentes. Havoc era centímetros maior que Zachary. Os dois não se davam muito bem, pois Joshua se achava superior as outras espécies e Zach abomina pessoas com esses pensamentos tão mesquinhos. Havoc não gosta como Zachary inferioriza a própria espécie comparando-a com qualquer outra.

— O que você quer? - pergunta Zach com raiva.

— Falar com você - responde Havoc.

— Não precisava disso tudo, era só me chamar para conversar.

— Você nunca para pra falar comigo.

— Deve ser por que você é um ignorante?!

— Viu só, você sempre começa com as ofensas.

— Não se faça de santo - debochou Zach — agora me fala o que você quer.

— Nikolaevich, eu sei de muita coisa sobre você - Diz Havoc fazendo Zach gelar por dentro, porém tentou não demonstrar.

— Não entendi o que você quis dizer com isso - Zach se faz de desentendido.

— Estou dizendo que sei das suas saídas.

— Eu realmente não sei do que você está falando - persiste Zachary, não desistiria tão fácil.

— Eu guardo segredo, mas com uma condição - diz Havoc se aproximando, porém Zach tentou não se intimidar e permaneceu no mesmo lugar.

— Não sei para que, não estou fazendo nada de errado - disse Zach tentando parecer confiante, e estava dando certo.

— Zachary, meu caro Zachary, eu sei que vocês está passando para o outro lado.

Zachary ri fazendo Havoc parecer confuso. A risada do menor era de total desespero, porém Havoc não entendeu isso e levou como se ele estivesse rindo de algo engraçado.

— Você acha que eu sou louco? Eu nem mesmo fico com pessoas de outras espécies, por que eu passaria para o outro lado? Da onde você tirou isso?

— Tenho meus contatos.

— Então esses seus contatos estão muito ruins.

— Zachary para de brincadeira.

— Não te dei permissão para me chamar pelo primeiro nome - diz Zach com raiva.

— Eu não me importo.

— Eu me importo. Para você é apenas Nikolaevich.

— Você não sabe com quem está brincando.

— Nem você - responde Zachary desafiador, porém por dentro estava morrendo de medo, não poderia demonstrar fraqueza.

Ambos ficaram se encarando em meio ao escuro, porém conseguiam ver o outro perfeitamente. Os olhos negros de Havoc eram penetrantes e difícil de saber o que o dono estava pensando, porém Zachary não ficava para trás, tentava transmitir confiança por suas íris azul e castanho, não iria deixar um ser humano desprezível como Havoc o persuadir.

Antes que Zachary pudesse reagir, Havoc vai para cima dele e cola seus lábios no mesmo. Zachary fica em choque por alguns segundos e só acorda quando sente a língua de Joshua tentando adentrar sua boca. O empurra com força e logo em seguida da uma arranhada no rosto do outro leão. Ambos ficam parados em choque e Zachary consegue ver a marca de suas garras na bochecha do maior, logo depois essas mesmas marcas começaram a soltar sangue, o que fez Zachary sair correndo da sala. Correu pelo corredor da escola e quando saiu do local olhou sua mão que ainda estava com as garras amostra, estavam levemente sujas de sangue. Olhou ao redor, estava assustado com o que tinha acontecido.

Foi uma coisa nojenta, foi uma sensação horrível sentir a língua de Havoc tentando invadir sua boca, queria lava-la com sabonete antibacteriano. Foi então que lembrou-se do beijo de Hendrik, percebeu que não teve essa vontade quando o canídeo o beijou.

O coração do felino estava acelerado. Ouve uma buzina e olha em direção ao som, seu pai havia ido o buscar. Caminhou até o carro tentando parecer que estava tudo bem e entrou no lado do carona.

— Oi, meu filho - disse Bali.

— Oi, pai.

— Está tudo bem? - perguntou Bali enquanto ligava o carro e logo depois olhava para o filho.

— Estou bem pai, obrigado. E o senhor?

— Só um pouco cansado.

— Por que veio me buscar? - perguntou curioso.

— Achei melhor do que deixar você voltar andando com o machucado.

Bali até agora não mencionou nada para o filho sobre a planta que ele havia pisado, provavelmente Cherish não contou para o marido, ou contou e pediu para ele não comentar nada com Zachary.

Esse envolvimento com Hendrik não estava indo muito bem. Sua mãe desconfia que está sendo um traidor, o cara que menos gosta da escola descobre que está passando para o outro lado e não faz a mínima ideia de como o mesmo conseguiu descobrir isso. Precisava conversar com Hendrik e manter distância por um tempo, e quem sabe até nunca mais se verem.

Só de pensar nessa probabilidade Zach começa a sentir uma coisa apertar seu peito, uma sensação ruim, não queria que isso acontecesse, não gostava da ideia de ficar longe do canídeo, pois gostava de sua presença, o dava segurança e confiança.

...

— Isaac, eu preciso encontrar Hendrik - disse Zach para Isaac. Zachary havia pedido para o pai levá-lo na casa do amigo.

— Nossa, tão rápido assim? - diz Isaac debochado.

— Estou falando sério, preciso falar com ele. Mas eu não quero encontra-lo. Acho que vou ligar para ele.

— Como se você não tem nem o número dele? - pergunta Isaac.

— Hoje na escola, estava mexendo no meu celular e vi que ele salvou o número dele.

— Então liga, oras.

— Mas como? Não sei nem se vai realizar a chamada.

— Tenta, ué.

Zachary pegou o celular e discou o número do canídeo, por incrível que pareça começou a chamar.

Território Canídeo

Hendrik tinha ido caçar e deixou o celular em seu quarto, Sherry ouviu e avisou a mãe que estava na cozinha lavando a louça do almoço.

— Mamãe, o telefone do Hendrik está tocando.

— Deve ser alguma das garotas que ele está saindo - responde a senhora Gandares passando a mão nos cabelos ruivos da filha.

— A senhora não vai atender? - pergunta a garotinha.

— Não, minha filha, é invasão de privacidade.

Os minutos foram se passando e o celular de Hendrik continuava tocando, era mais ou menos a décima chamada perdida. Violeta se dá por vencida e resolve atender o celular do filho.

Hendrik? - disse a pessoa do outro lado da linha.

— Não, querido, aqui é a mãe dele, ele saiu para caçar - disse Violeta suavemente. O outro lado da linha ficou totalmente mudo — tem alguém ai?

É... Obrigado, tchau - e desligou antes mesmo que a loba respondesse alguma coisa.

— Gente estranha - falou com si mesma e deixou o celular do filho em cima da cômoda, onde estava.

Entre Presas e Garras: Wild - 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora