Capítulo 39

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Território Felino

A porta da casa dos Nikolaevich é aberta com brutalidade, e todos que se encontravam dentro do recinto olham para a origem do barulho. Zachary entra junto de Astrid, nos braços do jovem leão encontrava-se o corpo do puma, todos os três estavam encharcados. O dono de olhos bicolores, que agora se encontravam sem vida e molhados de lágrimas, colocou seu amigo no chão com cuidado e sentou-se encostando na parede ao lado da porta, apoiou a cabeça no próprio joelho e ficou no canto todo encolhido, suas mãos estavam com um tom vermelho de sangue.

As pessoas que estavam na sala permaneciam paralisadas com o que estavam vendo, Maryl, que estava abraçada com o marido, foi escorregando aos poucos até atingir o chão, Maxwell a acompanha. A senhora Meadow começa a chorar descontroladamente enquanto pronuncia as seguintes palavras: meu filho, por que o meu filho.

Ao acordar do transe, Cherish corre em direção ao filho que ainda se encontrava sentado, Apollo e Bali não sabiam como consolar Zachary, então decidiram se aproximar e abaixar até a altura em que o garoto estava, e todos os três lhe deram um abraço, nesse momento Zachary soltou em forma de lágrimas tudo o que estava segurando quando estava na presença apenas de Astrid, seu choro era alto e dolorido, facilmente podia-se presumir o que o jovem leão estava sentindo, Cherish chorou junto do filho, Bali e Apollo apertaram-no mais ainda em seus braços.

Maryl levanta-se com a ajuda do marido, que visivelmente estava tentando se manter forte em frente a esposa e ao resto do pessoal, a mãe do jovem puma caminhou lentamente em direção ao corpo do garoto deitado no chão, a mulher virou-se e colocou seu rosto na curva do pescoço de Maxwell, não aguentava olhar para o filho naquele estado, seu querido filho, seu único filho.

— Como isso aconteceu? - pergunta a mulher olhando para Zach que ainda estava abraçado com a mãe — COMO ACONTECEU?! - disse Maryl enquanto avançava em Zachary com certo ódio estampado no rosto, apenas não conseguiu tocar no garoto, porque Maxwell a segurou e Bali com Apollo se levantaram na hora — A CULPA É SUA! - gritou, Zachary se encolheu nos braços da mãe, e as palavras proferidas pela mãe de seu o amigo o fez chorar mais.

— SAI DAQUI, MARYL, ZACHARY NÃO TEVE CULPA DE NADA! - gritou Cherish enquanto encarava a mulher puma como se fosse avançar nela a qualquer momento por tentar machucar a sua cria.

O choro de Zachary estava tão desesperador que o garoto estava soluçando e com dificuldades para respirar, segurava forte na roupa da mãe, era como se estivesse tento um ataque de pânico ali mesmo. Cherish segurou o rosto do filho e o mesmo estava vermelho e molhado, obrigou-o a olhar em seus olhos.

— Meu filho, olha pra mim - o garoto parecia não ouvir — meu amor, olha para mim, você precisa se acalmar, por favor, eu não quero vê-lo assim.

Zachary abriu os olhos e olhou para a mãe que deu-lhe um sorriso de conforto, mostrando que ela estaria ali para o que ele precisasse.

Puxando Apollo pelo braço, Bali levou o filho para um canto afastado, olhou ao redor e viu Astrid sentada no sofá apenas observando todos, viu Maryl junto de Maxwell ao lado do corpo do filho que ainda estava no chão perto da porta, viu o amigo puma soltar a primeira lágrima que estava segurando, o homem tentava se mostrar forte a frente da esposa, mas sua muralha estava desabando ao estar na presença do corpo de seu filho sem vida.

— O que você viu lá? - perguntou Bali desviando seus olhos do pessoal para olhar no seu filho mais velho.

— Como assim? - pergunta Apollo confuso.

— Seu irmão, quando você o seguiu, disse que viu ele com um rapaz - Apollo assente com a cabeça — o que você viu?

— Ainda não entendi a pergunta.

— Eu sinto, não, eu sei que Zachary está desse jeito e não é só por causa de Isaac.

— Bom, quando eu estava os espiando, tinha uma garota ruiva, mas acho que a garota estava mais interessada no Isaac do que no Zachary, já o garoto...

— O que você quer dizer?

— Que o garoto gostava de Zachary, e não é um gostar de amigo, é um gostar de estar extremamente apaixonado, e se você acha que o Zach está triste e não é apenas por causa de Isaac, então talvez o sentimento seja recíproco.

Bali desvia o olhar do filho mais velho e olha para o chão, não sabia o que pensar, seu filho do meio estava se encontrando com canídeos, e existe a possibilidade do mesmo estar amando um deles, e esse um é homem, bom isso é o de menos.

— Pergunte a Astrid, ela deve saber alguma coisa - aconselhou Apollo.

O leão líder caminhou até a pantera e sentou-se ao lado dela, observou novamente o lugar e estavam todos do mesmo jeito que minutos atrás, com exceção de Apollo que agora está no canto da sala observando o pai ao lado de Astrid.

— O que aconteceu lá? - pergunta Bali indo direto ao assunto.

— Consegui invadir o local e tirar Zachary e Isaac da cela, mas seu filho queria soltar o canídeo só que o lobo disse que era melhor ele não fugir, depois um guarda apareceu e atirou, e o tiro pegou em Isaac.

Bali fica em silêncio ingerindo o pequeno resumo que Astrid deu do acontecimento.

— Por que meu filho queria soltar o canídeo?

— Porque eles se gostam - disse Astrid simplesmente.

— Como você tem tanta certeza disso?

— Porque eles se beijaram na frente de todos.

O líder felino arregala os olhos depois do acontecimento que a pantera lhe contou.

— Será que eles já... - disse Bali mais para si mesmo, só que Astrid responde.

— Como se eu soubesse.

Bali levanta-se e vai em direção a Apollo que fica confuso com a expressão do pai.

— E então? - pergunta o filho mais velho.

— Ela disse que eles se beijaram, ela disse que ele tentou solta-lo - disse Bali.

— E você está com essa expressão porque seu filho é possivelmente gay ou porque ele está apaixonado pelo inimigo.

— É lógico que é porque ele está apaixonado pelo inimigo, pouco me importa se ele é gay, só não precisava se apaixonar justamente por um canídeo!

— Pai, a gente não manda em nossos corações.

O leão mais velho respira fundo e passa as mãos sobre o rosto, aparentava estar muito cansado.

— É, você tem razão. Nosso Zachary está bem, mas houve uma fatalidade e isso não vai ficar assim, Isaac não merecia isso.

— O que o senhor vai fazer? - pergunta Apollo preocupado.

— Não sei ainda.

Afastando-se do filho, Bali pega o telefone e liga para um médico legista que era um velho amigo de infância. Apollo vai em direção à mãe e o irmão, observou Zachary que aparentava estar dormindo no colo da mulher, olhou para o lado e viu a família Meadow, Maryl estava sentada ao lado do corpo do filho enquanto segurava sua mão, não chorava mais como antes, Maxwell segurava a mão da esposa e também estava em silêncio.

— Filho, leva Zachary para o quarto dele, por favor - pede Cherish enquanto olhava para cima encarando o filho mais velho, Apollo assente e abaixar pegando Zachary em seus braços, o mesmo, por reflexo, agarra no pescoço do irmão mais velho para não cair.

Fazia anos desde a última vez que Apollo pegou o irmão nos braços para coloca-lo na cama enquanto o mesmo dormia. Apollo subiu as escadas lentamente para que não tropeçasse e caíssem ambos. Entrou no quarto do irmão e colocou-o na cama com cuidado, observou o rosto do jovem leão e o mesmo estava vermelho principalmente a ponta do nariz e em volta dos olhos, afastou para junto dos outros cabelos uma mexa que estava na testa e logo em seguida fez-lhe um cafuné. A respiração de Zachary foi se estabilizando, então Apollo deu-lhe um beijo na testa e sussurrou bem baixo.

— Vai ficar tudo bem.

Levantou-se e caminhou em direção à porta, antes de sair deu uma última olhada no irmão que agora dormia, aparentemente, com certa calma.

Entre Presas e Garras: Wild - 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora