Capítulo 38-O bom da vida se esconde no inesperado.

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NICOLAS

Chegamos ao hospital pouco antes das duas da tarde e seguimos direto para o consultório onde o doutor que prestava serviços a minha família estava.

— Sua pressão está baixa. —O médico informou após medir.— Tem se alimentado direito?
— Eu até tento, mas não dura muito em meu estômago—Emma responde. Em seus olhos era explícito o medo que sentia.
— Sente mais algum outro sintoma?
— Tonturas.
— Faz quantos dias?
— Acho que um mês, não tenho certeza.
— Um mês já é o bastante para se ficar em alerta. —Alertou e todo o lugar girou um pouco, minha mente nervosa. — Deveria ter buscado ajuda médica logo no inicio dessas vertigens. Episódios momentâneos de tontura são comuns e normais, mas há situações em que o sintoma pode ser um sinal de alerta para algo mais grave.
— Então estou com alguma doença grave?—Emma questionou.
— Não posso dizer nada, por enquanto.—Dividiu o olhar entre Emma e eu — Irei pedir alguns exames para você, só assim poderei lhe dizer algo concreto.

O médico fez um sinal em direção a porta e uma moça em trajes brancos, veio até nós e levou o Emma com ela. Duas horas depois, Emma retorna, segurando papéis em suas mãos. Ela os entrega  ao médico e se senta ao meu lado.

— Você se lembra do seu último ciclo menstrual?—O médico desvia os olhos dos papéis para Emma.
— Umm...não. Meu ciclo é irregular—Ela responde, os lábios tremendo.
— Por que? O que ela tem?—Tentei manter minha cabeça tranquila, respiração controlada, mas por dentro eu estava enlouquecendo.
— Um embrião . —Não fez rodeios. Seu olhar de tédio para mim— De maneira clara e objetiva, é isso que ela tem.

Primeiro expirei todo o ar que prendia. O peso de duas toneladas tinham acabado de sair de minhas costas.

Emma não está doente!

Só depois, me dei conta do que o médico havia dito.
— Como? — Olho para ele por um momento quando o medo e confusão começam a infiltrar.
— Grávida. Ela está grávida. —O homem moreno de olhos negros e cavanhaque ridículo disse, fazendo com que cada pancada do meu coração bombeasse
rajadas de adrenalina pelo meu sangue.—Sugiro que comecem logo o pré-natal, para ver de quanto tempo ela está e pegar algumas medidas do bebê.

Grávida!

Eu não sei como se fala, e muito menos como se move. Por mais que me esforçasse, não conseguia pensar em outra coisa a não ser que eu seria pai. Eu não tinha ideia de como me senti. Eu estava exultante com a descoberta, de uma forma tão primitiva que fez o meu homem das cavernas interior rugir de satisfação.

Porra, eu vou ser pai!

Primeiro abri um sorriso de felicidade e surpresa, que durou uns três minutos, depois uma lágrima caiu dos meus olhos ao pensar que havia um ser, um pedacinho meu, dentro de Emma.

Eu vou ser pai, porra!

Mas essa comoção sentimentalista durou uns cinco minutos e então, em seguida, minha expressão refletida no retrovisor me dizia como eu realmente me encontrava.

Aterrorizado.

Quando minha primeira sobrinha nasceu, Mayara quase me assassinou, porque eu peguei naquela coisa mole da cabeça dos bebês. Ela me disse que não podia pegar nunca porque, ao que parece, se você não tomar cuidado, pode fazer um buraco e acabar com sua mão inteira lá dentro.
Era só isso que eu sabia. Para mim era tudo assustadoramente novo.

E se eu não souber segurá-lo e ele se espatifar no chão como geléia?

Eu não tinha ideia de quanto tempo eu, permaneci como uma estátua. Até o momento que eu tive a minha cabeça no lugar e me virei para minha noiva. Ela tinha os olhos fechados e respirava de forma irregular.

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