Capítulo 54-É horrível assistir à agonia de uma esperança.

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ATENÇÃO!!!!! CAPÍTULO COM CONTEÚDO SUPER SENSÍVEL. É uma leitura muito forte e emocional. Você foi avisado.

EMMA

Acordei com uma tosse seca e rouca que enviou ondasintermináveis de dor por cada centímetro quadrado do meu corpo. Minha garganta doía e eu mal conseguia engolir por conta do braço que apertava minha garganta. A luz no ambiente era pouca, mas o suficiente para meus olhos precisarem de um ou dois minutos para se ajustarem ao brilho. Uma vez que eles o fizeram, senti a esperança encher meus pulmões de ar fresco.

— Solte ela seu, filho da puta. —Pedro estava em minha frete e tinha Marcelo em uma chave de braço também.
— Pedro, Pedro—Marcelo assobiou — Você me decepcionou, garoto. Eu te tirei da miséria. Dei uma vida a você. E em troca eu só queria sua lealdade.
— Foda-se. —Pedro acertou as costelas de Marcelo depois puxou seus cabelos, mantendo a cabeça dele no lugar inicial. —Eu vou te matar desgraçado. Você me disse que não sabia dela. —Ele acertou um novo golpe e repetiu o movimento anterior. — Vou arrancar suas veias com meus próprios dentes.
— Tem certeza? —Marcelo deu um olhar em minha direção e Alessandro  encostou algo gelado em minha tempôra esquerda.
— Não. —Pedro gritou tentando vim em minha direção.
— Qualquer movimento e miolos vão voar—Alessandro disse e o horror se agigantou em meu cérebro.
— Atire—Marcelo ordenou e a única coisa que eu consegui compreender naquele momento era o quão louco ele era.
— Não se atreva a puxar esse maldito gatilho—Pedro disse e em um movimento foi possível ver o aperto brusco que seu braço fez em torno do pescoço de Marcelo, que ganhou um tom arroxeado.
— Faça o que eu estou mandando—Marcelo disse com dificuldade e Alessandro engatilhou.

Eu apenas rezei, a Deus, a quem quer que comandasse o nosso destino.
Rezei para que fosse tudo um sonho.

Mas não era.

Eu iria morrer. Meus bebês iriam morrer. Aquele seria meu fim.

Meu horroroso e trágico fim.

— Não —Pedro disse uma última vez então Alessandro apertou o gatilho.

Houve um estalo alto no meu ouvido esquerdo, como uma picadeira sendo martelada em um bloco de gelo, seguido por uma sensação de toque desorientador. Eu não sei como eu acabei no chão, mas eu me encontrei deitada no piso gelado, segurando meus joelhos até meu peito. Meus olhos se fecharam. Minhas mãos cobriram meus ouvidos esperando a desorientação parar. Assim como tinha começado a diminuir, mãos fortes plainaram sobre minhas costas. Minha cabeça bateu contra o chão como um peso morto.

— Abra os olhos, cadela. —Ouvi uma voz longe e me surpreendi por ainda registrar algo. — Eu mandei abrir a porra dos olhos. —Minhas mãos foram arrancada para longe de meus ouvidos.

Ainda tenebrosa com a situação, eu obedeci e abrir meus olhos. Naquele momento desejei não ter aberto.

— Você é um filho da puta muito esperto. —Pedro estava sentado sobre os joelhos, pálido, segurando o lado com uma das mãos, o sangue saturando a área de sua camisa que sua mão estava tentando cobrir.
— Sim, eu sou. —Marcelo estava em cima dele com as mãos sobre os joelhos, sorrindo.

Pedro olhou para  mim e deu um sorriso triste.

—Me desculpe, filhote. —Sua voz saiu  rouca e sua respiração superficial.

Ele ficou branco fantasma em questão de segundos. O sangue escorrendo de seu rosto em um ritmo alarmante. Seu sorriso desapareceu quando seus olhos rolavam em sua cabeça até que suas pupilas foram substituídas com apenas o branco dos seus olhos e ele caiu para frente no chão. Pedro exalou em um gemido estrangulado e eu desejei que esse sorriso e essa respiração não tivesse sido a sua última.

— Idiota. —Marcelo rosnou antes de pegar uma arma e mirar a cabeça de Pedro —Só para ter certeza que morreu. —Pop e a cabeça de Pedro explodiu como uma marreta em uma melancia.

Meu rosto ficou coberto de um líquido espesso, quente e vermelho.
— Está vendo o que você me fez fazer?—
Marcelo me deu um tapa e estrelas explodiram atrás dos meus olhos. —Você achou mesmo que poderia fugir de mim?—Ele me deu outro tapa e minha cabeça virou para o lado, meu cérebro balançando dentro do meu crânio.

Bastardo.

Cerrei os dentes e enrolei minhas mãos em punhos. Não queria que ele visse o meu medo, então mantive meus olhos
bem fechados, em desafio. Pode não haver esperança para eu sair daqui, mas eu estaria condenada em me render sem lutar.

— Você causou uma bagunça do caralho.—Ele bateu em mim novamente, desta vez com os punhos em minhas costelas.

Todo o ar deixou meus pulmões e uma dor aguda rasgou minha espinha. Virei de lado e me dobrei ao meio, abraçando minha cintura, rezando para que Marcelo não tivesse tirado as vidas que Nicolas e eu tínhamos ajudado a fazer.

— Você tem medo de mim agora, vadia?—Ele gritou próximo ao meu rosto, ainda assim, eu mantive meus olhos espremidos apertados.— Eu posso continuar com isso durante toda a noite, vagabunda idiota.

Quando eu o ignorei de novo, Marcelo amaldiçoou em voz baixa. A falta de choro e suplicas claramente o afetavam. Ele me queria como antes, mansa, aterrorizada e encolhida aos seus pés, implorando por misericórdia.

— Se você acha que vou implorar você está com a mente na merda. —Eu bufei uma risada seca.
— Vamos ver então.—Ele rosnou.—Alessandro, me traga a faca.

Isso chamou a minha atenção. Eu endureci e abri meus olhos para olhar Marcelo, o único homem que eu desprezava mais que
qualquer outro.

— Já abriu os olhos? —Ele riu.

Calafrios percorreram minha espinha. Minha garganta machucada apertou e meu pulso vibrou em minha cabeça desorientada. Mesmo sem querer mostrar fraqueza, eu não tinha certeza de permanecer forte se Marcelo começasse a me cortar.

— Isso, linda. Vamos ver se você é forte o suficiente.

Nervosismo atacou meu estômago, torcendo-o em nós, náuseas brotando rápido. Terror me estremecendo da cabeça aos pés.

— Aqui está, chefe—Meu lábio tremeu quando Alessandro entregou uma lâmina longa, brilhante, sobre minha figura encolhida no chão, a mão estendida de seu chefe.
— Viu como meu brinquedinho é lindo? —Ele se inclinou sobre meu rosto e sorriu.—É uma pena—Ele murmurou.—Uma pele tão perfeita e macia.—O bastardo arrastou a ponta da lâmina por minha clavícula, entre meus seios, e pelo meu abdômen.

A pressão não era suficiente para romper a pele, mas o necessário para
me aterrorizar.

— Eu que deveria sido o homem a te engravidar. —Seus olhos gananciosos olhavam meu corpo de cima a baixo.

A emoção doente refletida nesses
poços sem vida me fizeram engolir a vontade de vomitar. Inalei uma respiração instável e me concentrei em não mover um único músculo próximo da ponta da faca.

— Eu vou começar...—O olhar de Marcelo está preso no meu e eu segurei seu olhar apesar da voz interna gritando para eu virar a cabeça e olhar para longe do monstro.—Sua última oportunidade de implorar.—Ele rodeou meu umbigo.

E com o toque da lâmina na minha pele sensível, toda a intenção que eu tinha em permanecer forte se desfez, e eu implorei.
— Por favor, não...
— Veja só, você não é tão durona —
Ele riu e girou a faca na mão. — Mas ainda sim preciso te ensinar uma lição por ser tão teimosa. —Pressionou contra a cartilagem sob a pele fina de minha garganta.
— N-não...—Eu sussurrei, prendendo a respiração evitando a lâmina de
deslizar na minha traqueia.
— Alessandro? —Ele retirou a faca quando um barulho chamou a sua atenção.— Que porra é essa? — Marcelo rugiu, virando a cabeça para quem tinha acabado de abrir a porta.
— Chefe, temos um problema. —Alessandro tinha o rosto vermelho e os olhos selvagens. Ao seu lado, o homem baixo estava no mesmo estado.

À distância, eu ouvi portas sendo abertas e fechadas. De vez em quando, o silêncio sinistro era interrompido por explosões rápidas antes de silenciar novamente. Alguma coisa estava acontecendo. Algo não relacionado com minha tentativa de fuga, e eu sabia o quê.

Nicolas chegou.

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