Capítulo 59-O mundo é um enorme 360° de oportunidades.

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NICOLAS

Porra.

Meu corpo inteiro parecia como se tivesse passado por um picador de madeira antes de ser colado de volta ao acaso por uma criança três anos de idade. Minhas pálpebras estavam grossas e pesadas e levou um momento, mas de alguma forma eu consegui abri-las. A luz brilhante picava em minhas retinas sensíveis e pisquei para ajustar o brilho, mas ainda doía. O quarto ficou lentamente em foco. Era tão brilhante que enviava um pulsar monótono atrás dos meus olhos que parecia irradiar diretamente para o meu tronco cerebral. Teto branco, paredes brancas, luzes brancas...tudo branco.

Eu estava em um hospital.

Máquinas apitavam, mas eu estava grato em ver que só tinha uma máscara de oxigênio, e não um tubo na traqueia. Meus nervos arrepiaram despertos e meu peito começou a queimar, no que rapidamente se transformou em uma dor aguda. Uma que nunca parava, não por um único segundo. Com cada respiração rasa que eu tomei, a dor ficava pior do que eu teria pensado ser possível. Usando extremo cuidado, de modo a não empurrar qualquer coisa, eu virei minha cabeça para a direita e os olhos enevoados vagueou por metade do quarto. Havia duas portas, uma fechada e a outra entre aberta o suficiente para ver um pequeno banheiro. Rangendo os dentes, eu virei para a minha esquerda e engoli em seco, incapaz de acreditar que a visão era real.

Oh, obrigado porra. Ela não está morta.

Minha doce e angelical, princesa estava enrolada em uma cadeira ao lado da cama, dormindo.
— Emma? —Minha voz não era mais que um coaxar irregular.— Emma?—Eu tentei novamente, mas não poderia colocar força suficiente para ela me ouvir.

A frustração cresceu, deixando-me dolorido e com raiva. Segurando um grito, eu levantei a mão pesada e coloquei-a em seu braço. Chamas rasgaram através do meu peito, deixando-me ofegante e suando. Eu gemi com um inalar enquanto lutava para ficar parado, a fim de acabar com o fogo engolindo todo o meu torso. Era como se meu interior estivesse sendo queimado em cinzas.

— Nicolas? —Ouvi Emma falar, mas tudo o que eu podia fazer era fechar os olhos, cerrar os dentes e esperar que a tortura recuasse. — Oh meu Deus, Nicolas!

Eu ouvi o farfalhar de roupas e abri os olhos. Emma ficou à vista acima de mim. Seu rosto cansado com uma expressão que era uma combinação de angústia e alívio.
— Você está acordado.—Ela soluçou. —Graças a Deus.

Quando a dor havia diminuído o suficiente para eu falar, só
podia sair algumas palavras entre respirações cansativas.
— O que aconteceu?
—Oh Nicolas.—Ela chorou. As mãos de Emma pairavam em cima da minha figura, hesitante. Incapaz de decidir onde ela podia tocar sem me machucar.

Ela se decidiu pelo meu rosto, acariciando minhas bochechas e deslizando os dedos sobre a minha boca antes de pressionar um beijo suave nos meus lábios.
— Você levou um tiro.—Ela chorou, os olhos injetados vidrados de sangue.— Você quase... você quase morreu.—Lágrimas transbordaram, escorrendo pelo seu rosto pingando em minha roupa fina de hospital.
— Eu estou... bem.—Eu sussurrei e ela limpou as bochechas com a manga.
— Você está bem.—Ela se sentou na beirada da cadeira, segurou minha mão e quebrou de verdade.— Você está bem. Oh, Deus, você está bem.—Ela chorou, falando mais para si do que para mim.

Fechei os olhos e ignorei o nó na garganta. Concentrando-me, eu fui capaz de evocar pedaços daquele dia. Quando uma memória bateu, meus olhos se abriram.
— Emma. Você estava... ferida. Sangue...—O esforço para forçar a saída de tantas palavras de uma só vez enviou um brutal golpe de queimor em todo meu peito e ombro.
—Eu estou bem, Nicolas. Apenas algumas contusões e hematomas.—Ela me deu um sorriso triste e eu observei os hematomas espalhados por seu rosto.— Eles parecem pior do que são. Os médicos checaram e me fizeram passar cinco dias em observação. Contudo, eu estava pirando o tempo todo, querendo saber se você estava bem. Mayara ficou comigo, mas eu... eu estava tão preocupada.
— Os bebês? —Mais uma vez, eu gemi com a pura intensidade da dor.

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