Capítulo 3- Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar.

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EMMA

O homem acabou de sair do meu apartamento e eu ainda não acredito que aceitei.

Onde eu estava com a merda da minha cabeça?

Dinheiro. Eu precisava de dinheiro, claro, como noventa por cento da população mundial. Sem falar que as palavras da cigana ficavam dando, voltas e voltas em minha mente.

Eu era tão idiota por pensar nisso.

Independentemente disso, eu agito meus
pensamentos, satisfeita por saber que em breve minha conta bancária estará mais gorda, e consequentemente eu estarei mais perto de realizar meu sonho.

— Wow. Incrível pra caramba. — Eu gritei enquanto seguia para o quarto.

Havia acabado de entrar no cômodo quando meu celular começou a tocar.

— Hei, mãe. — Atendi.
— Oi, meu anjo, como foi no seu primeiro dia?
— Foi ótimo mãe. — Respondi empolgada.
— Que notícia maravilhosa querida.
— Tenho outra ainda mais.
— Conta. — Eu podia sentir sua ansiedade.
— Eu vou para o Brasil.— Eu não fiz suspense, embora soubesse que o assunto era delicado.
— Como? Eu não entendi.
— É uma viagem a trabalho.— Eu expliquei.— Chegarei aí quinta.

A linha ficou muda por alguns minutos, e quando  a minha mãe voltou a falar, o tom de sua voz havia mudado radicalmente.

— Eu quero muito te ver querida, muito mesmo, mas...
— Mãe, está tudo bem, não precisa se preocupar.
— Não me peça algo como isso. — Sua voz é quase inaudível.
— Você precisa confiar em mim, nada vai  acontecer.
— Eu confio em você, não confio nele.— Ela diz e sinto um arrepio passar por meu corpo.
— Os tempos são outros. Ele não pode fazer mais nada.—As palavras saíram arranhando da minha boca, porque na verdade eu não sabia se as coisas realmente ficariam bem.
— Emma, você sabe que não precisa mentir para mim, não sabe?—Perguntou porque ainda me conhecia bem demais.
— Sei sim, não se preocupe. Nada vai acontecer.

Eu já não sabia se tentava convencer a ela ou a mim.

— Você tem certeza?
— Sim.

Ela não discutiu, sabia que eu fazia o melhor que podia por mim e sabia também que eu não era o tipo de pessoa que desistia.

— Você sabe que eu a amo mais que tudo no mundo, não sabe?

Respirei compassado para não embargar a voz.

— Sei sim. Sei sim. Eu também.

Ainda ficamos conversando por alguns minutos, e quando encerramos a chamada, meu coração estava pesado. Deitada na cama, fechei os olhos por um momento e deixei minha mente vagar solta, enquanto pensamentos e imagens me bombardeavam como se só esperassem uma abertura para sair. Por anos eu lutei, eu me sufoquei e a cada dia que passa as coisas não se alivia, o tempo não me da uma trégua. Ao contrário, tudo se engrandece dentro de mim, como se não sobrasse mais espaço e eu estivesse a ponto de explodir.

Foda-se tudo!

Para dormi foi um maldito sacrifício, o relógio marcava duas horas da madrugada quando eu finalmente sucumbi ao cansaço físico. Acordei na manhã seguinte um pouco antes do despertador, o que não acontecia com frequência. Peguei minha toalha e segui para o banheiro. Ao passar pelo espelho, eu encaro meu reflexo e quase solto um grito.

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