Bônus-Lúcy Bennett -Nem feliz, nem triste. Apenas suportando.

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ATENÇÃO: Este capítulo aborda e descreve uma cena explicita de depressão profunda e desejo ao suicídio. É uma leitura muito forte e emocional. Você foi avisado.

Lucy Bennett

Quando amamos alguém e esta se vai, é doloroso, é inconcebível é triste!
Você morre por dentro. E foi assim que me senti quando meu marido se foi.

Morta.

Quando o médico me disse que ele havia falecido, me vi sem chão. Ainda lembro dos gritos desesperados que ecoaram pelos corredores do hospital e lágrimas sofridas que escorreram pelo meu rosto enquanto meu coração era arrancado do peito. A dor da perda é insuportável, vivi um pesadelo do qual tive que acordar. Meu marido me deixou com dois filhos para criar, além das contas. Lembro que fiquei desesperada, estava desempregada e só podia contar com o dinheiro amaldiçoado da indenização. Porém, uma hora aquele dinheiro acabou e eu precisei procurar um trabalho. Foi quando conheci Marcelo, e como certas coisas não conseguimos controlar, acabei me apaixonando. As coisas evoluíram rápido entre a gente e em pouco tempo já estávamos morando juntos. Ele passou a sustentar a casa e criar meus filhos como se fossem dele. Marcelo não era o pai, mas era o que eles precisavam naquele momento, então mesmo com toda briga entre nós, vivíamos consideravelmente bem. Achei que o destino havia me dado mais uma chance.

Como estava enganada.

Com o passar dos anos, percebi uma certa preocupação exagerada dele por Emma. Contudo, eu estava cega por uma paixão que na verdade nunca existiu.

—  Meu maior erro.—Constatei e respirei fundo, correndo o dedo pelo sofá velho.

O barulho da porta me chamou atenção e me levantei, caminhando até a porta.

— Oh, meu Deus! —Fiquei paralisada.

Lá estava Junior. Ele parece uma bagunça, o seu cabelo sujo e cheio de mato. Ele não voltou para casa por três dias. Três dias. Ele esteve fora e não importava quantas vezes eu ligava, ele não me respondia.

A cada dia que passa Junior está me varrendo mais para longe.

— Onde você esteve?! —Me aproximei examinando seu rosto, constatando que havia alguns hematomas. — Eu passei os últimos dias desesperada com a preocupação.

Ele balança a cabeça.

— Eu estou bem.
— Você está machucado. O que está acontecendo com você, meu filho?—Ergui a mão e, sem poder me conter, corri meus dedos em seus cabelos escuros.

Foi como acariciar um leão selvagem. Na mesma hora reagiu com violência e se afastou de mim, olhando-me com ódio ardente, com uma fúria que permeou cada palavra dita entredentes: — Eu já disse que estou bem.

Eu gelei, abri os lábios para conseguir respirar, fui golpeada por sua raiva.

— Junior, por favor. Você está me assustando.
— Só me deixe em paz. —Suas palavras são tão vazias, sem emoções e quebrada.

Ele tenta se passar por mim mas agarro seu braço.

— Filho, eu não posso te ajudar se você não vai me dizer o que está errado.
— Não há nada de errado—Ele estala, com o rosto cheio de raiva.
— Por favor— Eu imploro. — Eu me sinto tão indefesa. Eu preciso ajudá-lo, mas eu não sei como. Junior, por favor.
— Me solte. — Ele rosna, dando um passo para longe de mim. — Eu só estou me divertindo. Não tem problema nenhum.
— Isso não é apenas diversão. Você está sofrendo. Algo está errado, mas você não vai me dizer o que é. É a sua demissão?

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