EMMA
O velório da minha mãe foi marcado para manhã seguinte. E enquanto eu seguia para o cemitério, pressionava minha testa contra o vidro da janela do carro, orando para o tempo retroceder e me dar mais alguns dias com ela. Eu não estava pronta para colocá-la a seis pés abaixo da terra e cobri-la com terra. Eu sabia que eu nunca estaria pronta para dizer o último adeus a alguém que eu amava, mas era fisicamente impossível fazer isso para a minha mãe.
Eu não estava pronta para dizer adeus a ela. Eu simplesmente não conseguia fazê-lo.
— Emma? — Eu ouvi uma voz suave chamar, ganhando minha atenção.
Eu pisquei e percebi que era Noemi.
— Nós chegamos.
Eu balancei a cabeça.
— Eu não posso fazer isso.
Ela fungou, amassando ainda mais o lenço em suas mãos. Seus olhos estavam vermelhos e inchados.
— Querida, você pode fazer isso.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Eu não estou preparada.—Eu funguei enquanto lágrimas caíam no meu rosto e vestido.
Ela sorriu para mim, com lágrimas caindo sobre suas bochechas.
— Nós nunca estaremos prontos, querida, mas você quer dizer um último adeus a ela, não quer?
Eu balancei a cabeça mais uma vez, meu coração acelerado dentro do meu peito quando o meu estômago revirou.
Noemi me levou para fora do carro e seguimos diretamente para a sala. Ouvi algumas vozes enquanto me aproximava do caixão, e todos se calaram quando cheguei ao meu destino. Quando meus pés pararam de se mover, todo o meu
corpo ficou rígido ao ver o que estava a minha frente. A pessoa ali dentro era completamente irreconhecível. O cabelo uma vez cheio, longo e castanho já não existia. Sua cabeça estava praticamente careca. As sombras que apareciam debaixo de seus olhos são tão escuras que estão quase pretas. Sua pele não é mais fresca e brilhante, mas praticamente translúcida, veias azuis aparecendo em meio a hematomas roxos excessivos ao longo de seus pulsos. Todos os ossos do seu corpo se projetam sob a pele.— Oh, mamãe —Observei seu rosto sem vida através do caixão.
Avalio sua palidez , sua inércia, seus traços que um dia já foram os mais delicados que já vi e que hoje parecem mais os traços de uma viciada.
— Este é realmente o pior dia da minha vida—Sussurrei e deixei meus braços caírem ao lado de meu corpo.— Eu pensei que o dia
em que fugi foi destruidor, mas enterrá-la está me matando.Eu choro enquanto eu me inclino e beijo sua testa. Eu choro quando eu a beijo no rosto. Eu choro quando eu lhe dou um abraço, o último que lhe darei alguma vez. Eu choro quando eu pego sua mão e a seguro dentro da minha e espremo tanto quanto eu posso. Eu choro porque eu coloco minha cabeça no seu peito silencioso.
— Eu não posso acreditar que você me deixou— Eu sussurrei, a acusação forte na minha voz.
De repente, eu era uma criança de novo, com cinco anos de idade, assustada quando mamãe soltou minha mão e me deixou na escola para o primeiro dia. Tive a mesma sensação de agora, descrença crua misturada à histeria crescente, procurando desesperadamente por seu rosto em meio aos estranhos. Só que desta vez a histeria não seria substituída por um doce alívio quando a hora de ir embora chegasse e eu encontrasse minha mãe no portão. Eu ficaria perdida para sempre, sozinha em um mar de rostos desconhecidos, gritando seu nome.
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Noivos por acaso
RomansaEle é o CEO de uma das maiores empresas de Nova Iorque. Bonito, bilionário, incrivelmente sexy e um cafajeste de primeira espécie. Ele não aceita relacionamentos sérios em sua vida, apenas se permite envolvimentos momentâneos, aventuras de uma noite...