Adrenalina

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Por Oliver

Quando a casa estava limpa pego meu celular, ligo para Travis e peço para encontrá-lo, não dou detalhes, mas precisava desabafar, me deitar no colo de alguém e chorar, morando com Martin não podia pegar um pote de sorvete, me esconder em um canto e me afundar em depressão, isso faria com que eu parecesse fraco, vou saindo quando ele aparece.
-Aonde vai?
-À casa de Travis.
-Quer uma carona? Posso te levar.
-Não, eu dispenso.
Pego minha bicicleta e parto, enquanto pedalo ouço The Greatest da Sia pelos fones de ouvido.
Eu sou livre para ser o melhor, estou vivo era o que dizia a música, me perguntava se aquilo era verdade, afinal, quanto mais vivia, mais me afundava, e mais uma vez a montanha -russa da vida tinha subido apenas para cair e me derrubar.
Quando chego sou recebido por um Travis sorridente.
-Pelo visto a noite foi boa, mal demorou um dia para que você voltasse e atualizasse seu relatório.
Lhe abraço e começo a chorar.
-O que aconteceu? Por que está assim?
-Acabou, acabou tudo entre nós.
-Como assim acabou? Não, espera, vamos lá pra dentro e lá você me conta essa história direito.
E como tanto eu queria deitei em seu colo e depois de uma hora que me rendeu dois baldes de lágrimas havia contado tudo.
-O que mais me confunde é a versão de Martin sobre aquele tal psicólogo. - digo.
-É uma história bem difícil de se acreditar mesmo, não que seja mentira. Mas de qualquer forma ele teve sorte.
-Sorte? Por que?
-Por você ter se controlado, qualquer um no seu lugar e com sua habilidade no arco e flecha teria matado os dois sem pensar duas vezes.
-Talvez não tenha sido uma questão de controle, mas no fundo acho que ainda amo ele, por mais que seja difícil admitir.
-Eu entendo, no coração não dá pra mandar, mas e agora, vai voltar pra cá?
-Não, voltarei pra lá, mesmo que sua presença me doa fiz uma promessa a Hillary, e vou cumpri -la.
Olho no relógio, já passavam das quatro horas da tarde. Me despesso de Travis, ele me entrega uma aljava cheia de flechas, havia dito ter gasto as antigas, e então parto rumo a casa de Martin.
Estou pedalando distraído em meio a floresta quando surge uma mulher a minha frente, preciso frear bruscamente para não atropelá -la.
-Hey, cuidado. -mas só depois de dizer isso percebo do que se trata, não passava de uma aparição. Suas roupas eram totalmente vermelhas, assim como seus lábios e cabelo, estes eram raspados nas laterais enquanto o restante era preso para trás em uma grande trança.
-Você acha que eu preciso tomar cuidado, pois se acha está muito equivocado.
-Você... Você fala?- pergunto assustado.
-Mas é claro que falo, aliás, todos nós entidades falamos, mas você nunca puxou assunto. Vim aqui em nome do Senhor da Vida.
Aquilo me deixou inquieto, mas do que inesperado isso significava que aquele sonho tinha sido real.
-Oh, claro, pode falar.
-Ele me mandou pois está preocupado com as decisões que irá tomar daqui pra frente, tem medo que acabe cedendo a mim.
-Cedendo a você?- pergunto confuso.
- Sim, eu sou a Adrenalina, a entidade responsável pelas decisões tomadas em momentos de pressão, nos quais um erro pode mudar sua vida para sempre.
-Entendo, mas se você controla isso por que não me protege de seu poder? -questiono.
-Por hora digamos que você é diferente, apenas peço que quando chegar a hora, se lembre dessa conversa, para isso quero lhe entregar isso. - diz me entregando uma faca, parecia feita de prata.- E mais uma coisa, não tente controlar sua adrenalina, ela deve ser manipulada, não controlada.
Queria fazer diversas perguntas mas assim que acaba de falar desaparece.
Volto a pedalar meio desconcertado, quando chego em casa já está escurecendo.
Quando entro sou recebido por Martin.
-Precisamos conversar. -diz ele.

Por Que Eu? ( Romance Gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora