Primeiro dia de aula

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Olhei para o relógio e me dei conta do que estava para acontecer.

– Droga. Eu já deveria ter me levantado há dez minutos! – Desligo o despertador e me ergo o mais rápido que consigo. Desço da cama já trombando no meu criado-mudo e esbarrando em todos os outros móveis do meu quarto. – Ótimo momento para ser desastrada. – Solto um suspiro e seguro o meu dedinho do pé, que está latejando pela batida. – Não acredito que já comecei com o pé esquerdo logo no primeiro dia.

Corro para o banheiro mas, como uma peça pregada pelo destino, ele parece estar ocupado... Dou três toques e escuto a voz do meu irmão mais novo atrás da porta.

– Abre a porta, João!

– Não está vendo que está ocupado, Emily? Vai usar o banheiro das visitas.

– Todas as minhas coisas estão aí e eu estou atrasada. Você é chato assim mesmo ou se esforça?

– E você é irresponsável sempre ou só finge? O problema não é meu se está atrasada. Faz duas semanas que você recebeu o horário de entrada e saída do seu colégio, se já sabia que demora para se arrumar, você deveria ter acordado mais cedo.

– Droga!

– Sem briga, crianças! – Ouço a voz do meu pai e não encontro outra alternativa a não ser ceder e correr para o banheiro de visitas. E que esse não esteja ocupado.

Como um raio dificilmente cai no mesmo lugar duas vezes, encontro o banheiro desocupado e faço tudo o que preciso: desde escovar os dentes ao gloss da maquiagem.

Frustrada e em cima da hora subo correndo para escolher uma roupa, visto que nesta escola não se usa uniforme.

Pego o primeiro vestido que encontro no guarda-roupa e por sorte, era um dos que, ao mesmo tempo, valorizava o meu corpo e era comportado. Admiro-me rapidamente no espelho e corro degraus abaixo quase tropeçando em meus próprios pés.

Ando a passos largos para a cozinha e pego apenas uma maçã como café da manhã, já que não teria tempo de me sentar e comer algo que me desse mais saciedade.

No momento em que passo pela porta, um Jack impaciente, sentado no banco motorista, aparece dentro do meu campo de visão.

Se ele dissesse qualquer coisa, eu com certeza teria que ficar quieta, porque ele está atrasado e a culpa é toda minha. Sentei-me ao seu lado e uma fração de minutos depois já parávamos em frente à escola.

– Jack, o que seria de mim sem você? Obrigada pela carona, te amo!

– De nada maninha, e espero que o que aconteceu hoje não volte a acontecer. – Bato continência e ele sorri amarelo. – Agora se apresse! Você quer se atrasar para o seu primeiro dia?

– Valeu e obviamente não, vou indo, beijos.

Logo que entro na escola, noto vários olhares sobre mim, mas sigo com a cabeça erguida, fazendo o possível para ignorar todos eles. Ainda no meio do corredor, encontro a aluna monitora, responsável por apresentar a escola a novos alunos e a mesma me leva até a secretaria para que eu possa pegar o horário de acordo com minha grade de horários.

Assim que chegamos á secretaria, a monitora, que se apresentou depois como Luma, me deixou ali e seguiu de encontro com um grupo de meninas.

Entro na grande sala, repleta de materiais de mogno e um visual rústico e me sento em uma das poltronas mais afastadas, enquanto aguardo até que meu nome seja chamado e o protocolo possa ser seguido.

Depois de alguns minutos, olho em direção à porta que separar a o local da, provável, sala de coordenação e deixo a revista que estava folhando sobre a mesinha de centro.

– Emily Fray. – Uma senhora, rechonchuda, com grandes bochechas e estatura mediana, no auge da meia idade, pronuncia o meu nome e eu sigo sua indicação sobre o caminho até a sala da coordenadora.

***

Depois de mais ou menos 30 minutos, com meu horário já em mãos, ciente de que teria aula de física, sai pela porta e segui mais uma orientação. Dessa vez, a orientação do caminho indicado pelo mapa da escola, que me levaria até a sala da professora Ruth.

Só o que pude pensar foi no prazer que seria ter física no primeiro horário (notem a ironia). Hoje o dia, provavelmente, seria um tédio. Assim que entrei todos os olhares se voltaram para mim.

– Com licença professora Ruth, me desculpe pelo atraso, é o meu primeiro dia e acabei me perdendo no caminho.

– Desta vez passa Emily. – Diz após ler um papel qualquer sobre a bancada e finaliza. –Pode se sentar ao lado da senhorita Lily. – Aponta para a loira na primera carteira, ignorando meu monólogo de desculpas ou o fato de se tratar de uma novata.

Faço como a professora pediu e passo a observar a garota ao meu lado, durante um longo período, pelo do canto dos olhos.

Era uma menina loira, com corpo escultural e olhos bem azuis. Ela me olhou como se me medisse de cima a baixo, enquanto parecia calcular com que nota avaliaria sua concorrente ou que fichas apostaria na mesma. Como se fosse culpa minha a atenção e os olhares que estava recebendo.

Bateu o sinal e as outras duas aulas passaram vagarosamente, perdi a noção do tempo até que o sinal para o intervalo finalmente tocou.

Com a pressa, terminei por esbarrar em um rapaz muito bonito.

- Ei. Presta atenção por onde an... Anda. - Concluiu finalmente, arregalando seus olhos.

Parece que eu não sou a única que ficou surpresa aqui.

Um doce reencontro ( Em revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora