A vida de um jeito diferente

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Depois de ter adormecido, tive pesadelos que envolviam Jhonny, Lily, Mike e toda a situação, na qual eu me encontrava.

***

Agora em frente ao espelho vejo minhas enormes olheiras, resultado da noite mal dormida. Precisarei de muita maquiagem para disfarçar o meu rosto inchado.

Estava me sentindo enjoada e com medo. Penteei meus fios ruivos, escovei os meus dentes e sai do banheiro, indo em direção ao meu grande, cheio e quase desnecessário armário.

Comecei a mexer nas roupas e depois do que se pareceram horas, finalmente encontrei o meu conjunto da "sorte" preferido: uma blusa totalmente preta com letras grandes e chamativas e um short jeans da mesma cor. Como acompanhamento, escolhi a bota de salto e cano curto.

Depois de estar devidamente vestida, fiz um coque e passei lápis, seguido por delineador, e um gloss incolor em meus lábios cheios. Desci as escadas como sempre e após pegar o meu lanche da manhã, atravessei a porta de casa trancando-a.

Achei que a melhor opção para ir ao colégio hoje era uma caminhada, por isso, aproveitei o sol fresco para pensar no caos que era minha vida no momento.

Quando enfim cheguei ao recinto escolar, todos me olhavam de forma estranha e não tive opção senão andar sozinha. Já que todos que me fitavam davam risadinhas, cochichavam e debochavam. Alguns, até  começaram a me chamar de falsa, prostituta entre várias outras coisas piores...

***

Com o passar dos dias, eu fui ficando cada vez mais introvertida. Ninguém da minha família sabia que eu estava sofrendo perseguição no colégio. Eu fingia estar bem apenas para não preocupa-los.

Com o tempo comecei a me cortar com cacos de vidro e outros objetos pontiagudos, a fim de  aliviar a dor que estava sentindo. Dor, fruto de coisas que eu nem mesmo havia feito. Lily tinha espalhado barbaridades sobre mim pelo colégio, Mike já não falava mais comigo, por causa do término do nosso namoro, e Jhonny estava com raiva, por causa do que eu havia dito.

Em uma dessas vezes em que me cortei (última vez), quase morri, precisei ficar internada por dois dias, somente Julie e Luigi se preocuparam em vir, fora Ana e Kate, que mesmo morando em Londres fizeram este esforço.

(...)

– Amiga. O que aconteceu com você? Você está com uma aparência horrível e as suas roupas... – Ana pegou meu braço para me examinar mais de perto e viu os cortes. – O que é isso? Você está se cortando Emily? Por quê? Por que está destruindo a sua vida desse jeito? - Perguntara, Ana, em uma de suas visitas mais recentes.

– Não é nada. – Prosseguia teimosamente a conversa.

– Fale a verdade Emily, eu te conheço bem demais para saber que está mentindo. – Concluira revoltada.

– Você também estaria assim, se todos te odiassem, se você fosse taxada de prostituta. – Despejara, eu, outrora.

– Alguém sabe? Seus pais, irmãos? Você tem que contar ao Jhonny.

– Não, eu não irei contar. – Sim, eu estava decidida.

– Se você não contar eu conto. – Ameaçou-me.

– Então vá em frente. – Às vezes, eu conseguia ser teimosa. – Afinal, você já sabe quem ele é, já que eu mostrei algumas fotos a você e a Kate.

– Ok...

E foi assim que minhas melhores amigas e toda a minha família descobriram.

Sei que fui infantil, mas a vida é minha, mesmo que as pessoas se preocupem, ainda tenho o direito de decidir o que fazer, que atitude tomar.

***

Quando voltei para escola, após os dois dias, fui pega de surpresa, porque como eu especulava, Jhonny veio falar comigo. No entanto, ainda sim foi uma surpresa.

– Você está se cortando? Você está tentando se matar?

– Não... – Disse apenas, dando uma longa pausa e resolvendo continuar. – Mas quem sabe seria melhor se eu morresse.

– Não diga isso, ouviu? Eu... Não suportaria viver sem você... – Nesse momento, percebi que havia mais ali, ele queria dizer mais do que havia dito com suas palavras, seu olhar era de súplica, vi carinho e bem lá no fundo, talvez um pouco de... Amor.

Você não pode acreditar nisso Emily. Pare de ser idiota e criar esperança. Se ele quisesse estar mesmo com você, já estaria.

– Eu não acredito em você e irei mudar de cidade, meu pai já sabe sobre tudo o que está acontecendo e nós vamos para Los Angeles, então isto é um adeus...

– Você não pode ir... – Afirmou.

– Por quê não?

Então ele me agarrou inesperadamente, sem se preocupar se haviam outras pessoas observando. Eu tentei resistir, juro que tentei, mas não consegui mais, então tudo o que pude fazer, foi me entregar aquele beijo...

Sei que me arrependeria depois, porém eu o amo... e foi aí que me dei conta de que eu realmente o amava. E infelizmente não se pode escolher quem amar, não vou lutar contra o que eu sinto.

O único problema era a voz irritantante na minha cabeça: ele tem namorada, ele tem namorada... Então o empurrei e sai correndo sem olhar para trás...

Quando parei de correr já ofegante, percebi que durante o breve momento em que um certo nevoeiro antigiu os meus olhos, meus pés me conduziram até a minha casa e sem ninguém em casa, sem nada para fazer, fui arrumar a minha mala.

Acho que essa viagem veio em um momento bom... eu, finalmente, poderia começar de novo e ser quem eu quisesse ser.

Um doce reencontro ( Em revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora